Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por Tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazio a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
CAREPA.
1. V. caspa.
2. Pó que se forma na superfície das frutas secas, sobretudo nos figos.
3. A superfície da madeira desbastada com enxó.
[Do provenç. garlopa.]
CAPA.
1. Peça de vestuário usada sobre toda a outra roupa a fim de protegê-la, ou proteger quem a veste, contra a chuva.
2. Aquilo que serve para cobrir; cobertura: 2
INCREPAR V. t. d. e i.
2. Acusar, censurar, argüir: &
GARLOPA. S. f.
1. Plaina grande.
Um comentário:
Rodrigo, é incrível a atualidade do soneto de Gregório de Matos!
Muito bom!!!!!
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