sexta-feira, abril 29, 2011

DECALQUE DE CARRO



DEUS É FIDEL





(anônimo, pescado do blog espelunca, de ademir assunção)

HAIKI

céu cor de ostra
e a pérola embaçada
do sol




rodrigo garcia lopes

quarta-feira, abril 27, 2011

______________

sob o
velho 
vento

sul

pássaros es-
piam: res-
piram o

céu.



_____rodrigo garcia lopes - inédito 2001______

PÉROLA DE NEY LISBOA

Produção Urgente


O mundo dá voltas à volta de Piccadilly Circus
Buscando a nota exótica que falta
Ao seu traje blasé televisivo

O mundo dá tratos à bola
À mesma que destrata
Pisando na miséria imediata

Contrata para produção urgente
Um negro bem dotado
E um latino quase inteligente

O mundo é dos vivos
O mundo é dos bancos
E os bancos dos mendigos

O mundo é de loucos
Que mundos não têm dono
E só somos vencidos pelo sono

O mundo é do novo
E o novo dos antigos
O mundo é quem sobrar no fim da noite
Dos amigos




NEY LISBOA

http://youtu.be/29_wZtIDFJg

terça-feira, abril 26, 2011

***




ia ser hoje


sem nome


o dia foge







***

segunda-feira, abril 25, 2011

FESTIPOA LITERÁRIA

Esta semana começa em Porto Alegre a Festipoa. Programação completa aqui. Estaremos lançando o novo número da Coyote por lá.










sábado, abril 23, 2011

DOPPLEGÄNGER




Pra você ver como é que são as coisas
precisa aprender seu dialeto,
ver de novo, dentro, o verde fora,
espelho onde sentido algum repousa,
saber o que nos falam os objetos.

As coisas não estão nada fáceis,
Se fazem de difíceis, desfiam desculpas,
Não falam mais coisa com coisa
E andam por aí com mil perguntas.

Pra você ver como é que são as coisas           
Só mesmo indo além do olhar, do breu
que elas lançam quando, por acaso,
na rua cruzam sua sombra, seu duplo, eu.


Rodrigo Garcia Lopes 
(do livro inédito e em progresso Estúdio Realidade)

sexta-feira, abril 22, 2011

PROSA DA TARDE



sexta-feira santa

no céu de abril
pinheiro e nuvem
conversam


quinta-feira, abril 21, 2011

“Quando lemos versos que são realmente bons e admiráveis, tendemos a lê-los em voz alta. Um verso bom não pode ser lido em voz baixa ou em silêncio. Se isso for possível, então, o verso não vale a pena, pois um verso sempre exige sua pronúncia. O verso nos faz lembrar que antes de arte escrita foi uma arte oral: o verso nos lembra que inicialmente foi um canto”.

Jorge Luis Borges

GULLIVER (poema de SYLVIA PLATH - tradução Rodrigo Garcia Lopes e Cristina Macedo)






Sobre seu corpo as nuvens passam
Altas, altas e geladas
E um tanto finas, como se

Flutuassem num vidro invisível.
Diferentes dos cisnes,
Não têm reflexos;

Diferentes de você,
Sem cordas para te prender.
Tudo bem, tudo azul. Diferentes de você –

Você aí, de costas,
Olhos grudados no céu.
Os homens-aranhas te pegaram,

Lançando e enrolando suas frágeis algemas,
Suas seduções –
Tantas sedas.

Como eles te odeiam.
Eles conversam no vale dos seus dedos, minúsculos vermes.
Fariam você dormir em seus armários,

Este dedo e aquele, uma relíquia.
Cai fora!
Cai fora, sete-léguas, como aquelas distâncias

Que se movem num Crivelli, intocáveis.
Deixe que este olho vire águia,
A sombra de seu lábio, um abismo.




SYLVIA PLATH
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Cristina Macedo
(Em Ariel, Verus Editora, 2007)

Gulliver: 3-6 de novembro de 1962. Viagens de Gulliver: título do livro de 
Jonathan Swift. Seven leagues (sete-léguas): as botas-de-sete-léguas (cujo 

nome se refere ao fato de que cada passo alcança essa distância) são um 
elemento comum no folclore europeu, como na história do Pequeno 
Polegar. Carlo Crivelli: pintor italiano renascentista, conhecido pela or
namentação no fundo de seus quadros e pelos cenários urbanos cheios 
de detalhes alegóricos elaborados.


segunda-feira, abril 18, 2011

FABLIAU DA FLÓRIDA (WALLACE STEVENS tradução Rodrigo Garcia Lopes)

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 liliana_gelman-ships_dreams_water



Barca fosforescente
Pela praia de palmeiras,

Move-se rumo ao céu,
Dentro dos alabastros
E azuis noturnos.

Nuvem e espuma são uma.
Tórridos monstros-lunares
Se dissolvem.

Encha seu casco preto
Com a prata do luar.

O som dessa rebentação
Nunca mais vai acabar.




WALLACE STEVENS
 Tradução: Rodrigo Garcia Lopes (2011)
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barque of phosphor: barca branca, de phosphor (elemento químico)

FABLIAU OF FLORIDA

Barque of phosphor
On the palmy beach,

Move outward into heaven,
Into the alabasters
And night blues.

 Foam and cloud are one.
 Sultry moon-monsters
 Are dissolving.

 Fill your black hull
 With white moonlight.

 There will never be an end
 To this droning of the surf.


quarta-feira, abril 13, 2011

PÉROLAS DO DIA









"A vida só pode ser compreendida de trás para frente; mas precisa ser vivida daqui para frente".

Soren Kierkegaard


***


"A realidade é aquilo que, quando você pára de acreditar, não vai embora".


Philip Dick




terça-feira, abril 12, 2011

segunda-feira, abril 11, 2011

AS CORES DE ABRIL

foto: rodrigo garcia lopes

De um haiku de Bashô



 
ou ainda, pra tentar fechar (ou abrir):



mar escurece
as vozes das gaivotas voltam
vagas, brancas




E aqui no original do mestre:


umi kurete

                                            

kamo no koe                                   

                 

honoka ni shiroshi                          

***
escurece no mar

vozes dos patos selvagens

vagamente brancas


matsuo bashô
 

domingo, abril 10, 2011

Pérola de Terêncio





humani nil a me alienum puto.


nada do que é humano me é estranho.






terêncio

quarta-feira, abril 06, 2011


foto: rodrigo garcia lopes

BAÍA COM BIOMBOS AO FUNDO


Velha paisagem              
gaivotas roucas
olhos rebrilham

na manhã da mente
aberta em página escrita:
pérola discreta.

O Mar, velho suserano,
molha as barbas nas dunas
conquista os olhos da espuma
interrompe seu romance --

Nos acena
no exato instante
em que acordamos.







(Rodrigo Garcia Lopes, de Estúdio Realidade (poemas), in progress)

terça-feira, abril 05, 2011

DONA MENINA



Temporada:  de 8 de abril a 7 de maio, (sextas e sábados), às 20 horas, na Usina Cultural, na Rua Duque de Caxias esquina com São Salvador, em Londrina.

sexta-feira, abril 01, 2011

LAR




Viver em tantas cidades
fez de lar uma palavra estranha.
Há casas em nossas entranhas
e, dentro, apenas estações.



RODRIGO GARCIA LOPES