FOTO APÓS O POGROM
Arranjo por raiva
da escória humana
as estátuas falsas e eternas do assassinato,
até ficarem puras.
Jogada numa pilha de mortos,
uma mulher,
corpo saqueado de profunda beleza
estranhamente assassinada
conquista o sorriso absoluto
da despossessão:
a páusa marmórea diante do abrigo extinto
Monotonia da morte
Rasura do medo,
uma compostura
não-admitida
a paz sem propósito
selando as faces
dos cadáveres—
Cadáveres são virgens.
PHOTO AFTER POGROM
Arrangement by rage
of human rubble
the false-eternal statues of the slain
until they purify.
Tossed on a pile of dead,
one woman,
her body hacked to utter beauty
oddly by murder,
attains the absolute smile
of dispossession:
the marble pause before the extinct haven
Death’s drear
erasure of fear,
the unassumed
composure
the purposeless peace
sealing the faces
of corpses —
Corpses are virgin.
MINA LOY (1882-1966)
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes
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