quarta-feira, janeiro 23, 2008

FOTO APÓS O POGROM, de Mina Loy




FOTO APÓS O POGROM


Arranjo por raiva

da escória humana


as estátuas falsas e eternas do assassinato,

até ficarem puras.


Jogada numa pilha de mortos,

uma mulher,

corpo saqueado de profunda beleza

estranhamente assassinada


conquista o sorriso absoluto

da despossessão:


a páusa marmórea diante do abrigo extinto

Monotonia da morte

Rasura do medo,


uma compostura

não-admitida


a paz sem propósito

selando as faces

dos cadáveres—


Cadáveres são virgens.



PHOTO AFTER POGROM


Arrangement by rage

of human rubble


the false-eternal statues of the slain

until they purify.


Tossed on a pile of dead,

one woman,

her body hacked to utter beauty

oddly by murder,


attains the absolute smile

of dispossession:


the marble pause before the extinct haven

Death’s drear

erasure of fear,


the unassumed

composure


the purposeless peace

sealing the faces

of corpses —


Corpses are virgin.


MINA LOY (1882-1966)

Tradução: Rodrigo Garcia Lopes

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