terça-feira, dezembro 28, 2010

BETRAYED BY

A
Lia Cordoni e Neuzza Pinhero interpretam Betrayed By
parceria minha e de Neuza. A tradução está aqui:





traída pelo
vento de inverno

a bela
borboleta

lenta(asa-flor
fluindo)mente

caindo sobre
um rio 
gelado

(amargo é
voar

tão longe
pra morrer:


sexta-feira, dezembro 24, 2010

Bing Crosby - White Christmas

Patife Band - Noite Feliz



Então é Nataaaaaal......como cantaria a Simone. Patife Band num clássico do rock brasileiro.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Paulo Leminski - Ervilha da Fantasia (1985)

SHEEP IN FOG, uma leitura. (Sobre um poema de Sylvia Plath)







Fila de hálito branco
  descendo a colina
- Mergulhada na neblina, bota branca
  pisando mansa & macia dentro da alma das árvores.
Mundos obscuros, mudos -
"the train leaves a line of breath"
Um fio de hálito fica no caminho -
  Não é um trem, dessa vez,
  não é esta a tradução
e sim ovelhas simples
 descendo
  (em silêncio)
   pela colina.
Uma dezena de pequenas almas ambulantes,
  peregrinas
(vistas por alguém que não diz nada).
Uma fita fina e fria, de neblina
   retida na retina
  e nítida ainda -
Que se solta das mínimas narinas das ovelhas
e se dissolvem na gelada
Manhã.













Rodrigo Garcia Lopes (em Solarium, Iluminuras, 1994)

terça-feira, dezembro 21, 2010

LANÇAMENTO DA COYOTE 21 EM CURITIBA

Nesta quarta-feira (22), às 18h, Mario Domingues e Ivan Justen Santana lançam no Brooklyn Coffee Shop (Trajano Reis, 389 - tel. 3618-0388) o número 21 da revista Coyote, da qual ambos participam.   Cada exemplar será vendido a módicos 10 reais. Na mesma noite, lançamento do segundo livro de poemas de Mario Domingues: Musga (Primeiro de Maio-PR: Mirabilia/ ALL / FCC, 2010).


segunda-feira, dezembro 20, 2010

PINKERTON'S EYE



CIRCUNAVEGANDO A GRANDE ESFERA DESVAIRADA

                                           e cativo

                                                                            El Capitán Mergulho
                            numa cilada de gozos
entre espumas                                                                      escunas
                                               
                                                 dunas & lunas
                 vai no rastro do carinho alucinado & lindo
                  femenino e quente como um deus
                                                Entre girassóis marinhos
                areias cambiantes,
sereias

                                                                             conchas de fogo nos cabelos


                                                                                                       ele sumindo

sexta-feira, dezembro 10, 2010

FESTIVAL LITERÁRIO DE JAÚ

Dia 15 apresento uma versão pocket (voz e violão) do show "Canções do Estúdio Realidade" no fechamento do Festival Literário de Jahu (SP), o CD com músicas inéditas que gravarei no primeiro semestre de 2011. Curiosamente, a terra onde meu avô espanhol, Ramon Garcia Ortiz, um dia morou um tempo, trabalhando na lavoura e sendo motorista, onde ele conheceu minha avó Aracelis, antes do destino final: Londrina.) e minha avó brasileira. Vou com a poeta Karen Debértolis e banda, que se apresentam com o show "A Mulher das Palavras". O evento vai contar também com o lançamento da revista Coyote 21, leituras, apresentação de Alice Ruiz, etc. Começa dia 11, amanhã e vai até dia 15.


Quarta-feira dia 15

18:00h Centro Cultural – Palestras Carlos Eduardo Monte “ Literatura Latino -Americana e Yara Camillo “ - Hilda – 2º Festival Literário de Jahu – Atividade literária sobre sua obra e Hilda Hilst, Manoel de Barros, Guimarães Rosa, Eduardo Galeano, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Adélia Prado.

20:00h Bar Villa Jahu – Lançamento Revista Literária Coyote

21:00h Bar Vila Jahu – Show "A Mulher das Palavras" com Karen Debértolis e Banda 

Encerramento - 22:00h -  Bar Villa Jahu – Rodrigo Garcia Lopes 

Informações : (16)3602-4777


quinta-feira, dezembro 09, 2010

CIRANDA DA POESIA: LANÇAMENTO

Toda nova poesia exige uma nova crítica. Os anos vão passando e a geração 90 da poesia literária brasileira já se desdobra em 00 e 010. Surgem novas formas de ler, compreender e pensar-escrever sobre o verso na página (e na tela). Instauram-se diálogos, na esferadas a nidades eletivas. A Coleção Ciranda da Poesia pretende introduzir para o público universitário, assim como para todos os interessados nos caminhos da arte contemporânea, um panorama das novas formas de ler o poema. Cada modo de leitura, cada orientação ou tendência crítica, corresponde a uma nova ou renovada forma de poesia.      Na Ciranda, poetas, professores, críticos contemporâneos leem os poemas de seus coetâneos e iniciam uma revisão crítica da agora clássica geração dos anos 70. A primeira leva traz Alberto Pucheu escrevendo sobre Antonio Cicero, Susana Scramim sobre Carlito Azevedo, Fernanda Medeiros sobre Chacal, Paulo Henriques Britto sobre Claudia Roquette Pinto, Renato Rezende sobre Guilherme Zarvos, Angela Melim sobre Leonardo Fróes, Franklin Alves Dassie sobre Sebastião Uchoa Leite. Em levas futuras, poetas que no momento são objetos de estudo serão convidados a escrever sobre outros poetas.Serão também publicados volumes sobre poetas estrangeiros contemporâneos, em traduções originais.     Esta primeira leva da Ciranda foi organizada por Italo Moriconi, Diana Klinger e Masé Lemos, com a honrosa participação de Viviana Bosi e Marcos Siscar.   Para maiores informações: Editora da Universidade do Estado do Rio de JaneiroRua São Francisco Xavier, 524 Maracanã20550-013 ? Rio de Janeiro ? RJ - BrasilTel.: 55 (21) 2334 0720 / 2334 0721

terça-feira, dezembro 07, 2010

Alfred Newman - Airport Love Theme - Great Score


Um das mais belas trilhas de cinema de todos os tempos.

COYOTE NA FOLHA SP

A Folha soltou uma nota sobre a nova Coyote no último domingo. Já estamos trabalhando na 22:



O MELHOR DA CULTURA EM 12 INDICAÇÕES


COYOTE 21

A longeva revista de literatura e arte editada em Londrina (PR) traz conto de João Gilberto Noll, poemas e narrativas inéditos de Wilson Bueno (1949-2010), aforismos de Franz Kafka e entrevista com a crítica Marjorie Perloff.
Kan Editora | 52 págs. | R$ 10

segunda-feira, dezembro 06, 2010

HERMENÊUTICA (poema de Rodrigo Garcia Lopes)



HERMENÊUTICA



O que o sol, o self, o som e as estrelas não dizem
este poema vai ter que dizer.
Digo, tudo mesmo, o vento obsceno
e a serena ceia de vozes, uns segundos, este escuro.
Isso agora confirma a intuição de que o sentido,
esse colossus, não existe
E interrupções transformam-se em linguagem, em formas

De vida. Qual a verdade
daqueles instantes abissais entre um silêncio e outro
e entre outro e outro olhar
que registros e ruídos, esses, de onde vêm,
qual desses eus chegou mais fundo
ao mistério mais puro e mais profundo?
Não insista: aqui só nos resta ficar com o que flui
a brisa que reprisa velhos filmes
as performances de nuvens noturnas e de vagalumes
evoluções de sombras, um sopro morno
e outros lances
a dissonância entre o que sentimos e o que nos
rodeia
e nos reduz

A meros twists, ciscos no céu & blues, reluzindo num
canto obscuro da moldura. Aqui.
Noite narcótica. Férias no Inferno. Uma frase de Jarry.
Ruídos &: música dos sentidos.
É quase difícil manter você
afastado de sua intenção por muito tempo
nunca sabendo onde ela está, durante os intervalos,
apenas passando por ali.
Retendo os sons todos do qual somos
apenas parte. Improvisando.
Ou mesmo
como se
um abrir de portas, um aceno,
não pudesse supor várias alternativas
("É você, presumo")
atenções a eventos diferentes e pontos de vista

Simultâneos. Eles acreditam
na transparência da linguagem.
mas tudo é simultâneo, polivox, e rápido demais
pra sacar um significado definitivo ou ficar
debruçados em dicionários etimológicos
como paranoicos desconstrutivistas, seguindo trilhas
de formigas.
Quem sabe se esses latidos noturnos
não são um poema em busca de um autor?
"Quem tem sido uma das perguntas mais sensíveis
da epistemologia contemporânea para a qual nem
essas cigarras possuem o significado definitivo".
Ou; quem sabe? Enquanto a noite vai caindo e devorando
ouvimos vozes dos vizinhos

Mas algo muito estranho então ocorre
pássaros fogem e mergulham no vídeo
conteúdos sonham ruínas bizantinas
e tudo o que é sólido dissolve-se no ar:
a pele das águas se arrepiam, arejam
a luz que muda sobre o jardim
flores incolores emergem com sombras e sorrisos
em flashes e legendas que se dissolvem
em fragmentos de uma única narrativa. E você,
sentado em silêncio, aí dentro, esperando
quem sabe por um sol diferencial, ou mesmo o
Renascimento do maravilhoso.
Fume um cigarro. Leia estas estrelas.
O poema que agora começou.






 Rodrigo Garcia Lopes (In Solarium, 1994, editora Iluminuras)












quinta-feira, novembro 25, 2010

NO ESTADÃO



Foto: João Santana 

No último domingo o Estadão publicou matéria sobre a nova Coyote e os inéditos de Wilson Bueno publicados na última Coyote

segunda-feira, novembro 15, 2010

REVISTA COYOTE 21: lançamento!


  Poemas do espanhol Leopoldo María Panero, conto inédito de João Gilberto Noll, entrevista com a crítica norte-americana Marjorie Perloff, poemas inéditos de Wilson Bueno, aforismas de Franz Kafka e um ensaio de Jair Ferreira dos Santos são os destaques da revista COYOTE 21

 

 “A poesia contorna a Economia. É criação improdutiva como a Festa, o Amor. Não é mercadoria, ignora o interesse, está à margem do cálculo” -- escreve Jair Ferreira dos Santos em seu ensaio inédito, O Pavão é uma Galinha em Flor, publicado no novo número da revista Coyote que ganha as livrarias do Brasil esta semana.

Editada em Londrina (PR), a edição traz um conto inédito do escritor gaúcho João Gilberto Noll e uma entrevista com a crítica norte-americana Marjorie Perloff. Julgando boa parte da poesia escrita hoje de "prosa preguiçosa", Perloff dispara: "Minha principal crítica hoje é em relação a falta de interesse no aspecto sonoro e visual da maior parte da poesia que aparece sobre minha mesa".

Coyote 21 apresenta ao público brasileiro a poesia radical do espanhol Leopoldo María Panero, traduzido por Vinícius Lima, e aforismas de Frank Kafka, traduzidos por Silveira de Souza. A revista traz também a poética de Mariana Ianelli e apresenta a literatura de Ivan Justen Santana e Mario Domingues, dois novos talentos da poesia paranaense, além de um conto do londrinense Marco Fabiani.

A publicação também traz poemas e narrativas de dois livros inéditos deixados pelo escritor curitibano Wilson Bueno, brutalmente assassinado em maio deste ano. Fotografias da série Autodesconstrução, da artista pernambucana Priscilla Buhr, complementam a edição.

A revista Coyote prossegue abrindo espaço para novos autores, resgatando e apresentando nomes importantes das letras e das artes, de épocas e lugares diferentes, instigando a reflexão e a criação literária. A revista é patrocinada pelo PROMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) da cidade de Londrina e editada pelos poetas Ademir Assunção, Marcos Losnak e Rodrigo Garcia Lopes.

COYOTE 21 // 52 páginas  // R$ 5,00 (Londrina) e R$ 10,00 (outras cidades) Uma publicação da Kan Editora. Distribuição nacional Editora Iluminuras.

 

Vendas em livrarias de todo o país pela Editora Iluminuras – fone (11) 3031-6161. Pode também ser adquirida pela internet através do site: www.iluminuras.com.br

 

 

PATROCÍNIO: PROMIC - PROGRAMA MUNICIPAL DE INCENTIVO A CULTURA – PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA - SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA DE LONDRINA

 

 

sexta-feira, novembro 12, 2010

Meu amigo, Bernardo Pellegrini, acaba de estrear uma página no Myspace com suas músicas.
Confira o trabalho deste compositor aqui:
http://www.myspace.com/bernardoeobando


terça-feira, novembro 09, 2010

FÓRUM DAS LETRAS

Tô em Brasília, enigmatic city, participando do II Simpósio de Poesia na UnB. Amanhã começa o Fórum das Letras de Ouro Preto. Vou estar representando a Coyote, cujo número 21 acaba de sair, numa mesa sobre publicações independentes.

A programação completa está aqui:
http://www.forumdasletras.ufop.br

GINSBERG NA CULT



A nova edição da revista Cult (152) traz um artigo meu sobre Allen Ginsberg.
O uivo vivo de Allen Ginsberg
Acesse a matéria aqui:



Como na edição o espaçamento original acabou ficando sacrificado, republico o começo de "Howl", em minha tradução, aqui:





De "Uivo"

                                 para Carl Solomon

Eu vi as melhores cabeças da minha geração destruídas pela loucura,
               famintos histéricos nus,
se arrastando na aurora pelas ruas do bairro negro[1] na fissura de um pico,
hipsters[2] de cabeça feita anjos[3] ardendo por uma conexão celestial e ancestral com o dínamo estrelado na maquinaria da noite,
que pobreza e farrapos[4] e olhos ocos e loucos sentaram fumando na escuridão sobrenatural dos apartamentos sem calefação flutuando pelos tetos das cidades contemplando jazz,
que despiram seus cérebros ao Céu sob o El[5] e viram anjos muçulmanos cambaleando sobre telhados e iluminados[6],
que passaram por universidades com olhos serenos e radiantes alucinando Arkansas e tragédias de luz-Blake[7] entre os mestres de guerra,
que foram expulsos de universidades por pirarem & publicarem odes obscenas nas vidraças do crânio,
que se encolheram em quartos barbudos e de cuecas, queimando dinheiro em cestos de lixo e escutando o Terror pela parede,
que levaram uma geral nos pentelhos voltando via Laredo[8] com um cinturão de maconha rumo a Nova Iorque,
que engoliram fogo em hotéis de quinta[9] ou beberam terebentina no Beco do Paraíso[10], morte, ou purgatoriando seus torsos noite a noite
com sonhos, com drogas, com pesadelos despertos, álcool e caralho e escrotos e fodas infinitas[11] [...]

Trecho inicial de "Howl"

Tradução: Rodrigo Garcia Lopes



[1] referência aos bairros onde morava a população negra e pobre.
[2] hipster, gíria dos anos 40 para drogado e marginal.
[3] angel head, cabeça de anjo, palavra derivada de pothead, viciado em  maconha. Preferi "hipsters de cabeça feita anjos" para preservar a ambiguidade da imagem. 
[4] who poverty and tatters (Ginsberg usa substantivos, tornando a sintaxe menos lógica.)
[5] El, ou "Elevated Train", no original, refere-se ao elevado para o trem do metrô que existe em algumas cidades americanas. El também é o nome hebraico para Deus.
[6] O poema se refere aqui a uma visão ou aventura espiritual vivida pelo poeta beat Phillip Lamantia depois de ler o Alcorão.
[7] Referência ao poeta e visionário inglês William Blake, e com o qual Ginsberg teria tido uma alucinação em 1948.

[8] Cidade texana que faz fronteira com o México.
[9] Paint hotels, em referência a hotéis baratos novaiorquinos que precisavam ser pintados por ordem da prefeitura para diminuir a aparência de espelunca.
[10] Paradise Alley, Viela ou Beco do Paraíso, em Nova Iorque. Referência ao lugar onde morava a prostituta Mardou Fox, do romance Subterraneans, de Jack Kerouac.
[11] balls aqui tem várias acepções (saco, escroto), mas também farra e orgias)

domingo, novembro 07, 2010




de braços abertos

o pinheiro

recebe a manhã





rodrigo garcia lopes





quinta-feira, novembro 04, 2010

PAISAGEM TRANSPARENTE





Neblina e montanha transam na manhã de chuva.

Mata espessa se adensa, ciprestes, alvos agora

Dos afetos kabuki da fumaça. A montanha respira, quase

some, sem


coragem de sugar o incorpóreo de uma só vez.

Manchas de silêncio.

O mar, perto,

permanece à margem

Como um sonho que não conseguimos lembrar
enquanto

o corpo se inquieta

com o ainda-não da mente


— Escultura cinética. O olho

       olha, atento, ao que acontece aqui,


entre escrito, neblina e montanha, neste momento.








rodrigo garcia lopes - polivox - 2001