quarta-feira, junho 23, 2010

JOGOS PATRIÓTICOS

A chuva na xícara de Sha. Os pátios estão vazios, céus simulando seus azuis etc.


Símile - smile -- simulacro --- míssil.


O papel suga o nanquim, draga sua substância & chapa insignificâncias numa superfície iluminada, infalível.


Ilha negra. Signos pulsam.


Abrimos envelopes com angústia: só encontramos papéis brancos.


Onda, sílaba que se quebra ali, beira de lábio.


Pensa na verdade, quimera, enquanto folheia com um olho as primeiras folhas de erva.


Cansaço, telefones suspensos, fora dos ganchos … … … …………


O ego se rasura, sous rature, se sutura; olha-se no espelho e vê apenas suas costas.


Thalassa, - ad infinitum.


S.


Prise seca, chuva ácida, dedos de prosa descontínua e abissínia……


Um abismo.


Linguagem em zig-zag, acuada por um zugzwang, scuds sobre uma zona neutra.


Um zap, e a lua se dilui. Um vôo de zen a zoom. Zeitgeist?


Lógica polaróide.


Esperas & desaparições.


Você se fixa e asfixia, não percebe


O veneno da serpente, o momento seguinte da sentença.








Rodrigo Garcia Lopes (Arizona, 1990)

terça-feira, junho 22, 2010

NESTA SEXTA EM ITAJAÍ

Nesta sexta participo do festival de literatura de Itajaí, Palavrário. Às 18:30, lançando a revista Coyote. Às 19 horas, batendo papo com o público. Depois, às 21 horas, pocket show, no encerramento do evento.
Programação do evento, aqui:

domingo, junho 20, 2010



Algo me diz que molhar
tem a ver com olhar

molliare, amolecer
em latim vulgar
substantivo mole como o cristal
deste globo por onde se olham
as plantas das retinas
tornando sólidas e só lidas
as coisas líquidas
o molhe no canto da praia
nuvem, cântaro, orquídea
no agora de sua órbita
súbita

por isso pôr os olhos de molho
por isso neles estampamos ocelos
por isso ele molha quando chora.






Rodrigo Garcia Lopes (Nômada, lamparina, 2004)

terça-feira, junho 15, 2010

PELLEGRINI, MENDONÇA E SCOLARI NESTA QUARTA EM LONDRINA


Nesta quarta, dia 16, às 21 horas, a Vila Cultural Cemitério de Automóveis apresenta o projeto POESIA & MÚSICA. O projeto reúne nesta noite os meus amigos e parceiros Bernardo Pellegrini, Marco Scolari e Maurício Arruda Mendonça. Eles irão tocar suas músicas, falar de suas parcerias e ler poemas. Um repeteco do que o público paulistano pôde ver no começo do mês, no projeto Prosódias.
  
Bernardo Pellegrini (voz e violão); Marco Scolari (piano, acordeon e voz)  e Maurício Arruda Mendonça  (voz e violão).

Os ingressos a R$5,00
Vila Cultural Cemitério de Automóveis. Rua João Pessoa, 103-A,
Londrina (PR)
16 de junho, 21 horas


 

sábado, junho 12, 2010

SHOW BERNARDO PELLEGRINI EM SAMPA



Às 20h30, Bernardo Pellegrini e o Bando do Cão sem Dono fazem show no SESC Vila Mariana. Bernardo e o Bando tão lançando CD novo: É isso que vai acontecer. A banda é esta: Bernardo Pellegrini (voz e violão); Marco Scolari (piano, acordeom e voz); Edu Batistella (bateria); Felipe Barthen (baixo); Mizão (guitarra) e Marco Santos (teclado). Os ingressos custam R$12 e R$6 (meia). 

quarta-feira, junho 09, 2010

LIOZ


Lioz



Ninguém lê a página da praia.
Só as areias cujas trilhas velozes traduzem
(alguma passagem, imagem alguma).
De noite, fósseis celestes.

Suas letras-seixos me frag-

mentam.

Vítreos vocábulos de sal
Dublam as ondas eretas.





(De Polivox, 2001)

TUDO EXISTE PRA ACABAR NO YOUTUBE

Novo poema de Augusto de Campos, aqui:
http://www.erratica.com.br/?id_obra=98

sexta-feira, junho 04, 2010

NO DIVÃ DE SIGMUND (poema de Rodrigo Garcia Lopes)



NO DIVÃ DE SIGMUND



Penso com paixão.
Doktor Zen vive desprezando as palavras
E, como emérito especialista em miudezas,
Diz silenciar meus gestos mais bruscos.
Para meu próprio bem.
Embora, perplexo, no escuro,
Sempre acabe confessando seu
Ignorante amor.
Bogey não: "Ele tem a língua afiada
E nunca deixa de dizer
exatamente tudo".
Traço os limites do real a giz
E me jogo nas poltronas da emoção.
Uma luz se acende.
"Aguardando resposta".
"Meu amor nunca se envolve em grandes causas
nem em crime insolúveis".
Cigarro no canto da boca,
Olhar enigma,
Aquele beijo que trocamos na mansão
Sob os olhares discretos dos mordomos.






Rodrigo Garcia Lopes (Em Solarium, Iluminuras, 1994)

quarta-feira, junho 02, 2010

HOJE, DIA 5 - EM SÃO PAULO

Em meio a tristeza e a sensação de luto nesses dias chuvosos, a alegria de ver quatro bons amigos e criativos como Bernardo Pellegrini e Maurício Arruda Mendonça, acompanhado por Marco Scolari, sob a curadoria do Ademir Assunção,  juntos neste grande amigo, para este projeto. Some of the best minds of my generation. Eles vão estar falando de poesia, música, mostrando parcerias e músicas dos dois. Não perca. É muito talento junto. Vai ser uma grande noite.

E que a poesia vingue a barbárie.



Parcerias: a Voz da Poesia - 2ª edição
No projeto Parcerias: a Voz da Poesia, este ano em sua segunda-edição, poetas e compositores parceiros se encontram para um bate-papo de meia hora sobre poesia e música. Em seguida, o compositor ou compositora apresenta seu show dando ênfase em poemas musicados. Serão sete encontros quinzenais, de abril a julho, sempre aos sábados, às 18h30.
Idealização e curadoria: Ademir Assunção
5 de junho (18h30) – Bernardo Pellegrini e Maurício Arruda Mendonça

Bernardo Pellegrini
Bernardo Pellegrini é compositor, poeta, jornalista. Está lançando É Isso Que Vai Acontecer, seu quarto cd com O Bando do Cão Sem Dono, coletivo de músicos. Lançou também Dinamite Pura (1994), Quero seu endereço (1999) e Big Bando (2000).


Mauricio Arruda Mendonça
Mauricio Arruda Mendonça, dramaturgo e poeta, publicou Eu Caminhava Assim Tão Distraído (1997), A Sombra de um Sorriso (2002) e Epigrafias (2002). Recebeu o prêmio Shell-RJ de Autor junto com Paulo de Moraes pela peça Inveja dos Anjos.



Próximas apresentações
19 de junho (18h30) – José Paes de Lira (Lirinha) e Marcelino Freire
3 de julho (18h30) – Alzira E e arrudA
17 de julho (18h30) – Tom Canhoto e Celso de Alencar
31 de julho (18h30) – Reynaldo Bessa e Edson Cruz


Local: BIBLIOTECA ALCEU AMOROSO LIMA
Avenida Henrique Schaumann, 777 – Fone 3082-5023
Entrada franca
Veja o mapa




Bernardo Pellegrini
Maurício Arruda Medonça


Marco Antonio Scolari

terça-feira, junho 01, 2010

WILSON BUENO



Chocado e muito triste com a morte de Wilson Bueno, poeta, escritor, um de nossos melhores. Assassinado. Em sua casa, em Curitiba. Estou sem acreditar até agora. Estou inconformado com este crime bárbaro. Havia me comunicado com ele por e-mail naquela mesma noite. 61 anos. Estava trabalhando, feliz e cheio de projetos. Ele escreveu: "Entrei na sagrada linha - branca - dos sexagenários. Acho que tenho já este direito. Jubilado do serviço público, de agora em diante, cuidarei exclusivamente de minhas ficções. Vai chegar o dia em que não precise mais, te juro, dar entrevistas".


Wilson Bueno era um grande talento. Tinha estilo próprio. Estava escrevendo cada vez melhor, com mais pegada, concisão e trabalho de linguagem. Poderia ter ficado no esquema à la João Antonio de Bolero's Bar, seu primeiro. Mas não. Além de poeta de primeira, inovou na prosa. Um poeta sem pose e com poesia, como gosto de dizer, não como tantos que andam por aí. Primeiro, com seu inventivo Mar Paraguayo, pioneiro do "portunhol selvagem" de que se fala tanto hoje. Inovando e superando-se a cada livro, experimentando com formas de narrar, desde a paródia da linguagem do século 19 em Amar-te a Ti Nem sei Com Carícias, até um de seus últimos, A Copista de Kafka, que ele considerava seu melhor. e outros. 


Uma personalidade forte, às vezes difícil, mas sempre bem-humorado. Foi meu "chefe" quando trabalhamos juntos em 89, no Nicolau, uma época da qual tenho muita saudade. O Nicolau, que aglutinou tantos talentos em suas páginas e fez história. Mais uma perda para a literatura paranaense. O fato dele ser um de nossos grande nomes literários é fruto de muita leitura, esforço e obstinação. Lembro-me que, quando Leminski morreu, em 89, ele prometera parar de beber. De lá pra cá sua obra deu um salto. Ele se profissionalizou e ficou cada vez mais focado na literatura. É simplesmente inacreditável o que aconteceu.Trabalhei no Nicolau, junto com ele, Josely Vianna Baptista, Guinski, Iara Lessa, em 1989, na fase gloriosa do jornal. Muitas histórias. Noitadas, risadas, e tristezas compartilhadas também. Sempre foi generoso com meus livros. Lembro que quando Leminski morreu ele disse que prometera a si que ia parar de beber. E parou. Sua carreira tomou um outro rumo. 


Um grande perda para a literatura brasileira.