quinta-feira, outubro 25, 2012

PLATH: UM MAR SE MOVE EM MEUS OUVIDOS

Peça escrita pelo meu bróder, Maurício Arruda Mendonça, que traduziu comigo Sylvia Plath: Poemas (Iluminuras, 1990) estreia dia 27 no Rio. Confiram!

sexta-feira, outubro 05, 2012

Romance Policial


ROMANCE POLICIAL



A lanterna da lua banhava o morto.
No rosto do detetive, nenhum sopro
A não ser o ar pesado do mangue, o corpo
Caído, espesso sangue, e o pouco
Dito pelo policial com cara de mau
Que agora segurava um castiçal
Interrogando a loira de olhos negros
Que trabalhava para um restaurante grego
Da grana e dos bilhetes estranhos no porta-luvas,
Do estranho esgar de sorriso, do sangue em sua luva.
E antes que a canção no rádio acabe
Ele diz: "Para salvá-la, só um milagre".
Nas mãos, a carta rasgada ao meio, garrafa de uísque
Pela metade. Mas ainda é cedo para que ele se arrisque.
Nada ficou claro nos depoimentos, de como essa sereia
Foi encontrada pela estrada à lua cheia:
"Do que não se pode falar, deve se calar",
Ela disse, bem no momento dele virar
E ser beijado por seus lábios fatais.
A lua aumentava seus cristais.
Seguiu-se um minuto de silêncio
E os grilos pontuavam um indício. Ela disse:
"As pistas estão em toda parte, em seu diário,
No dia dezesseis em vermelho no calendário".
Enquanto o detetive revistava a lua
A loira derramou uma poção branca na sua
Garrafinha de uísque. "Nessa profissão, é preciso jeito
Para resolver este quase crime perfeito".
Ela não dizia nada, ou quase nada, só o olhava
Sabendo que a verdade estava em cada palavra.
A esta altura, tudo parecia bem nítido
E agora ele a forçava a beber o líquido.


Rodrigo Garcia Lopes