Este soneto é um dos grandes poemas de Rimbaud. Um poema-de-estrada, ou road poem. Nome da hospedaria ou restaurante que ele cruzou no caminho de sua fuga para a Bélgica em outubro de 1870. Cinema e rigor.
NO CABARÉ VERDE
cinco da tarde
Oitavo dia já, depois de detonar as botas
Na pedreira da estrada. Cheguei em Charleroi.
— No Cabaré Verde: eu disse solta
Um pão com manteiga, e um pernil meio frio.
Feliz da vida, estiquei as pernas sob a mesa
Verde: viajei nos motivos bregas
Do papel de parede. – E foi uma beleza
Quando a moça de olhos vivos e tetas imensas
— Essa aí não se assusta com um beijo!—
Sorrindo, trouxe o sanduíche no jeito
E o pernil num prato colorido. Só
O pernil rosado e branco, perfumado por uma
Pitada de alho, e uma imensa loura gelada, sua espuma
Dourada por um raio perdido de sol.
Outubro de 1870
Au Cabaret-Vert
cinq heures du soir
Depuis huit jours j' avais déchiré mes bottines
Aux cailloux des chemins. J' entrais à Charleroi.
— Au Cabaret-Vert: je demandai des tartines
De beurre et du jambon qui fût à moitié froid.
Bienhereux, j' allongeai les jambes sous la table
Verte: je contemplai les sujets très naifs
De la tapisserie. — Et ce fut adorable
Quand la fille aux tétons énormes, aux yeux vifs,
— Celle-là! ce n' est pas un baiser qui l' épeure!
Rieuse, m' apporta des tartines de beurre,
Du jambon tiède, dans un plat colorié,
Du jambon rose et blanc parfumé d' une gousse
D' ail — et m' emplit la chope immense, avec sa mousse
Que dorait un rayon de soleil arriéré.
Octobre 1870
ARTHUR RIMBAUD
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes
2 comentários:
teu blog é muito bacana, cheguei a ele através do ademir assunção. Mês passado comprei o Ariel, depois que li algumas posias da sylvia no blog.
Gostei tanto de teu blog que linquei ele lá no meu, tá bom?
Grande abraço, Rodrigo.
valeu moisés, um abraço,
rodrigo
Postar um comentário