terça-feira, dezembro 30, 2008

sexta-feira, dezembro 19, 2008


A LUME SPENTO


Colhe com seus olhos a fumaça que insinua
ao penetrar — sendo incenso e silêncio —
sua mente em meio ao tráfego intenso
da manhã, relumbre em suas mãos nuas.

Daqui das margens desse sonho
ideogramas de formas obscuras
reescrevem seus gestos num bazar estranho
sem saber ao certo o que procura:

Se meus olhos, opacos, entre bijuterias
baratas que você arremessou
(como quem dedilha um sol menor ou
a linha acesa de minhas artérias)

Mas sem querer você abre, de leve,
as persianas e invade uma sutil
reminiscência do que nunca existiu
(Ou, como seu rosto, foi tão breve).


Rodrigo Garcia Lopes (Nômada, 2004)

terça-feira, dezembro 16, 2008

PEDRA DE TOQUE (poesia brasileira - entrevistas)

Nos meses de setembro, outubro e novembro, o Ademir Assunção entrevistou 15 poetas para uma série do Itau Cultural chamada Pedra de Toque. Os entrevistados são André Vallias, Armando Freitas Filho, Claudia Roquete Pinto, Paulo Henriques Britto, Paulo Scott, Alice Ruiz, Horácio Costa, Ronald Polito, Carlos Ávila, Afonso Ávila, Sebastião Nunes, Geraldo Carneiro, Glauco Mattoso, Arnaldo Antunes e Micheliny Verunschk. E vem mais por aí. Os depoimentos, na própria voz dos poetas, já estão no site do Itaú Cultural. Podem ser ouvidos no seguinte link: http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2752&categoria=34629

domingo, dezembro 14, 2008

CIDADES (de Arthur Rimbaud: tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça)

Paul Klee, Dream City


CIDADES

Que cidades! É um povo para o qual foram montados Apalaches e Líbanos de sonho! Chalés de cristal e madeira deslizam sobre trilhos e polias invisíveis. Crateras ancestrais circundadas de colossos e palmeiras de cobre rugem melodiosamente dentro dos fogos. As festas do amor badalam nos canais suspensos atrás dos chalés. Matilhas de sinos gritam nas gargantas. Associações de cantores gigantes chegam em trajes e adereços cintilantes como a luz nos cimos. Sobre as plataformas, em meio a precipícios, os Rolands buzinam sua bravura. Sobre as passarelas do abismo e os tetos dos albergues, o arder do céu hasteia os mastros. O colapso das apoteoses concentra os campos das alturas onde centaurinas seráficas evoluem entre as avalanches. Acima do nível das mais altas cristas, um mar atormentado pelo eterno nascimento de Vênus, repleto de frotas orfeônicas e do murmúrio de pérolas e conchas preciosas, — às vezes o mar se escurece com brilhos mortais. Nas encostas, safras de flores imensas bramem como nossas armas e taças. Cortejo de Mabs em robes russos, opalinas, trepam nas ravinas. E lá em cima, as patas nas sarças e cascatas, cervos sugam os seios de Diana. bacantes de subúrbio soluçam e a lua queima e uiva. Vênus penetra nas cavernas de ferreiros e eremitas. Torres de sinos cantam as idéias das pessoas. A música desconhecida escapa dos castelos de osso. Todas as lendas evoluem e élans invadem os burgos. O paraíso de tempestades despedaça. Selvagens dançam sem cessar a festa da noite.
E, uma hora, desci na agitação de um bulevar em Bagdá onde companhias cantaram a alegria do trabalho novo, sob uma brisa espessa, circulando sem poder iludir os fantasmas fabulosos dos montes, onde se devia reencontrar.
Que braços bons, que hora adorável vão me devolver essa religião de onde vêm meus sonos e meus movimentos mais sutis?



ARTHUR RIMBAUD
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça
Em Illuminations (Editora Iluminuras, 1994)

sexta-feira, dezembro 12, 2008

OLHA

Meu amigo e irmão Maurício Arruda Mendonça (com quem traduzi Sylvia Plath e Rimbaud), é o autor dessa pérola de poema. Ele é um de meus poetas favoritos, embora escreva pouco (poesia) e infelizmente não seja mais conhecido. Este poema virou uma musica de arrepiar nas mãos do Bernardo Pellegrini.



OLHA

olha : eu ando louco à procura

de um olhar que como o seu
me acalme um pouco
e eu possa chamar poema
salto de cervo
lua de outono

olha : a parede se descasca
poeira em tudo o que fica
pense um pouco
cinza de cigarro
tubo de caneta
não foi assim
que eu te ensinei a mentir

tenho febre
algum tipo de dor
mas ainda que eu erre

olha : velocidade é uma fissura
da juventude

solidão é um método maluco de saber
quem está dentro de você
quando a cidade inteira
te odeia mas
entre almas de jeans
você segue

olha : nada na neblina
além de borboletas transando

estátuas se mexendo
pessoas que se esqueceram de sorrir
e você vai se matando
de tanto dizer sim
mas

olha : a chuva fina no asfalto
:
a sua pele sobre o meu corpo
pra sempre



MAURÍCIO ARRUDA MENDONÇA

Em Eu Caminhava Assim Tão Distraído (Setteletras)

Poema musicado por Bernado Pellegrini no CD Dinamite Pura.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

CIDADE (Arthur Rimbaud: trad: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça)



CIDADE




Sou um efêmero e não muito descontente cidadão de uma metrópole que julgam moderna porque todo estilo conhecido foi excluído das mobílias e do exterior das casas bem como do plano da cidade. Aqui você não nota rastros de nenhum monumento de superstição. A moral e a língua estão reduzidas às expressões mais simples, enfim! Estes milhões de pessoas que nem têm necessidade de se conhecer levam a educação, o trabalho e a velhice de um modo tão igual que sua expectativa de vida é muitas vezes mais curta do que uma estatística maluca encontrou para os povos do continente. Assim como, de minha janela, vejo novos espectros rolando pela espessa e eterna fumaça de carvão, — nossa sombra dos bosques, nossa noite de verão! — as novas Erínias, na porta da cabana que é minha pátria e meu coração, já que tudo aqui parece isto, — Morte sem lágrimas, nossa filha ativa e serva, um Amor desesperado, e um Crime bonito uivando na lama da rua.


ARTHUR RIMBAUD
(Em Illuminations)
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça)

quarta-feira, dezembro 10, 2008

PENSAMENTO DO DIA (LEONARD COHEN)

“A poesia é apenas a evidência da vida. Se sua vida está queimando bem, a poesia é só a cinza".

"Poetry is just the evidence of life. If your life is burning well, poetry is just the ash.”
LEONARD COHEN

LUCIFER POETICS GROUP EM THE FANZINE

O amigo e poeta BRIAN HOWE fez uma ótima antologia da poesia do Lucifer Poetics Group, o grupo do qual participo aqui na Carolina, para a a revista THE FANZINE. Para quem quiser saber o que os poetas da Carolina do Norte andam escrevendo: poemas de Chris Vitiello, David Need, Dianne Timblin, Joseph Donahue, kathryn i. pringle, Ken Rumble, Magdalena Zurawski, Patrick Herron, Rodrigo Garcia Lopes, Tanya Olson, Tessa Joseph Nicholas, and Tony Tost.

Os poemas c:/polivox.doc e América # 3 aparecem aqui na brilhante tradução de Chris Daniels.
AQUI:
http://thefanzine.com/articles/poetry/295/lucifer_poetics-_the_state_of_nc_part_2/9

segunda-feira, dezembro 08, 2008

A MUSA CHAPADA

Meu amigo Pinduca (mais conhecido como Ademir Assunção) está lançando hoje um novo livro de poemas, em parceria com o Antonio Pietroforte e desenhos do Carlos Carah. Ainda não vi o livro, mas pelo que li deve ter ficado muito bom. Tem abertura de uma exposição de desenhos do Carah e show da banda de outro amigo, o Marião Botolotto, a Saco de Ratos.Pra quem tiver em Sampa.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

SALDO (Arthur Rimbaud, trad. Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça)




Vende-se o que os Judeus não venderam, o que nem a nobreza nem o crime
provaram, o que o amor maldito e a honestidade infernal das massas ignoram;
o que nem a ciência nem o tempo reconhecem;

As vozes restauradas, o despertar fraterno de todas as energias corais e

orquestrais e suas aplicações instantâneas; ocasião única de liberar nossos
sentidos!

Vende-se Corpos sem preço, de qualquer raça, de qualquer mundo, de

qualquer sexo, de qualquer descendência! Riquezas brotando a cada passo!
Saldo de diamantes sem controle!

Vende-se anarquia para as massas; satisfação irreprimível para amadores

superiores; morte atroz para os fiéis e os amantes!

Vende-se casas e migrações, esportes, magias e comfortos perfeitos, e o ruído,

o movimento e o futuro que eles fazem!

Vende-se aplicações de cálculo e saltos inauditos de harmonia. Achados e

termos sem suspeita, entrega imediata,
Impulso insensato e infinito aos esplendores invisíveis, às delícias insensíveis,
— e seus segredos enlouquecedores para cada vício — e uma alegria
assustadora para a multidão.

Vende-se Corpos, vozes, a inquestionável opulência imensa, que nunca será

vendida. Os vendedores têm muitos estoques para liquidar! Os viajantes não
precisam ter pressa para entregar as encomendas!




ARTHUR RIMBAUD
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça. (Em
Iluminuras: Gravuras Coloridas, Iluminuras 1994)

quinta-feira, dezembro 04, 2008



SEM SOM
esquecida em seu
refúgio de

sombras úmidas
de cuja seiva espessa
sobrevive

alguma coisa miúda,
muda, num
ramo qualquer

onde possa se
sentar
— ela nos espreita

hesita, pressente,
espera-nos passar
(até razão
estar ausente)

para que recomece
segura

a cigarra



Rodrigo Garcia Lopes (em Solarium)

terça-feira, dezembro 02, 2008

Dickinsoncampos


Algumas Borboletas há
Nos Campos do Brasil —
Voam ao meio-dia só —
Depois — cessa o Alvará —

Alguns Aromas — vêm e vão —
À tua Escolha, uma só vez —
Estrelas — que à Noite entrevês —
Estranhas — de Manhã —



EMILY DICKINSON

TRADUÇÃO: AUGUSTO DE CAMPOS

INTERLÚDIO




Interrupções são bem-vindas, dizia Cage.

Bem, desde que o sentido, já ruína, deixe

Estabelecer seu ruído como um feixe

Que cruze o ar como um reflexo e beije

A mente à deriva, cansada de viagem.

Ele foi e voltou, nunca viu nem sabe

Da lua nova rangendo seus dentes de sabre,

Do silêncio que, cuidadoso, se abre

Para que a nata do vácuo nos consagre.







domingo, novembro 30, 2008

IN A SILENT WAY


para Miles Davis


folhas soltas
idéias-folhas
poucas

nessa sala
a fumaça
vaza

embaça
a vidraça
dessa quase manhã

um silêncio
se instala
na casa vazia

na varanda
só a mais solta
idéia de vazio

(concha onde
pérola alguma
se esconde)

ao invés -
dias e dias se passam
sem nenhuma

mais completa

idéia de vazio:

um sol pousa
desliza, rebrilha
em cada folha





Rodrigo Garcia Lopes (em Polivox, 2001)

quinta-feira, novembro 27, 2008

O TIGRE (fábula de Franz Kafka)





O TIGRE

Certa vez um tigre foi trazido a Burson, célebre domador de animais, para que ele desse sua opinião sobre a possibilidade de se domesticar o animal. A pequena jaula com o tigre foi empurrada até a jaula de treinamento, que tinha as dimensões de uma sala pública; ficava dentro de uma imensa tenda de acampamento bem longe da cidade. Os assistentes se retiraram: Burson sempre queria estar completamente só com o animal no primeiro encontro. O tigre deitava imóvel, tendo acabado de ser bem alimentado. Ele bocejou um pouco, olhou com olhos cansados para seus novos arredores, e imediatamente adormeceu.


FRANZ KAFKA
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes

segunda-feira, novembro 24, 2008

SUTILEZAS, ESCURIDÃO E SILÊNCIOS



Edição integral de Ariel, de Sylvia Plath, mostra uma poeta a debater-se entre a vida e a morte

Vilma Costa • Rio de Janeiro – RJ


Ariel
Sylvia Plath}
Trad.: Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lenz de Macedo
Verus
209 págs.

Ariel, de Sylvia Plath, edição restaurada e bilíngüe com manuscritos originais, pretende trazer a público a leitura desses poemas sob nova perspectiva. Foi editado pela primeira vez em 1965, pelo poeta Ted Hughes, marido de Sylvia, omitindo alguns poemas e acrescentado outros, segundo seus próprios critérios de seleção, contrariando a proposta de organização deixada pela autora ao suicidar-se em 1963. Em 2004, por iniciativa da filha do casal, Frieda Hughes, é publicada uma nova edição revisada, desta vez dentro da proposta inicial.

O novo volume inclui textos datilografados e revisados pela autora, em inglês, com a correspondente tradução, manuscritos e originais, através dos quais é possível se ter uma visão mais próxima desse rico e complexo processo de criação poética. Traz também um anexo de notas, no qual são apresentados cada poema, data de produção e alguns comentários com a intenção de facilitar a leitura.

Fato é que, por mais que se persiga o objetivo de uma leitura textual isenta de impressionismos biográficos, a vida tumultuada e a morte trágica e precoce da poeta pairam como fantasmas a cada virada de página, constituindo-se num fio de leitura, que durante muito tempo assumiu destaque, para não se falar em predominância de enfoque. Além disso, é inegável que a popularidade e o sucesso no mercado editorial, no primeiro momento, devem-se muito a isso.

Em uma cena do filme Sylvia (2003), de Christine Jeffs, Sylvia e Ted passeiam num lago azul discutindo poesia. Ted enfatiza a necessidade de uma temática clara e definida para a realização de cada poema, Silvia não se posiciona, como se isso não lhe preocupasse. Ted insiste: "- Você é o tema". O sujeito confessional e dilacerado está no centro da discussão de toda sua poética, registra suas dores, confessa suas fragilidades, mas não pára por aí. Racionaliza e reelabora essa matéria-prima quando busca uma forma em versos, imagens, sons, cores, lágrimas, gritos, sangue e, compulsivamente, lança-se como flecha em obstinada busca.

Neste sentido, vida e morte entrelaçam-se, mais como problema que como tema, tanto nos textos da poeta, quanto nos outros que vêm sendo produzidos a partir daí, sob diferentes linguagem, desde as variadas leituras críticas, passando pela narrativa cinematográfica, até a ficção contemporânea. Exemplificando esta última, Adriana Lunardi, no conto Victoria do seu livro Vésperas (2002), faz referência à autora de Ariel, através de um personagem, cidadão comum londrino, que reflete sobre a vida ao saber da morte de Sylvia pelos jornais: "Além dos muitos poemas, relata o jornal, Sylvia Plath deixa dois filhos, uma menina e um menino, ainda pequenos. É fácil imaginar que essas crianças logo irão crescer e alcançar a idade que a mãe tinha quando morreu". Acrescenta, ainda: "em determinado ponto, serão mais velhos do que ela e passarão a enxergá-la com olhos de pais, de pessoas que experimentaram as dores e os impulsos que Sylvia não resistiu, e finalmente a entenderão, apesar de tudo". Pode ter sido isso que mobilizou a filha Frieda no empenho de publicação. Pode ser isso tudo apenas ficção. Mas seja lá o que for, possibilita-nos hoje o resgate de uma escrita primorosamente elaborada, apesar de tudo, ou, principalmente por tudo.

Ariel, o poema que dá título ao livro, tem um caráter hermético, tenso, que sugere decifração, mas cheio de obstáculos para tal, como muitos outros poemas do livro. Revela-se, entretanto, com uma gama infinita de possibilidades pela força que é empreendida numa dicção alada e sintética. Ritmo e imagens constroem o essencial para estabelecer sentidos provisórios e muitas vezes precários: "Estase no escuro./ E um fluir azul sem substância/ De rochedos e distâncias". Nas Notas, os organizadores tentam esclarecer: "Escrito no dia do aniversário da poeta (27/10/62). Na peça A tempestade, de Shakespeare, Ariel é o nome do Espírito do Ar; significa ‘leão de Deus', em hebraico; e é também o nome do cavalo que a poeta costumava cavalgar quando morava em Devon". A nota é mais ilustrativa do que esclarecedora. Apesar da força de cada palavra e expressão, estas não designam propriamente o que parecem designar. Neste poema, as palavras precipitam-se em saltos, num fluir sem substância, como o sujeito lírico que parece entregue a essa fluidez e, num determinado ponto, projeta-se indo em frente, sem pretensão de controle absoluto para onde, mas assumindo a direção: "E eu sou a flecha.// Orvalho que voa/ Suicida, e de uma vez avança/ Contra o olho.// Vermelho, caldeirão da manhã".

Ana Cristina Cesar, em um ensaio sobre tradução, comenta: "No poema de Plath a linguagem é algo com valor absoluto. A poeta encontra as palavras no caminho. As palavras são o outro lado da realidade, ingovernáveis, ásperas. Será por isso que elas não designam, não colaboram com o autor nem obedecem a ele?" Ou seja, citando a própria Plath, a linguagem é "um signo puro, que deixou de designar as coisas". Pelo menos é essa a proposta de toda uma modernidade, cujo fazer poético é antes de tudo laboratório de experimentação da arte e seus artifícios. O paradoxo que tem que ser enfrentado pelos leitores, em especial, pelos tradutores, é como trabalhar neste sentido. Ou seja, considerando a linguagem como um outro lado da realidade, ingovernável e áspera, como talhá-la e submetê-la à forma e ao conteúdo da expressão escrita? A escolha de cada palavra, sua posição no texto, a linguagem numa nova língua são como as rasuras de um poema, que já foram e continuarão sendo feitas, sempre como novas escritas, reescritas. Neste sentido, "tradução é traição". E sob esse ponto de vista, esta edição bilíngüe abre muitos leques de questionamentos e leituras. Num trecho desse poema, por exemplo: "Nigger-eye/ Barries cast dark/ Hooks", podemos comparar o trabalho dos poetas tradutores (sim, pois é preciso ser poeta para transitar nos meandros dessas traduções e traições), Rodrigo Garcia Lopes ("Olhinegras/ "Bagas lançam escuros/ Ganchos -") e Ana Cristina César ("Sementes, /De olhos negros lançam escuros/ Anzóis...") ao traduzirem o mesmo texto, fazem diferentes escolhas tanto vocabulares, quanto fonéticas e semânticas. Reinventam, portanto, através da tradução um novo poema.

Na leitura do poema Lady Lazarus, o fio biográfico é bem definido: "Tentei outra vez./ Um ano em cada dez/ Eu dou um jeito". As tentativas de suicídio desse sujeito lírico se esboçam através de imagens associadas à ressurreição. Esse jogo envolve tanto a referência bíblica de Lázaro, como a alusão aos mitos pagãos de Fênix, que renasce das cinzas, ou Dionísio, que se recompõe sempre após cada morte. "Saída das cinzas/ Me levanto com meu cabelo ruivo/ E devoro homens como ar." Em outro trecho, também do desespero parte-se para a racionalidade: "É o teatral/ Regresso em plena luz do sol/ Ao mesmo local, ao mesmo rosto, ao mesmo grito/ Aflito e brutal:". O apelo para a dramaticidade trágica vem carregada da convicção da vitória da vida sobre a morte, mesmo que em linguagem teatral, performática. Tudo é arte, artifício, representação, até o suicídio definitivo, que matou a mulher, garantiu a vida e a imortalidade da poeta, "saída das cinzas". Afinal, "morrer é uma arte como tudo mais".

Em A lua e o teixo, estes dois elementos vão se construindo enquanto imagens opostas que se complementam entre luz e sombra, barulhos e silêncios e um sujeito lírico impotente em busca de expressão, um corpo que como espectro se movimenta. "A lua não tem porta. É uma face em seu pleno direito/ Branca como o nós dos dedos, terrivelmente incomodada./ Arrasta o mar atrás de si como um crime sujo; está quieta,/ A boca aberta em total desespero. Moro aqui." Enquanto isso: "O teixo aponta para o alto. Tem forma gótica//... E a mensagem do teixo é escuridão - escuridão e silêncio". Como a vida, a obra de Sylvia Plath é permeada de sutilezas, escuridão e silêncios, cuja personagem principal é a própria linguagem, ou melhor, a impotência desta em falar da existência, suas paixões, redenções e desesperos.


(Jornal Rascunho, novembo de 2009)

domingo, novembro 23, 2008

RESSURREIÇÃO (POEMA DE ROBERTO BOLAÑO traduzido por Rodrigo Garcia Lopes)



A poesia penetra no sonho
como um mergulhador num lago.
A poesia, mais corajosa que ninguém,
penetra e cai
feito chumbo
num lago infinito como o Lago Ness
ou turvo e nefasto como o lago Balatón.
Contemple-a lá do fundo:
um mergulhador
inocente
coberto com as penas
da vontade.
A poesia penetra no sonho
como um mergulhador morto
no olho de Deus.



ROBERTO BOLAÑO
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes

terça-feira, novembro 18, 2008

Poema de Wislawa Szymborska na COYOTE 18


Poemas da poeta polonesa Wislawa Szymborska (Prêmio Nobel de Literatura de 1996) são uns dos destaques na nova COYOTE. Confira um dos poemas, na tradução de Regina Przybycien:


O TERRORISTA, ELE OBSERVA


A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.

Agora são só treze e dezesseis.

Alguns ainda terão tempo de entrar.

Alguns de sair.

O terrorista já cruzou para o outro lado da rua.

A distância o protege de qualquer perigo

e a vista, bom, é como no cinema:

Uma mulher de casaco amarelo, ela entra.

Um homem de óculos escuros, ele sai.

Uns jovens de jeans, eles conversam.

Treze e dezessete e quatro segundos.

Aquele cara mais baixo tem sorte, sai de lambreta,

Aquele mais alto entra.

Treze e dezessete e quarenta segundos.

Uma moça, ela passa com uma fita verde no cabelo.

Só que o ônibus a encobre de repente.

Treze e dezoito.

A moça sumiu.

Se foi tola de entrar ou não

vai se saber quando os carregarem para fora.

Treze e dezenove.

Parece que ninguém mais entra.

Aliás, um gordo careca sai.

Remexe os bolsos como se procurasse algo

e faltando dez segundos para as treze e vinte

volta para buscar a droga das luvas que perdeu.

São treze e vinte.

O tempo, como ele voa.

Deve ser agora.

Ainda não.

É agora.

A bomba, ela explode.




Wislawa Szymborska

Tradução: Regina Przybycien

segunda-feira, novembro 17, 2008

MULHER DA MULTIDÃO (música de Rodrigo Garcia Lopes)


Esta é a música que abre o meu CD Polivox (Independente, 2001).

MULHER DA MULTIDÃO
(Rodrigo Garcia Lopes)

Você me toca
como quem
troca de roupa

você me provoca
e troça
dessa minha doce
distração

pra que tanta pressa
você
mulher da multidão

(nem adianta vir você
implicar comigo
porque eu já bem sei
qual o motivo)



Rodrigo Garcia Lopes: violão, voz, vozes e efeitos
Sidney Giovenazzi: violão solo, baixo e teclados

domingo, novembro 16, 2008

COYOTE 18 NO SITE CRONÓPIOS + TRADUÇÕES DE HAIKAIS DE KEROUAC



O portal Cronópios destaca o novo número da revista e publica haikais de JACK KEROAUC que não saíram no número 18 da revista, traduzidos por mim, aqui:


http://www.cronopios.com.br/site/lancamentos.asp?id=3652

HAIKEROUACS

de O LIVRO DOS HAIKUS

Jack Kerouac (Estados Unidos)

Tradução: Rodrigo Garcia Lopes



Na cadeira
Decidi chamar o Haiku
Pelo nome de Pop


In the chair / I decided to call Haiku / By the name of Pop


Crepúsculo – pássaro
na cerca
Meu contemporâneo

Dusk—the bird / on the fence / A contemporary of mine




Esses pássaros sentados
lá fora na cerca —
Todos vão morrer.

Those birds sitting/ out there on the fence —/They´re all going to die.



Noite perfeita de lua
arruinada
Por brigas de família

Perfect moonlit night/marred/ By family squabbles


Grilos – gritam
por chuva –
Mais uma?

The crickets—crying/ for rain—/ Again?


Os gatos, de cara
com alguma coisa nova,
Olhando na mesma direção

The housecats, amazed/ at something new,/ Looking in the same direction


Lavando o rosto
com a neve
Sob a Ursa Menor

Washing my face/ with snow/ Beneath the Little Dipper


Perfeito círculo redondo
a lua
No centro do céu

Perfect circle round/ the moon/ In the center of the sky


Em toda parte além
da Verdade,
Azul do espaço vazio

Everywhere beyond/ the Truth,/ Empty space blue


O pássaro voou
e a distância ficou imensa-
mente branca

Bird was gone/ and distance grew/ Immensely white


O mosquito, tão
sozinho quanto eu
Nessa casa vazia

The fly, just as/ lonesome as I am/ In this empty house




JACK KEROUAC
TRADUÇÃO: RODRIGO GARCIA LOPES
* Poemas retirados do livro Book of Haikus. New York: Penguin Books, 2003





COYOTE 18 É DESTAQUE NO ESTADÃO

REVISTA DAS REVISTAS









Escritor francês diz: no princípio era o sofrimento

Michel Houellebecq trata, em ensaio na Coyote, das raízes do ato de escrever

Francisco Quinteiro Pires

No princípio era o sofrimento. “Em sua origem, há um nó de sofrimento”, escreve Michel Houellebecq. “A partir de um certo nível de consciência, o grito se produz. A poesia deriva disso. A linguagem articulada, igualmente”, continua. “O primeiro passo poético consiste em remontar à origem. A saber: o sofrimento.” O escritor francês acredita que todas as modalidades de sofrimento são essenciais. Elas dão frutos. Se os homens existem, é porque certo dia o nada vibrou de dor, e dessa vibração se constituiu o ser.

Manter-se Vivo: Méthodo é o ensaio de Michel Houellebecq - autor de Partículas Elementares, Plataforma e A Possibilidade de Uma Ilha -, publicado na Coyote 18, edição primavera (52 págs., R$ 10). A revista está à venda em livrarias ou nos sites www.iluminuras.com.br e www.sebodobac.com. Para o francês, sofrer é a conseqüência necessária do livre jogo das partes da existência.

Na superfície, o texto lança um olhar inusual sobre o ato de sofrer, mas no fundo Houellebecq trata do ato de escrever. De qualquer maneira, quem pariu o verbo foi o sofrimento. Escrever é ter a compreensão. É colocar em letras o acúmulo de vivências - e frustrações - da vida, essa “série de testes de destruição”. “Ame o seu passado, ou odeio-o, mas que ele permaneça presente em seus olhos.”

Houellebecq assusta os bons moços ao conclamar o ressentimento, que não é o senso comum da mágoa com o passado, mas um despertar a partir da visita às memórias. “Desenvolva em você um profundo ressentimento quanto à vida. Esse ressentimento é necessário para toda verdadeira criação artística.” Recordar é criar.

Talvez o ressentimento seja malvisto porque aqueles que desejam manter tudo inalterado o combatem com certa ferocidade - como se presente e passado fossem instâncias sem ligações. Não é bom acreditar nessa turma. Segundo Houellebecq, o ressentimento deve estar à mão. Daí, “quando você suscitar nos outros uma mistura de piedade assustada e desprezo, saberá que está no caminho certo. Pode começar a escrever.” Escrever não é para amadores. É para os ressentidos.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Novo site de Jairo Pereira

O poeta Jairo Pereira, de Quedas de Iguaçu, está com site novo. Vale a pena conhecer sua poesia:

http://www.jairopereira.com.br/

Revista Coyote lança 18ª edição em seu 6º aniversário


Coyote, incentivada pelo Promic, está no 6º ano de vida e comemora o lançamento da edição como uma das publicações culturais mais importantes e estáveis do Brasil

Da Redação
n.com@sercomtel.com.br

Já está em circulação a 18ª edição da revista londrinense Coyote, uma das principais publicações literárias do país. De acordo com um dos editores da revista, o escritor Marcos Losnak, o que faz a revista ficar tanto tempo em circulação é a diversidade do que é publicado. “Publicamos muita coisa inédita e internacional. Essa diversidade faz parte do projeto da revista”, afirmou Losnak. A revista Coyote tem patrocínio da Prefeitura de Londrina, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic).

Entre os destaques internacionais, a revista apresenta a poesia da polonesa Wislawa Szymborska, prêmio Nobel de 1996, traduzida por Regina Przybycien, e ainda inédita em livro no Brasil. Apresenta também um conjunto de poemas de um dos fundadores do movimento surrealista, Paul Éluard, traduzido por Eclair Antonio de Almeida. O escritor francês Michel Houllebecq marca presença no ensaio poético “Manter-se Vivo: Méthodo”, traduzido por Sandra Stroparo.

Entre as principais novidades nacionais da edição estão textos em prosa do escritor cearense Pedro Salgueiro e do pernambucano Alberto Lins Caldas. Já a poesia contemporânea é expressa nos poemas de Joca Reiners Terron, Beatriz Bajo, Celso Borges e Zhô Bertholini. O fotógrafo Iatã Cannabrava assina a capa e o ensaio fotográfico “Uma Outra Cidade”, com imagens da periferia de São Paulo. O número fecha com o cartum “Movimento Contra Malhação de Judas”, de Paulo Stocker.

Conforme Marcos Losnak, a revista se tornou uma das mais importantes do país devido à estabilidade. “Hoje a Coyote é a única revista do sul do Brasil e uma das três em nível nacional, com mais tempo de circulação. Muitas revistas são publicadas durante um ano, por exemplo, e param. A Coyote tem circulação estável há seis anos”, afirmou Losnak.

Segundo ele, a intenção é dobrar a tiragem da revista no ano que vem, passando de 1.000 para 2.000 exemplares por edição. “Houve um aumento muito grande no número de leitores. A procura já está maior que a oferta, por isso, pretendemos dobrar a tiragem em 2009.”. Ele revelou que a equipe responsável pela revista está preparando uma comemoração de aniversário da Coyote para a 3ª semana de dezembro, ainda sem horário e local definidos.

A revista Coyote é editada pelos poetas Ademir Assunção, Marcos Losnak e Rodrigo Garcia Lopes. O projeto gráfico é de Marcos Losnak e tem periodicidade trimestral e distribuição nacional, em livrarias das principais capitais do Brasil, pela Editora Iluminuras. A revista pode ser adquirida também pelos sites www.iluminuras.com.br e www.sebodobac.com.
(Londrina, 13 de novembro de 2008)

EVENING, VIENA


ver o verde tranquilo entardecer
arder com ele
estar

dentro da tarde e nela transparecer
enquanto
sementes brilham sobre a grama,
sozinhas.

jovem viajante, vento –
um pássaro perdido
debaixo da primeira chuva.

pinheiros que são como um adeus,
lua, um cílio prata,
flutuante jardim.

ser o verde sereno escurecer
ter a tarde dentro
ardendo

como as sementes
que o pássaro procura
sob a chuva
pura
primavera:





Viena, 15 de maio de 1984
Rodrigo Garcia Lopes (em Solarium, Iluminuras, 1994)

segunda-feira, novembro 10, 2008

NOVO LIVRO DE JEROME ROTHENBERG (COM ENTREVISTA A RGL)


Acabo de saber através do grande poeta, ensaísta e antologista JEROME ROTHENBERG que ele acaba de lançar o livro POETICS & POLEMICS 1980-2005, reunindo prefácios, comentários e entrevistas de sua prolífica trajetória.

Na parte das entrevistas, entre as inúmeras que ele já deu, ele incluiu 5, entre elas ele o "THE MEDUSA DOSSIEUR", longa entrevista que fiz com ele em 2000 e que foi publicada (em parte) na revista Medusa, da qual eu era um os editores.

Quem quiser saber mais sobre o livro, clique aqui:
http://www.uapress.ua.edu/NewSearch4.cfm?id=134796
Quem quiser conhecer o blog que ele acaba de estrear, aqui:
http://poemsandpoetics.blogspot.com/

LEIA O DOSSIÊ ROTHENBERG, por Rodrigo Garcia Lopes:
INTRODUÇÃO:
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/rothenberg.htm
ENTREVISTA
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/rothenberg3.htm
Traduções de TÉCNICOS DO SAGRADO:
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/rothenberg2.htm

domingo, novembro 09, 2008

COYOTE 18 CHEGA ÀS LIVRARIAS

Capa: foto de Iatã Cannabrava. Do ensaio “Uma Outra Cidade”, com imagens
da periferia de São Paulo.


Revista COYOTE lança novo número, tendo como destaques um dossiê com a escritora Márcia Denser, ensaio de Michel Houllebecq, fotos de Iatã Cannabrava, a poesia de Joca Reiners Terron e traduções de Wyslawa Szymborska, Paul Éluard e Jack Kerouac

"Pode haver derrota mais execrável do que quando se é corroído por dentro pelas secreções ácidas da sensibilidade até que perdemos nossa silhueta, dissolvidos, liquefeitos? Ou quando a mesma coisa acontece na sociedade em nossa volta, e mudamos nosso próprio estilo para ficarmos parecidos com ela?". Yukio Mishima sintetiza, no editorial do número 18 da revista editada em Londrina (PR), o espírito de revolução permanente de nossas sensibilidades e da nova edição da Coyote.
A revista é patrocinada pelo PROMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) da cidade de Londrina.
Coyote 18 resgata o talento e a lucidez furiosa da escritora Márcia Denser. Como escreve Ademir Assunção na apresentação do dossiê: “Prosa densa, labiríntica, poética [...]. A cada livro, seu texto (e, principalmente, o subtexto) vem funcionando como uma broca de prospecção, cavoucando cada vez mais fundo os conflitos humanos”.
A prosa brasileira está representada também na edição pelo cearense Pedro Salgueiro e pelo pernambucano Alberto Lins Caldas. Já a poesia contemporânea exibe sua riqueza e variedade nos poemas de Joca Reiners Terron, Beatriz Bajo, Celso Borges e Zhô Bertholini.
A revista apresenta ainda a poesia da polonesa Wislawa Szymborska (traduzida por Regina Przybycien), prêmio Nobel de 1996, e incrivelmente ainda inédita em livro no Brasil, bem como um conjunto de poemas de um dos fundadores do movimento surrealista, Paul Éluard (traduzido por Eclair Antonio de Almeida) e, pela primeira vez no Brasil, haikus de Jack Kerouac (em tradução de Rodrigo Garcia Lopes). O próprio escritor norte-americano assim se referia aos haikus: “Acima de tudo, um haiku deve ser bem simples e livre de qualquer truque poético e pintar um quadro e ainda assim ser tão leve como o ar, gracioso como uma Pastorella de Vivaldi”.
O escritor francês Michel Houllebecq marca presença em ensaio poético “Manter-se Vivo: Méthodo”, traduzido por Sandra Stroparo, em que afirma: “Nas feridas que ela nos inflige, a vida se alterna entre o brutal e o insidioso. Conheça essas duas formas. Pratique-as. Adquira um conhecimento completo. Distinga o que as separa e o que as une. Muitas contradições, então, serão resolvidas. Sua palavra ganhará em força e em amplitude”.
O fotógrafo Iatã Cannabrava assina a capa e o ensaio fotográfico da edição, “Uma Outra Cidade”, com imagens da periferia de São Paulo. O número fecha com o cartum de Paulo Stocker para o “Movimento Contra Malhação de Judas”.
Em seus seis anos de atividade, Coyote prossegue abrindo espaço para novos autores, resgatando e apresentando nomes importantes das letras e das artes, de épocas e lugares diferentes, instigando a reflexão e a criação literária.
COYOTE é editada pelos poetas Ademir Assunção, Marcos Losnak e Rodrigo Garcia Lopes. Projeto gráfico de Marcos Losnak. Tem periodicidade trimestral e distribuição nacional (em livrarias) pela Editora Iluminuras.

COYOTE 18 // Primavera de 2008 // 52 páginas // R$ 10,00
Uma publicação da Kan Editora.

ONDE ENCONTRAR A COYOTE?
Vendas em livrarias de todo o país pela Editora Iluminuras – fone (11) 3031-6161 (site: http://www.iluminuras.com.br/v1/)
Pode ser adquirida também na internet pelo Sebo na Bac:
http://www.sebodobac.com/


PATROCÍNIO: PROMIC - PROGRAMA MUNICIPAL DE INCENTIVO À CULTURA – SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA DE LONDRINA (PR)

POESIA BRASILEIRA NA ESPANHA


O livro foi lançado na Espanha, no ano passado, mas só agora fiquei sabendo, através do poeta José Geraldo Neres:


UNA ANTOLOGÍA DE POETAS BRASILEÑOS

Organización

Floriano Martins y José Geraldo Neres

Muestra gráfica

Hélio Rôla

Poetas

Lucila Nogueira Glauco Mattoso Adriano Espínola Beth Brait Alvim Contador Borges Donizete Galvão Floriano Martins Nicolas Behr Jorge Lucio de Campos Vera Lúcia de Oliveira Rubens Zárate Ademir Demarchi Ademir assunção Leontino Filho Marco Lucchesi Weydson Barros Leal Antonio Moura Maria Esther Maciel Rodrigo Garcia Lopes José Geraldo Neres Viviane de Santana Paulo Alberto Pucheu Fabrício Carpinejar Salgado Maranhão Sérgio Cohn Rodrigo Petronio Konrad Zeller Pedro Cesarino Mariana Ianelli

Traductores

Adalberto Arrunátegui Alfonso Peña Aníbal Cristobo Antonio Alfeca Benjamin Valdivia Carlos Osorio Eduardo Langagne Floriano Martins Gladis Basagoitia Dazza Luciana di Leone Margarito Cuéllar Marta Spagnuolo Paulo Octaviano Terra Reynaldo Jiménez Tomás Sara