Esta é a luz da mente, fria e planetária.
As árvores da mente são negras. A luz, azul.
Gramados descarregam suas mágoas em meus pés como se eu fosse Deus,
Arranhando meus tornozelos, murmurando sua humildade.
Névoas vaporosas e espirituais habitam este lugar
Separado de minha casa por uma fileira de lápides.
Simplesmente não posso ver onde vão dar.
A lua não tem porta. É uma face em seu pleno direito,
Branca como os nós dos dedos, terrivelmente incomodada.
Arrasta o mar atrás de si como um crime sujo; está quieta,
A boca aberta em total desespero. Moro aqui.
Duas vezes aos domingos os sinos assustam o céu —
Oito grandes línguas afirmam a Ressurreição.
E no final, sobriamente, badalam seus nomes.
O teixo aponta para o alto. Tem forma gótica.
Os olhos se elevam e encontram a lua.
A lua é minha mãe. Não é doce como Maria.
Suas vestes azuis libertam pequenos morcegos e corujas.
Se eu ainda acreditasse na ternura —
O rosto da efígie, suavizado por velas,
Derramando, sobre mim, seus olhos meigos.
Tenho caído pelo caminho. Nuvens florescem
Azuis e místicas sobre a face das estrelas.
Na igreja, os santos serão todos azuis,
Flutuando sobre bancos frios com delicados pés,
Suas mãos e faces duras de santidade.
A lua não vê nada disto. É calva e selvagem.
E a mensagem do teixo é escuridão — escuridão e silêncio.
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lenz de Macedo
Do livro ARIEL (Verus Editora, 2007)
2 comentários:
recentemente li o livro de Sylvia Plath - poemas - plublicado pela editora iluminuras em uma edição bilingue... Fiquei extremamente desencantado com a tradução, que ora é omissa, ora criativa sem permissão, invasiva ao inverter a ordem dos versos... Você já leu este livro, queria saber se gostou?
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