quinta-feira, novembro 15, 2007

A LUA E O TEIXO (poema de SYLVIA PLATH)

Esta é a luz da mente, fria e planetária.

As árvores da mente são negras. A luz, azul.

Gramados descarregam suas mágoas em meus pés como se eu fosse Deus,

Arranhando meus tornozelos, murmurando sua humildade.

Névoas vaporosas e espirituais habitam este lugar

Separado de minha casa por uma fileira de lápides.

Simplesmente não posso ver onde vão dar.


A lua não tem porta. É uma face em seu pleno direito,

Branca como os nós dos dedos, terrivelmente incomodada.

Arrasta o mar atrás de si como um crime sujo; está quieta,

A boca aberta em total desespero. Moro aqui.

Duas vezes aos domingos os sinos assustam o céu —

Oito grandes línguas afirmam a Ressurreição.

E no final, sobriamente, badalam seus nomes.


O teixo aponta para o alto. Tem forma gótica.

Os olhos se elevam e encontram a lua.

A lua é minha mãe. Não é doce como Maria.

Suas vestes azuis libertam pequenos morcegos e corujas.

Se eu ainda acreditasse na ternura —

O rosto da efígie, suavizado por velas,

Derramando, sobre mim, seus olhos meigos.


Tenho caído pelo caminho. Nuvens florescem

Azuis e místicas sobre a face das estrelas.

Na igreja, os santos serão todos azuis,

Flutuando sobre bancos frios com delicados pés,

Suas mãos e faces duras de santidade.

A lua não vê nada disto. É calva e selvagem.

E a mensagem do teixo é escuridão escuridão e silêncio.





Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lenz de Macedo
Do livro ARIEL (Verus Editora, 2007)

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Eder de Sousa Boaventura disse...

recentemente li o livro de Sylvia Plath - poemas - plublicado pela editora iluminuras em uma edição bilingue... Fiquei extremamente desencantado com a tradução, que ora é omissa, ora criativa sem permissão, invasiva ao inverter a ordem dos versos... Você já leu este livro, queria saber se gostou?