
            Passagem por uma paisagem,
            lugar do onde, do ontem, do quando,
            quantas palavras ficaram faltando
na boca cheia de imagens.
            O outro é aquele que ficou à margem,
            no espanto de um pronome,
            no corpo de uma brisa suave;
            o outro é como uma fome,
            pluma à deriva, a distância, ou quase.
            
Estranho em sua própria viagem,
            garrafa com uma mensagem,
            olhar durando numa flor,
            sem nome, secreta, selvagem.
            
Desterro, água bebida num trem,
            peça incompleta, festa adiada, vertigem,
            a cabeça sempre em alguém,
            eu outro, eu todos, ninguém.
 
Rodrigo Garcia Lopes, Visibilia (Travessa dos Editores, 2005)
 
 
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