sábado, novembro 17, 2007

CAETANO, cê conhece?



CAETANO VELOSO
fez há dez dias um show memorável aqui em Chapel Hill, o primeiro dele aqui na Carolina do Norte, no Memorial Hall, teatro da UNC (University of North Carolina), um dia antes dele ganhar de novo o Grammy latino. Ele simplesmente conseguiu levantar o teatro lotado (1.500 pessoas) nos últimos quinze minutos de show, coisa que raramente acontece aqui. Não tem nada disso dele "estar se cercando de músicos jovens porque está ficando velho". No show da turnê do disco CÊ (ao vivo bem melhor que o disco) o que eu vi foi um cara de 64 anos que parece ter 30. Pulou, dançou, sambou, tocou violão (e como toca!, menos que o Gil, mas toca). Além de super-compositor, tem domínio perfeito de voz (que alcança, sempre afinado, alturas e extensões de foder, ou como diria o Leminski, "de dar nó na garganta de professor de karatê"), presença cênica, gestos medidos, perfeitos.
Foi engraçado ver os americanos cantando, a plenos pulmões, o refrão de "Odeio": "Odeio Você!", e ele traduzir, depois, que eles estavam cantando "I hate you". Os três músicos que o acompanham, super jovens, na faixa dos 20 e poucos anos, muito bons, seguros, inventivos: Pedro Sá (guitarra), Ricardo Dias Gomes (baixo, piano Rhodes), e Marcelo Callado (percussão). Foi praticamente um show de rock. Em resumo, um showzaço. Caetano cantou por duas horas e dez minutos sem parar.
Depois do show fui bater um papo rápido com ele no camarim. Dei meu cd de música & poesia Polivox e uma revista Coyote. Lembrei-o que a última vez que vi um show dele tinha sido em 1985, no Moringão, em Londrina (falta ver um do Chico, agora). Lembrei-o que acompanhei, no Hotel do Lago, a entrevista que o Ademir Assunção fez com ele pra Folha de Londrina. Claro que ele riu e disse não se lembrar de nada.
Alguns podem chiar, mas fiquei fã de novo do cara. Isso desde que o Maurício Arruda Mendonça me deu uma cópia de um disco que ele gravou na Itália, Omaggio a Federico e Giulietta, em tributo à Giulietta Masina e Federico Fellini, com várias trilhas sonoras de filmes do mestre italiano que é, literalmente, de chorar. Já tive minhas fases de descurtir o Caetano, mas não dá pra negar que ele é uma das pérolas da cultura brasileira. Mesmo quando a gente não gosta de uma música ou outra, tipo "Eta", ou a "da rata", ou suas olodunzadas, mesmo quando é criticado por falar demais (e ele mesmo comenta com humor sobre isso no show), temos mais é que agradecer por ter um artista como ele entre nós. E ele representa nossa cultura muitíssimo bem no exterior, sabendo que a música é nosso principal produto de exportação.
Esta música abaixo faz parte do disco . A letra é pra calar a boca dos que dizem que letra de música não é poesia. Se isso não for, eu não sei mais o que é.
Salve Caetano!

UM SONHO (CAETANO VELOSO)


lua na folha molhada

brilho azul-branco

olho-água, vermelho da calha nua


tua ilharga lhana

mamilos de rosa-fagulha

fios de ouro velho na nuca

estrela-boca de milhões de beijos-luz


lua

fruta flor folhuda

ah! a trilha de alcançar-te

galho, mulher, folhos, filhos

malha de galáxias

tua pele se espalha

ao som de minha mão


traçar-lhe rotas

teu talho, meu malho

teu talho, meu malho


o ir e vir de tua

o ir e vir de tua ilha


lua

toda a minha chuva

todo o meu orvalho

cai sobre ti

se desabas e espelhas da cama

a maravilha-luz do meu céu

jabuticaba branca



sexta-feira, novembro 16, 2007

TV CRONÓPIOS



A
TV CRONÓPIOS, do site-revista Cronópios, está prestando um grande serviço pra arte e pra literatura brasileira. Entevistas de peso e qualidade, capitaneadas pelo Pipol e Edson Cruz. O site-tv-revista põe em discussão a circulação de informações em nossos cybertempos. Estou louco pra ver a entrevista com o Roberto Piva. Mas tem muita coisa boa lá. Link aí do lado. Vale a pena conhecer. Parabéns pessoal da Cronópios!

quinta-feira, novembro 15, 2007

CITYSCAPE (poema de "Nômada", 2004)

CITYSCAPE

Carros avançam em nossa direção: eis o épico contemporâneo. Ítaca na esquina, Odisseu o mendigo lendo um anúncio travado no chão. Brisa de buzinas o atordoando, atraindo-o para o fluxo & atropelo. Da sinagoga slogans na multidão de rostos anônimos. Ele é o herói transubstanciado de outras eras, ou uma hera plugando o meio das coisas com o que sua flora de aço, voracidade, revela: não há silêncio, luzes traçam linhas de fuga, teu rosto fugaz atrás dos vidros, mancha de detalhe, disparo. Tudo sucede por fluxo e acumulação. Prolifera, fera, néon das lojas de conveniências, você sob eterna vigilância, e as imagens, as imagens. O minuto pede pra ser consumido como mais uma comodidade (impossibilidade) por isso precisa ser veloz, para que a morte não tenha como amortecer as interrupções que a ferem até sangrar para que a verdade não tenha tempo de instalar seu leão de gerânios, sua folha de erva e visão. Pense em Agora e toda uma rede se instala em seu cérebro. Este perfume vindo da vitrine lembra uma idéia, e se estilhaça no instante necessário para que o tempo pare.



Rodrigo Garcia Lopes, em Nômada, Lamparina, 2004



A LUA E O TEIXO (poema de SYLVIA PLATH)

Esta é a luz da mente, fria e planetária.

As árvores da mente são negras. A luz, azul.

Gramados descarregam suas mágoas em meus pés como se eu fosse Deus,

Arranhando meus tornozelos, murmurando sua humildade.

Névoas vaporosas e espirituais habitam este lugar

Separado de minha casa por uma fileira de lápides.

Simplesmente não posso ver onde vão dar.


A lua não tem porta. É uma face em seu pleno direito,

Branca como os nós dos dedos, terrivelmente incomodada.

Arrasta o mar atrás de si como um crime sujo; está quieta,

A boca aberta em total desespero. Moro aqui.

Duas vezes aos domingos os sinos assustam o céu —

Oito grandes línguas afirmam a Ressurreição.

E no final, sobriamente, badalam seus nomes.


O teixo aponta para o alto. Tem forma gótica.

Os olhos se elevam e encontram a lua.

A lua é minha mãe. Não é doce como Maria.

Suas vestes azuis libertam pequenos morcegos e corujas.

Se eu ainda acreditasse na ternura —

O rosto da efígie, suavizado por velas,

Derramando, sobre mim, seus olhos meigos.


Tenho caído pelo caminho. Nuvens florescem

Azuis e místicas sobre a face das estrelas.

Na igreja, os santos serão todos azuis,

Flutuando sobre bancos frios com delicados pés,

Suas mãos e faces duras de santidade.

A lua não vê nada disto. É calva e selvagem.

E a mensagem do teixo é escuridão escuridão e silêncio.





Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lenz de Macedo
Do livro ARIEL (Verus Editora, 2007)

quarta-feira, novembro 14, 2007

SATOLEP + SAMBATOWN = VITOR RAMIL + MARCOS SUZANO


Meu amigo VITOR RAMIL é um dos maiores músicos e compositores brasileiros. Daqueles músicos que fazem a diferença. E ele é um escritor de mão cheia também, que deve logo lançar um novo livro, Satolep. Disco após disco, desde Estrela, Estrela, esse cara tem matado a pau. Canta e toca bem pra caramba. E compõe como ninguém, sempre fugindo do óbvio, sempre trazendo novos sons para nossos ouvidos machucados por tanta bobagem musical. E acaba de sair Satolep + Sambatown, com o genial Marcos Suzano (quem não se lembra da parceria com Lenine em "Olho de Peixe", um dos grandes discos da década de 90?) Confiram um pouco do trabalho e as letras do novo disco do Vitor no seu site, www.vitorramil.com.br

"A Ilusão da Casa"
, do disco Tambong, foi regravada agora.


Aqui no Youtube o Vitor debulha uma de suas músicas que mais gosto, a maravilhosa "Ramilonga":


http://www.youtube.com/watch?v=CvPFTxjL_S0



A ILUSÃO SA CASA

Vitor Ramil


As imagens descem como folhas
No chão da sala
Folhas que o luar acende
Folhas que o vento espalha

Eu plantado no alto em mim
Contemplo a ilusão da casa
As imagens descem como folhas
Enquanto falo

Eu sei
O tempo é o meu lugar
O tempo é minha casa
A casa é onde quero estar
Eu sei

As imagens se acumulam
Rolam no pó da sala
São pequenas folhas secas
Folhas de pura prata

Eu plantado no alto em mim
Contemplo a ilusão da casa
As imagens se acumulam
Rolam enquanto falo

Eu sei
O tempo é o meu lugar
O tempo é minha casa
A casa é onde quero estar
Eu sei

As imagens enchem tudo
Vivem do ar da sala
São montanhas secas
São montanhas enluaradas

Eu plantado no alto em mim
Contemplo a ilusão da casa
As imagens enchem tudo
Vivem enquanto falo

Eu sei
O tempo é o meu lugar
O tempo é minha casa
A casa é onde quero estar
Eu sei


segunda-feira, novembro 12, 2007

"Tantas Perguntas Quanto Respostas", poema de LAURA RIDING




O que é começar?

É ter pés pra começar.

O que é terminar?

É nada ter com que recomeçar,

E não querer.


O que é ver?

É conhecer em parte.

O que é falar?

É juntar parte com parte

E fazer um todo

Do muito ou pouco.

O que é sussurrar?

É suavizar

A ganância de falar mais rápido

Que sua substância.

O que é gritar?

É tornar gigante

Onde falar não dura muito mais.


O que é ser?

É ter um nome.

O que é morrer?

É ter um nome e só.

E o que é nascer?

É escolher o eu inimigo

E dele aprender o impossível.

E o que é ter fé?

É escolher um deus mais fraco que o eu,

E rezar por elogios?


O que é perguntar?

É achar uma resposta.

O que é responder?

Será achar uma pergunta?



Tradução de RODRIGO GARCIA LOPES

Em Mindscapes - poemas de Laura Riding (Iluminuras, 2004)









Fernando Karl e Wilson Bueno estréiam seus blogs.
Links aí do lado.

sábado, novembro 10, 2007

"De Noite a Lua era Uma Aranha" (poema de JEROME ROTHENBERG)



De noite a lua era uma aranha

nós corremos.

Ninguém ficou.

O céu enegreceu como seus olhos.

Começou a chover.

Navios soltavam-se

no ar.

Navios vermelhos.

Você riu.

A lua era uma aranha.

Uma fita de sangue alcançou

do alto do céu

o teto da nossa casa.

Vermelha e negra.

Tentávamos cantar.

Fazia frio.

Na rede do céu

Onde ossos se penduravam

Vi

O que pensei ser sua face.

Ranger de

rodas sobre a rocha

no escuro da lua.

Comece:

Na noite em que os soldados apareceram

levantei de nossa cama,

minhas mãos algemadas,

e olhei.

Você tentava sonhar.

Um sincelo se partiu do céu

e penetrou meu coração.

A lua era uma aranha.



Tradução: Rodrigo Garcia Lopes


sexta-feira, novembro 09, 2007

TALVEZ SEJA ISSO


De repente você nota, em certa noite de chuva,

que ninguém se importa mais.

Noite em vigília. A ipoméia se abriu

Enquanto você dormia.

A imagem iluminada desgastou

depois que a duração virou mercadoria. O "eu lírico"

não subsiste num mundo de fluxos e superfícies vazias

que o olho mal consegue acompanhar

enquanto a verdadeira face da vida começa a dar as caras.

Evaporaram-se os dados precisos e algo mágicos que a poesia exibia.

Perdemos toda inocência, talvez nossa última chance,

e agora tudo o que você disser

pode ser

Usado contra você. Transformamos o real não num mito fugidio,

performance discreta ou fluxo de uma gravura, mas numa incoerência

algo eufórica, cheia de comentários sobre outras

pessoas e paisagens, pois aquilo

que se chamava vida

eram fábulas do momento presente,

o recriar incessante no castelo de areia, onde ondas eram adivinhas,

brincando de desaparecer. Não investigações vazias

sobre a temporalidade ou algo assim, muito menos

a idéia da palavra em si mas que pára ali,

cara a cara com sua onipotência, e

de como a sensação agora

é de uma velocidade que de repente não muda muito as coisas.

Pelo menos em essência. Isto não existe. Mas o que é essência,

e porque perdemos

nossos instantes preciosos

e o sonho de qualquer elegância

escrevendo ao vento ou então dispersos

nesses gestos inúteis e sublimes

tentando entender

alguém no outro lado da linha.





poema de Visibilia, Rodrigo Garcia Lopes, Travessa dos Editores, 2005)

quinta-feira, novembro 08, 2007

" Satori Uso" em exibição nos Estados Unidos

O filme londrinense "Satori Uso", uma produção da Kinoarte com direção de Rodrigo Grota, inspirado na obra do escritor londrinense Rodrigo Garcia Lopes, foi selecionado para participar do XXI Festival de Cinema Latino Americano, na Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, Estados Unidos. O festival é uma promoção conjunta da Universidade de Duke e da UNC.

O curta será exibido neste domingo, às 13h30, no auditório do Global Education Center, da UNC. O curta será apresentado pelo poeta londrinense Rodrigo Garcia Lopes, criador da figura literária de Satori Uso e co-roteirista do filme, que falará sobre o processo de criação do personagem.

Com patrocínio da Prefeitura de Londrina, o filme recebeu três prêmios no 35º Festival de Cinema de Gramado (Melhor Filme – Crítica, Melhor Fotografia - Carlos Ebert, ABC, Aquisição do Canal Brasil), menção honrosa na IV Mostra Curta Pará Cine Brasil, além de ter sido exibido no 18º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, 16º Curta Cinema – Festival Internacional de Curtas Metragens do Rio de Janeiro, 9ª Festival do Rio 2007 e 7ª Goiânia Mostra Curtas.

Mais informações no site do festival:
http://www.duke.edu/web/carolinadukeconsortium/filmfestival/filmfestival.htm


DURAME


No cerne, a carne, o ser. 
O instante, que ia ser isto,


Não foi, ficou, de repente,

no mistério de um sorriso.






poema de Visibilia (Travessa dos Editores, 2005)

terça-feira, novembro 06, 2007

Nelson Ascher resenha ARIEL, de Sylvia Plath, na BRAVO! de novembro




O poeta, tradutor e crítico Nelson Ascher escreve sobre a tradução de Ariel, de Sylvia Plath (Verus Editora, tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lenz de Macedo) na edição de novembro da revista Bravo!

O TALENTO DA POETA SUICIDA



“Ariel”, publicado em nova tradução, mostra por que a obra de Sylvia Plath é mais importante do que as discussões sobre sua biografia

* por Nelson Ascher


Para bem ou para mal, Sylvia Plath tornou-se a poeta anglo-americana mais famosa da segunda metade do século passado. Sua celebridade é fruto tanto de seu talento indiscutível como de sua biografia. O que esta última tem de relevante é, obviamente, o suicídio, o fim precoce, além das intermináveis discussões que têm procurado entender esse fato, seja nela mesma, seja nas circunstâncias de seu casamento com o poeta inglês Ted Hughes. Há ainda os debates meio bizantinos em torno da sobrevivência e eventual manipulação póstuma de sua papelada (originais, esboços, diários etc.).

É melhor, porém, deixar tal debate aos aficionados, à verdadeira indústria que se formou em torno da escritora, e passar diretamente a seus poemas. Pois, por mais que as questões acima pareçam interessantes e, segundo alguns, até pertinentes à compreensão de seus textos (que às vezes podem ser um pouco herméticos), o drama todo pode soar um pouco banal, para não dizer pequeno-burguês.

Publicado em 1965, após a morte da autora, Ariel revela uma insatisfação com um tipo de poesia que Sylvia busca superar menos por meio de seus temas ou da pesquisa formal do que elaborando imagens mais vigorosas e sugestivas. A que estas se referem, é algo que fica não raro em aberto e depende da interpretação do leitor. Nem por isso seu impacto é menor. Plath pode ser considerada uma poeta forte a seu modo, se bem que distante da grandeza que seus fãs lhe atribuem.

MOVIMENTO INTIMISTA

Sylvia, que nasceu em 1932 nos Estados Unidos e matou-se em 1963, em Londres, começou a escrever numa época em que a poesia anglo-americana, depois da imensa energia que revelara durante o modernismo propriamente dito, encontrava-se numa espécie de refluxo intimista rumo ao confessional, transformando-se cada vez mais numa literatura feita por e para professores universitários. E, a bem da verdade, muito do que ainda se escreve em inglês ainda não escapou a essa definição.

A presente edição brasileira encara com seriedade os problemas de tradução que sua poesia oferece e a refaz num português tão atraente quanto é a apresentação gráfica deste volume, que - reordenando os poemas como a poeta desejara que os publicassem - inclui também seus manuscritos com as respectivas notas e correções. Num país como o nosso, no qual a poesia estrangeira é traduzida aos tapas ou aos trancos e barrancos, isso, sem dúvida, não é pouco.


"Satori Uso" recebe Menção Honrosa no Curta Cinema 2007

O filme londrinense "Satori Uso", uma produção da Kinoarte com direção de Rodrigo Grota, recebeu Menção Honrosa do Júri no Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro - CURTA CINEMA 2007. Nesta semana, o filme será exibido no XXI Latin American Film Festival, nos EUA, e na Mostra Arte Viva, que integra o TEIA 2007.

Nos EUA, o curta será exibido no dia 11 de novembro, domingo, às 13h30, no auditório Global Education Center, da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill. O curta será apresentado pelo poeta londrinense Rodrigo Garcia Lopes, criador da figura literária de Satori Uso e co-roteirista do filme. No TEIA 2007, o filme será exibido no dia 9 de novembro, sexta-feira, às 15h, em uma sessão intitulada Ficções 2, no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes - dentro da programação de cinema. Esse espaço, juntamente com o Parque Municipal, agregará as apresentações da Mostra Arte Viva.

"Satori Uso" é uma realização da Kinoarte com patrocínio da Prefeitura de Londrina. Inspirado na obra de Rodrigo Garcia Lopes, o filme recebeu três prêmios no 35º Festival de Cinema de Gramado (Melhor Filme – Crítica, Melhor Fotografia, Aquisição do Canal Brasil), menção honrosa na IV Mostra Curta Pará Cine Brasil, além de ter sido exibido no 18º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, 16º Curta Cinema – Festival Internacional de Curtas Metragens do Rio de Janeiro, 9ª Festival do Rio 2007 e 7ª Goiânia Mostra Curtas.


segunda-feira, novembro 05, 2007

Leminski no Youtube


Tem um vídeo bacana rolando no youtube com Paulo Leminski.


Entre algumas pérolas, a certa altura ele diz:

"Ser poeta aos 17 anos é fácil. Aos 17 anos todo mundo é poeta. Eu quero ver alguém continuar acreditando em poesia aos 22, aos 34, aos 40, aos 60 anos...."

Confira aí:

http://www.youtube.com/watch?v=oEXklTvm3aU


terça-feira, outubro 30, 2007

Um poema de LEMINSKI traduzido pro inglês



BEM NO FUNDO


no fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela - silêncio perpétuo

extinto por lei todo remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos pra passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas



PAULO LEMINSKI

****

DEEP DOWN

deep down, deep down,
so very deep down,
we'd like
to see our problems
resolved by decree

from this day on,
that sorrow without remedy
is considered null
and in its place - perpetual silence

by law all remorse extinct,
damned be those who look back,
back there there is nothing,
and nothing more

but problems do not resolve themselves,
problems have a big family,
and on Sundays they all go for a stroll
mister problem, his mistress
and other tiny little problems




Traduzido por Rodrigo Garcia Lopes e Marco Alexandre de Oliveira



sábado, outubro 27, 2007

Alguns aforismas de EZRA POUND

EZRA POUND: AFORISMAS

Tradução: Rodrigo Garcia Lopes

*

Um homem que sabe realmente é capaz de dizer tudo em poucas palavras.

*

Um escravo é alguém que espera outra pessoa vir libertá-lo.

*

Um clássico não é um clássico porque se conformar a certas regras estruturais, ou se encaixar em certas definições (das quais o autor provavelmente nunca ouviu falar). É clássico porque possui um frescor determinado e irrepreensível.

*

A maioria dos escritores carece de caráter e não de inteligência.

*

A linguagem existe para servir o pensamento, não para ser preservada num museu.

*

Não há democracia nas artes.

*

A poesia é um tipo de matemática inspirada, que nos dá equações, não para figuras abstratas, triângulos, esferas, e coisas do tipo, mas equações para as emoções humanas.



quinta-feira, outubro 25, 2007

Entrevista com Ademir Assunção na Etcetera

Uma entrevista longa e muito legal que o Ademir Assunção deu no ano passado para a revista Etcetera, de Curitiba

http://www.revistaetcetera.com.br/17/ademir_entrevista/index.html

Orfanato Portátil

O amigo e poeta Marcelo Montenegro, da terra do glorioso azulão, está de volta com seu blog Orfanato Portátil:

http://marcelomontenegro.blog.uol.com.br/

Satori Uso em Barcelona e no Rio nesta sexta


O curta londrinense "Satori Uso", uma produção da Kinoarte com direção de Rodrigo Grota, será exibido nesta sexta em Barcelona e no Rio de Janeiro. Na Espanha, o filme será exibido no Espaço DAeDAlus (C/ Trafalgar, 48, interior 1º b) às 20h30, com entrada franca. Após a sessão, haverá um debate com a assistente de direção Mariana Soares. No Rio de Janeiro, o filme integra a Competição Nacional do Curta Cinema – Festival Internacional de Curtas Metragens do Rio de Janeiro nesta sexta, às 16h, no Cine Santa; e no domingo, dia 28, às 19h30, no Odeon – as duas sessões têm entrada franca. No último fim de semana, o filme inspirado na obra de Rodrigo Garcia Lopes recebeu uma menção honrosa na IV Mostra Curta Pará Cine Brasil. "Satori Uso" é uma realização da Kinoarte com patrocínio da Prefeitura de Londrina.