“O médico disse que ele vai sair dessa.” As palavras de alívio são da atriz Fernanda D’Umbra, ex-mulher de Bortolotto. Ela contou que na manhã de ontem, os médicos disseram que a expectativa é de que os sedativos sejam retirados até amanhã. “O médico disse que ele não terá nenhuma sequela”, contou.
No domingo, Mario Bortolotto teria recuperado a consciência por alguns momentos e se comunicado com a filha, que mora em Londrina. “Ele já acordou e se emocionou muito quando viu a filha, conseguindo se comunicar mexendo as sobrancelhas. Ele é forte e vai se recuperar”, disse a atriz.
Fernanda teve papel importante no atendimento ao dramaturgo, que levou quatro tiros - um deles atingiu o tórax e feriu o coração. Em razão da grave hemorragia, foi dela a sugestão para que não se esperasse pela ambulância e o transporte fosse feito pela viatura da Polícia Militar. “O médico realmente disse que nunca viu uma pessoa com esses ferimentos chegar com vida. Que foi a rapidez”, comentou a atriz.
Muito emocionada e abalada, Fernanda contou que chegou por volta das 5 horas da manhã ao Espaço Parlapatões, onde um grupo de amigos estava no bar do teatro após a apresentação da meia-noite da peça “Brutal”, de autoria de Bortolotto. “Eu e o Reinaldo Moraes [escritor] entramos e os ladrões aproveitaram a porta aberta para invadir também. Eu só vi que tudo estava acontecendo quando entrei no bar e fui cumprimentar a proprietária”, lembra.
Após a ordem de que todos se abaixassem, Fernanda contou que pouco viu o que aconteceu, mas Moraes chegou a presenciar os instantes antes dos disparos. Ele disse que o dramaturgo reagiu ao ver a atriz Guta Ruiz sendo agredida por uma coronhada. “Eu ouvi a Guta dar um grito e levar uma coronhada. O Mario ficou indignado e partiu para cima de um dos ladrões gritando para que ele atirasse. Ele é assim, meio estourado”, lembra Moraes.
Ajuda Fernanda lembrou que Bortolotto precisará de apoio financeiro para a recuperação. Ela pediu para que amigos e artistas realizem atividades e atos artísticos para a arrecadação de fundos. “Ele terá um longo caminho para ficar bom, mas vai. Só que precisa da ajuda financeira de quem puder para que possa pagar todos os custos, que são altíssimos.”
Homenagens ao dramaturgo
Escritores, intelectuais, jornalistas, artistas e amigos do dramaturgo Mário Bortolotto realizam hoje, às 20 horas, um ato público em solidariedade, na Vila Cultural Cemitério de Automóveis (Rua João Pessoa, 103). Serão feitas leituras de poesias, textos e trechos de peças escritas por ele, com a participação do poeta Rodrigo Garcia Lopes, do dramaturgo Maurício de Arruda Mendonça, da poetisa Beatriz Bajo, da jornalista e escritora Célia Musili, entre outros. A entrada é gratuita e o espaço estará aberto para participação de outros interessados em prestar sua homenagem.
Bortolotto iniciou em Londrina sua carreira como dramaturgo, ator e escritor e mudou-se para São Paulo na década de 1990, onde recebeu reconhecimento. Entre os trabalhos está a peça premiada pela Associação de Críticos de Arte (APCA), “Nossa vida não vale um Chevrolet”, adaptado para o cinema. Além do teatro, o dramaturgo também tem uma banda de rock que se apresenta regularmente na noite paulistana, além de estar envolvido em vários outros trabalhos e na recuperação cultural, através do teatro, da Praça Roossevelt, área degradada no centro da capital paulista e tradicional reduto da cena teatral paulistana. (F.A.)
Um comentário:
Andei falando (escrevendo via orkut na real) com recém conhecidos (o desespero de não achar notícias hoje na net, fui abusando).
Tenho uma dúvida, apesar de uma vez ter participado da produção do FILO: O Mário já foi convidado (selecionado) alguma vez para participar ou ele (daquele jeito dele) nunca quis?
Que bom ter notícias diretas de Fernanda de que ele está bem e ficará sem sequelas. Espero muito sucesso do espetáculo e na arrecadação. Bjs
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