sábado, fevereiro 09, 2008

FUGAZ


FUGAZ


Passagem por uma paisagem,

lugar do onde, do ontem, do quando,

quantas palavras ficaram faltando

na boca cheia de imagens.


O outro é aquele que ficou a margem,

no espanto de um pronome,

no corpo de uma brisa suave;

o outro é como uma fome,

pluma à deriva, à distância, ou quase.


Estranho em sua própria viagem,

garrafa com uma mensagem,

olhar durando numa flor,

sem nome, secreta, selvagem.


Desterro, água bebida num trem,

peça incompleta, festa adiada, vertigem,

a cabeça sempre em alguém:

eu outro, eu todos, ninguém.




Rodrigo Garcia Lopes, poema de Visibilia (Travessa dos Editores)

Um comentário:

Rodrigo garcia Lopes disse...
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