sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Palavras Mágicas, de NALUNGIAQ

Palavras Mágicas/ (segundo Nalungiaq)/ Esquimó

Em tempos ancestrais

quando pessoas & animais viviam na terra,

uma pessoa podia virar um animal se quisesse

e um animal podia virar um ser humano.

Às vezes eram pessoas

e às vezes animais

e não havia diferença.

Todos falavam a mesma língua.

Naquele tempo as palavras eram mágicas.

A mente humana tinha poderes misteriosos.

Uma palavra dita ao acaso

podia ter conseqüências estranhas.

De repente ela ganhava vida

e o que as pessoas queriam que acontecesse, acontecia.

Só o que era preciso era dizer.

Como explicar isso?

As coisas eram assim.

(De "Shaking the Pumpkin", antologia de Jerome Rothenberg

Tradução: Rodrigo Garcia Lopes

Fonte: In Knud Rasmussen, The Netsilik Eskimos, Report of the 5th Thule Expedition, Copenhagen, 1931.

Nota: “A xamateca Nalungiaq definia-se como “uma mulher comum”, tendo aprendido o poder das “palavras mágicas” (= poesia) com um tio, também xamã. O comum era não usar a fala ordinária e sim a linguagem dos xamãs, em que todas as coisas & seres eram chamados por nomes diferentes do que eram conhecidos. A consciência esquimó é notável por sua compreensão do processo poético básico”. (Rothenberg, SP, 405)

2 comentários:

Erly Welton Ricci disse...

Posso tomar esse poema emprestado para publicar no meu blog: (diarréias literárias) erlywelton.blog.uol.com.br

Com os devidos créditos, pois não?

Erly Welton Ricci disse...

Posso tomar este poema emprestado para postar no meu blog www.erlywelton.blog.uol.com.br?