A DEUSA BRANCA
A deusa lua entra no salão de espelhos, em transe:
para onde olha, linguagem (vibrátil), estranhos
estilhaços de um corpo que mutua-
mente se reflete: até o infinito. &
feitos da mesma imagem
(que se rebate)
até o infinito.
Um jogo de tênis nas galáxias.
Num estuário branco
a imagem da TV no cenário vazio
é resíduo de sonho.
A Memória pergunta-se do antes,
antes dos espelhos se espatifarem
na praia do universo.
No Livro dos Mortos, Antes era o nome
de um local desconhecido
onde se adorava a Boa-Luz.
"Foi a deusa lua, a mesma que
ao refletir-se numa quina de linguagem
e querer-se ilha
fez de si um eclipse de possibilidade".
( ( ( O ) ) )
"Não há tempo nem história, aqui".
Quer dizer que o tempo
é agora?"
"O poema é uma verdade portátil".
Rodrigo Garcia Lopes (Em Polivox, Azougue, 2001)
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