quarta-feira, novembro 25, 2009

AO COIOTE (Jorge Luis Borges, tradução Josely Vianna Baptista)


Século a século a areia infindável
Dos diversos desertos têm sofrido
Teus passos numerosos e o ganido
De chacal cinza ou hiena insaciável.
Por séculos? Eu minto. Essa furtiva
Substância, o tempo, não te alcança, lobo,
Teu é o puro ser, teu é o arroubo,
Nossa, a torpe vida sucessiva.
Foste um latido quase imaginário
Nos confins do Arizona, nessa areia
Onde tudo é confim, e se incendeia
Teu perdido latido solitário.
Símbolo de uma noite que eu possuía,
Seja teu vago espelho esta elegia.



JORGE LUIS BORGES
Tradução: Josely Vianna Baptista

Nenhum comentário: