domingo, novembro 15, 2009

AGHARTA (Rodrigo Garcia Lopes)




No rosto das sombras arrecio, spray, salito.

Espaço maciço e sem estrelas, presença no avesso

de si mesma, fulgor de ossos, unipensamento.

Sefiras ardem em vazios — névoa muezin

dobra-me e

se me-

dita. Nossos gestos sobrepostos escapam

(emblema de instantes).

A praia rege ondas com seus acenos de ventos,

sua corola ocular:

áspero, acre olor de enquanto.

Rastilho de vagalumes acesos (ao tocá-los).

O movimento queima.

O arder do corpo impermanece. Dispara

no som que bebe o estampido rouco (eco)

de sua imagem (sem sentido). O corpo, nomádico,

imprime lucilâncias

no ombro do Céu, asceta.






Rodrigo Garcia Lopes (Visibilia, Travessa dos Editores, 2005)

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