"Storm the Reality Studio, and retake the universe" ("Assaltem o Estúdio Realidade, e retomem o universo") WILLIAM S. BURROUGHS
domingo, abril 27, 2008
DIZER
dizer é bem mais que falar:
dizer é deixar (o ser desse dizer) ser
fazer com que as coisas digam
delas mesmas se pudessem, dizer.
por isso dizemos: isto diz,
como se disséssemos: "isto é feliz".
dizemos sempre perto
e queremos falar longe
abismo é não-dizer, simplesmente,
quando, onde, algo, digo,
foi dito
na mente
deslizar pelos desvios
(não a fala que só fala,
mas de sentidos sendo)
e depois sair do mar da sala
dizer é bem mais que dizer
dizer é só não querer
a alma calada, parva,
é fazer das coisas
bem mais que palavras.
(Rodrigo Garcia Lopes, poema de Polivox, editora Azougue Ediorial, 2001)
sábado, abril 26, 2008
NEUZA ENCANTA LEMINSKI
Show com Neuza Pinheiro
Sesc Pompéia- São Paulo
quarta-feira, abril 23, 2008
ESCRITO NUM HOTEL
O que nos leva a escrever
Se até o tempo, escrita da mente,
Desmente estar ali para entreter
Até o tempo se fechar, até a luz se resumir?
O primeiro gesto que a detona
É o eco da palavra que a devora
Exibindo seu osso e seu recheio
Como vem, de seu impulso dono - ou dona.
É para confundir os registros
Que a luz num quarto se anuncia.
E é para tornar-se ainda mais lúcida
Que a mão, distraída, nos escreve. E pára.
Rodrigo Garcia Lopes (Em Polivox, Azougue, 2001)
quinta-feira, abril 17, 2008
De "Canção de Mim Mesmo", de WALT WHITMAN (1855)
[...]
Solitário à meia-noite no quintal, meus pensamentos partem de mim por muito tempo,
Andando pelas antigas colinas da Judéia ao lado do deus belo e gentil;
Acelerando pelo espaço . . . . acelerando pelo céu pelas estrelas,
Acelerando entre os sete satélites e o imenso anel e seu diâmetro de oitenta mil milhas,
Acelerando com o rabo dos meteoros . . . . lançando bolas de fogo com eles,
Levando a cria crescente que traz sua mãe cheia em seu ventre:
Se enfurecendo adorando tramando amando avisando,
Pra trás e pra frente, surgindo e sumindo,
Noite e dia cruzo esses caminhos.
Visito os pomares de Deus e contemplo seus esféricos produtos,
Considero os quintilhões já maduros e os quintilhões ainda verdes.
Meu vôo é o vôo de uma alma fluida e voraz,
Minha trajetória profunda além do alcance das sondas.
Vou me servindo do material e do imaterial,
Não há vigilância que me pegue, nem lei que me proíba,
Ancoro minha nave só por um segundo,
Meus mensageiros não param de partir ou trazer seus relatos pra mim.
Saio à caça de peles polares e focas . . . . salto abismos com uma vara afiada . . . . me
agarro nos picos quebradiços e azuis.
Subo no mastro da proa . . . . já noite alta me ajeito no cesto da gávea . . . . navegamos
pelo ártico . . . . tem luz o bastante,
Pela atmosfera transparente me espreguiço na beleza maravilhosa,
Massas imensas de gelo passam por mim e eu por elas . . . . o cenário é claro em todas as direções,
Montanhas com seus picos brancos apontam na distância, lanço minhas fantasias até elas;
Chegamos a um grande campo de batalha onde logo entraremos em ação,
Passamos pelos postos avançados colossais dos acampamentos . . . . passamos com pés silenciosos e cautela,
Ou entramos nos subúrbios de uma imensa cidade arruinada . . . . [...]
Trecho de "Song of Myself, de Walt Whitman
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes
Em Folhas de Relva (Iluminuras 2005)
quarta-feira, abril 16, 2008
ÚLTIMAS PALAVRAS DE DAVID THOREAU
A DEFENSE (cut up, New York Times)
A defense official says a missile launched from a U.S. Navyship in the Pacific hit a decaying U.S. Spy satellite 130 miles above Earth's surface. The results of the strike are still unclear. Official says a missile launched from a U.S. Navy ship in the Pacific hit a decaying U.S. Spy satellite 130 miles above Earth's satellite. The results a defense official says a missile launched from a
domingo, abril 13, 2008
terça-feira, abril 08, 2008
THOTH
domingo, abril 06, 2008
O OURO outro que gira seu olhar a leste
deste outono de granitos
é dia que acaba (mas não
em nossa mente)
em outra trilha (Noite, Nut,
nosso
Norte).
Portões serão abertos: deuses
hiptonizam lagos
Que se calam, mas falam
Sob águas falsas, sob si, onde toda
mudança está.
As chaves pesam,
paredes se derretem
diante do segredo.
A pressa submerge.
- Tempos e espaços são criados
enquanto passam:
no luminoso, batido pela chuva
magnética, a chama do É & do Não É.
No rádio a voz da lua,
Em espirais de vento & fogo:
Ondas
Pensando-as
(pois ser e pensar são uma coisa só).
Parmênides,
Príncipe das marés,
O ser recua sob nossos pés
Grutas se iluminam
Azuis se espalham
Abraçam a musa Vácuo
Céu e Via Láctea
se beijam
enquanto levitam neste sopro
nessa água que se apaga,
de repente,
num canto da mente.
Rodrigo Garcia Lopes
de Polivox (Azougue Editorial, 2001)