quarta-feira, abril 23, 2008

ESCRITO NUM HOTEL


O que nos leva a escrever

Se até o tempo, escrita da mente,

Desmente estar ali para entreter

Até o tempo se fechar, até a luz se resumir?


O primeiro gesto que a detona

É o eco da palavra que a devora

Exibindo seu osso e seu recheio

Como vem, de seu impulso dono - ou dona.


É para confundir os registros

Que a luz num quarto se anuncia.

E é para tornar-se ainda mais lúcida

Que a mão, distraída, nos escreve. E pára.



Rodrigo Garcia Lopes (Em Polivox, Azougue, 2001)

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