A nova edição da revista Cult (152) traz um artigo meu sobre Allen Ginsberg.
O uivo vivo de Allen Ginsberg
Acesse a matéria aqui:
Como na edição o espaçamento original acabou ficando sacrificado, republico o começo de "Howl", em minha tradução, aqui:
De "Uivo"
para Carl Solomon
Eu vi as melhores cabeças da minha geração destruídas pela loucura,
famintos histéricos nus,
se arrastando na aurora pelas ruas do bairro negro
na fissura de um pico,
hipsters de cabeça feita anjos
ardendo por uma conexão celestial e ancestral com o dínamo estrelado na maquinaria da noite,
que pobreza e farrapos
e olhos ocos e loucos sentaram fumando na escuridão sobrenatural dos apartamentos sem calefação flutuando pelos tetos das cidades contemplando jazz,
que despiram seus cérebros ao Céu sob o El
e viram anjos muçulmanos cambaleando sobre telhados e iluminados
,
que passaram por universidades com olhos serenos e radiantes alucinando Arkansas e tragédias de luz-Blake
entre os mestres de guerra,
que foram expulsos de universidades por pirarem & publicarem odes obscenas nas vidraças do crânio,
que se encolheram em quartos barbudos e de cuecas, queimando dinheiro em cestos de lixo e escutando o Terror pela parede,
que levaram uma geral nos pentelhos voltando via Laredo
com um cinturão de maconha rumo a Nova Iorque,
que engoliram fogo em hotéis de quinta
ou beberam terebentina no Beco do Paraíso
, morte, ou purgatoriando seus torsos noite a noite
com sonhos, com drogas, com pesadelos despertos, álcool e caralho e escrotos e fodas infinitas
[...]
Trecho inicial de "Howl"
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes