quinta-feira, novembro 04, 2010

PAISAGEM TRANSPARENTE





Neblina e montanha transam na manhã de chuva.

Mata espessa se adensa, ciprestes, alvos agora

Dos afetos kabuki da fumaça. A montanha respira, quase

some, sem


coragem de sugar o incorpóreo de uma só vez.

Manchas de silêncio.

O mar, perto,

permanece à margem

Como um sonho que não conseguimos lembrar
enquanto

o corpo se inquieta

com o ainda-não da mente


— Escultura cinética. O olho

       olha, atento, ao que acontece aqui,


entre escrito, neblina e montanha, neste momento.








rodrigo garcia lopes - polivox - 2001

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