quarta-feira, setembro 22, 2010

ALTERIDADES





Traduzir o outro no assombro
da palavra terrível, sombra
num muro cujos signos escombros
reportam-nos a outros, Solombra.

Cair por terra, diante de si,
onda que desmorona seu ser
delírio de Gauguin no Taiti
vertigem do não reconhecer

o que nós mesmos concebemos:
como vozes trazidas por um rito
aparição de vida no que vemos
livro dos mortos do Egito

Um aqui sem ninguém, agora
pleno de talvez, sem imagem
a paralisar a magia da flora:
verbo que faz de si sua paisagem.





Rodrigo Garcia Lopes (em Nômada, lamparina, 2004)

Um comentário:

Álvaro Andrade disse...

que bonito. "No começo, era o Verbo".

Bacana o blog, parabéns!

Abraço.