terça-feira, junho 01, 2010

WILSON BUENO



Chocado e muito triste com a morte de Wilson Bueno, poeta, escritor, um de nossos melhores. Assassinado. Em sua casa, em Curitiba. Estou sem acreditar até agora. Estou inconformado com este crime bárbaro. Havia me comunicado com ele por e-mail naquela mesma noite. 61 anos. Estava trabalhando, feliz e cheio de projetos. Ele escreveu: "Entrei na sagrada linha - branca - dos sexagenários. Acho que tenho já este direito. Jubilado do serviço público, de agora em diante, cuidarei exclusivamente de minhas ficções. Vai chegar o dia em que não precise mais, te juro, dar entrevistas".


Wilson Bueno era um grande talento. Tinha estilo próprio. Estava escrevendo cada vez melhor, com mais pegada, concisão e trabalho de linguagem. Poderia ter ficado no esquema à la João Antonio de Bolero's Bar, seu primeiro. Mas não. Além de poeta de primeira, inovou na prosa. Um poeta sem pose e com poesia, como gosto de dizer, não como tantos que andam por aí. Primeiro, com seu inventivo Mar Paraguayo, pioneiro do "portunhol selvagem" de que se fala tanto hoje. Inovando e superando-se a cada livro, experimentando com formas de narrar, desde a paródia da linguagem do século 19 em Amar-te a Ti Nem sei Com Carícias, até um de seus últimos, A Copista de Kafka, que ele considerava seu melhor. e outros. 


Uma personalidade forte, às vezes difícil, mas sempre bem-humorado. Foi meu "chefe" quando trabalhamos juntos em 89, no Nicolau, uma época da qual tenho muita saudade. O Nicolau, que aglutinou tantos talentos em suas páginas e fez história. Mais uma perda para a literatura paranaense. O fato dele ser um de nossos grande nomes literários é fruto de muita leitura, esforço e obstinação. Lembro-me que, quando Leminski morreu, em 89, ele prometera parar de beber. De lá pra cá sua obra deu um salto. Ele se profissionalizou e ficou cada vez mais focado na literatura. É simplesmente inacreditável o que aconteceu.Trabalhei no Nicolau, junto com ele, Josely Vianna Baptista, Guinski, Iara Lessa, em 1989, na fase gloriosa do jornal. Muitas histórias. Noitadas, risadas, e tristezas compartilhadas também. Sempre foi generoso com meus livros. Lembro que quando Leminski morreu ele disse que prometera a si que ia parar de beber. E parou. Sua carreira tomou um outro rumo. 


Um grande perda para a literatura brasileira.

Um comentário:

Adriana Peliano disse...

Também fiquei tristíssima com a morte do wilson. ficamos muito amigos nos meses antes de sua morte. fiz esse blog em homenagem a nossa amizade e aos trabalhos que fizemos juntos (ilustrei alguns de seus textos).

http://wilsongrandeamigo.blogspot.com/

como foi a homenagem na casa das rosas?