sexta-feira, junho 04, 2010

NO DIVÃ DE SIGMUND (poema de Rodrigo Garcia Lopes)



NO DIVÃ DE SIGMUND



Penso com paixão.
Doktor Zen vive desprezando as palavras
E, como emérito especialista em miudezas,
Diz silenciar meus gestos mais bruscos.
Para meu próprio bem.
Embora, perplexo, no escuro,
Sempre acabe confessando seu
Ignorante amor.
Bogey não: "Ele tem a língua afiada
E nunca deixa de dizer
exatamente tudo".
Traço os limites do real a giz
E me jogo nas poltronas da emoção.
Uma luz se acende.
"Aguardando resposta".
"Meu amor nunca se envolve em grandes causas
nem em crime insolúveis".
Cigarro no canto da boca,
Olhar enigma,
Aquele beijo que trocamos na mansão
Sob os olhares discretos dos mordomos.






Rodrigo Garcia Lopes (Em Solarium, Iluminuras, 1994)

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