CIDADE
Sou um efêmero e não muito descontente cidadão de uma metrópole que julgam moderna porque todo estilo conhecido foi excluído das mobílias e do exterior das casas bem como do plano da cidade. Aqui você não nota rastros de nenhum monumento de superstição. A moral e a língua estão reduzidas às expressões mais simples, enfim! Estes milhões de pessoas que nem têm necessidade de se conhecer levam a educação, o trabalho e a velhice de um modo tão igual que sua expectativa de vida é muitas vezes mais curta do que uma estatística maluca encontrou para os povos do continente. Assim como, de minha janela, vejo novos espectros rolando pela espessa e eterna fumaça de carvão, — nossa sombra dos bosques, nossa noite de verão! — as novas Erínias, na porta da cabana que é minha pátria e meu coração, já que tudo aqui parece isto, — Morte sem lágrimas, nossa filha ativa e serva, um Amor desesperado, e um Crime bonito uivando na lama da rua.
ARTHUR RIMBAUD
Escrito em Londres
In Iluminuras Gravuras Coloridas (Iluminuras, 1994)
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça
4 comentários:
Rodrigo,
muito impressionante este texto, como tudo em Rimbaud. Queria saber quando ele escreveu esse. Quando ele escreveu?
Um abraço,
Adriana.
RODRIGO LIGUE PARA PEDRINHO RENZI...
PRECISO CONVERSAR...
16 33225386 ARARAQUARA SP BR.
OBRIGADO saudações fraternas!!!
olá, rodrigo, bela tradução. vc conhece o livro ´rimbaud e jim morrison - os poetas rebeldes`, de wallace fowlie? supimpa. em tempo: sou o marquinhos, uel 82/2 (turma do careca, riba, jotabê, fred etc.), um dos cúmplices vocais (em noite teatral) da canção ´boa noite pessoal, vão passando mal, à sua frente um cantor banal...`. anos luz. abraço
Rimbaud!
que beleza!
Um beijo, Rodrigo.
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