Vende-se o que os Judeus não venderam, o que nem a nobreza nem o crime
provaram, o que o amor maldito e a honestidade infernal das massas ignoram;
o que nem a ciência nem o tempo reconhecem;
As vozes restauradas, o despertar fraterno de todas as energias corais e
orquestrais e suas aplicações instantâneas; ocasião única de liberar nossos
sentidos!
Vende-se Corpos sem preço, de qualquer raça, de qualquer mundo, de
qualquer sexo, de qualquer descendência! Riquezas brotando a cada passo!
Saldo de diamantes sem controle!
Vende-se anarquia para as massas; satisfação irreprimível para amadores
superiores; morte atroz para os fiéis e os amantes!
Vende-se casas e migrações, esportes, magias e comfortos perfeitos, e o ruído,
o movimento e o futuro que eles fazem!
Vende-se aplicações de cálculo e saltos inauditos de harmonia. Achados e
termos sem suspeita, entrega imediata,
Impulso insensato e infinito aos esplendores invisíveis, às delícias insensíveis,
— e seus segredos enlouquecedores para cada vício — e uma alegria
assustadora para a multidão.
Vende-se Corpos, vozes, a inquestionável opulência imensa, que nunca será
vendida. Os vendedores têm muitos estoques para liquidar! Os viajantes não
precisam ter pressa para entregar as encomendas!
ARTHUR RIMBAUD
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça. (Em Iluminuras: Gravuras Coloridas, Iluminuras 1994)
Um comentário:
recVenho sempre aqui.
O RIMBAUD é demais mesmo. Grande abraço.
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