sexta-feira, outubro 05, 2012

Romance Policial


ROMANCE POLICIAL



A lanterna da lua banhava o morto.
No rosto do detetive, nenhum sopro
A não ser o ar pesado do mangue, o corpo
Caído, espesso sangue, e o pouco
Dito pelo policial com cara de mau
Que agora segurava um castiçal
Interrogando a loira de olhos negros
Que trabalhava para um restaurante grego
Da grana e dos bilhetes estranhos no porta-luvas,
Do estranho esgar de sorriso, do sangue em sua luva.
E antes que a canção no rádio acabe
Ele diz: "Para salvá-la, só um milagre".
Nas mãos, a carta rasgada ao meio, garrafa de uísque
Pela metade. Mas ainda é cedo para que ele se arrisque.
Nada ficou claro nos depoimentos, de como essa sereia
Foi encontrada pela estrada à lua cheia:
"Do que não se pode falar, deve se calar",
Ela disse, bem no momento dele virar
E ser beijado por seus lábios fatais.
A lua aumentava seus cristais.
Seguiu-se um minuto de silêncio
E os grilos pontuavam um indício. Ela disse:
"As pistas estão em toda parte, em seu diário,
No dia dezesseis em vermelho no calendário".
Enquanto o detetive revistava a lua
A loira derramou uma poção branca na sua
Garrafinha de uísque. "Nessa profissão, é preciso jeito
Para resolver este quase crime perfeito".
Ela não dizia nada, ou quase nada, só o olhava
Sabendo que a verdade estava em cada palavra.
A esta altura, tudo parecia bem nítido
E agora ele a forçava a beber o líquido.


Rodrigo Garcia Lopes

2 comentários:

F.G.M. disse...

Será um pouco oportuno comentar aqui neste poema - mas o farei. Admiro suas traduções - tenho quase todas elas, obrigado pelo seu trabalho. Conheço pouco da sua poesia, mas, pelo pouco conhecimento que dela tenho, posso supor algo extremamente diferente, ainda inacessível, e que pressupõe o anseio de todos nós: o novo. Só este critério já me convence da qualidade.

Bom, é isso,

Felipe Garcia de Medeiros.

Rodrigo garcia Lopes disse...

Obrigado pelo comentário, Felipe. Voce acha meus livros na estante virtual. Logo terei um site com minha obra, abraço, R