Peça escrita pelo meu bróder, Maurício Arruda Mendonça, que traduziu comigo Sylvia Plath: Poemas (Iluminuras, 1990) estreia dia 27 no Rio. Confiram!
"Storm the Reality Studio, and retake the universe" ("Assaltem o Estúdio Realidade, e retomem o universo") WILLIAM S. BURROUGHS
quinta-feira, outubro 25, 2012
sexta-feira, outubro 05, 2012
Romance Policial
ROMANCE POLICIAL
A lanterna da lua banhava o morto.
No rosto do detetive, nenhum sopro
A não ser o ar pesado do mangue, o
corpo
Caído, espesso sangue, e o pouco
Dito pelo policial com cara de mau
Que agora segurava um castiçal
Interrogando a loira de olhos
negros
Que trabalhava para um restaurante
grego
Da grana e dos bilhetes estranhos
no porta-luvas,
Do estranho esgar de sorriso, do
sangue em sua luva.
E antes que a canção no rádio
acabe
Ele diz: "Para salvá-la, só
um milagre".
Nas mãos, a carta rasgada ao meio,
garrafa de uísque
Pela metade. Mas ainda é cedo para
que ele se arrisque.
Nada ficou claro nos depoimentos,
de como essa sereia
Foi encontrada pela estrada à lua
cheia:
"Do que não se pode falar,
deve se calar",
Ela disse, bem no momento dele virar
E ser beijado por seus lábios
fatais.
A lua aumentava seus cristais.
Seguiu-se um minuto de silêncio
E os grilos pontuavam um indício.
Ela disse:
"As pistas estão em toda
parte, em seu diário,
No dia dezesseis em vermelho no
calendário".
Enquanto o detetive revistava a
lua
A loira derramou uma poção branca
na sua
Garrafinha de uísque. "Nessa
profissão, é preciso jeito
Para resolver este quase crime
perfeito".
Ela não dizia nada, ou quase nada,
só o olhava
Sabendo que a verdade estava em
cada palavra.
A esta altura, tudo parecia bem
nítido
E agora ele a forçava a beber o
líquido.
Rodrigo Garcia Lopes
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