quarta-feira, outubro 07, 2009

AURORA, poema de ARTHUR RIMBAUD (Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça)

AURORA



Eu abracei a aurora de verão.

Nada ainda se mexia na fachada dos palácios. A água estava morta.

Acampamentos de sombras não deixavam a trilha do bosque. Eu marchava, despertando hálitos vivos e cálidos, e as pedrarias espiavam, e as alas se levantavam sem um som.

A primeira missão foi, num atalho já cheio de centelhas frescas e pálidas, uma flor que me disse seu nome.

Sorri para a loira wasserfall que se descabelava através dos pinheiros; reconheci a deusa no cimo de prata.

Então, um a um, levantei os véus. Nas alamedas, agitando os braços. Pela planície, onde a denunciei ao galo. Na cidade grande ela fugia entre cúpulas e campanários, e correndo como um mendigo entre docas de mármore, eu a caçava.

No alto da trilha, perto de um bosque de louros, eu a envolvi com seu monte de véus, e senti um pouco seu corpo imenso. A aurora e a criança caíram na beira do bosque.

Ao acordar, meio-dia.




ARTHUR RIMBAUD

Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça (Em Iluminuras, Iluminuras, 1994)

3 comentários:

patricia mc quade disse...

como é linda essa Aurora mulher.

belíssima tradução.

Samantha Abreu disse...

Ah, vocês dois...
(ou três, eu diria)

anjobaldio disse...

Arrepiante!