terça-feira, novembro 18, 2008

Poema de Wislawa Szymborska na COYOTE 18


Poemas da poeta polonesa Wislawa Szymborska (Prêmio Nobel de Literatura de 1996) são uns dos destaques na nova COYOTE. Confira um dos poemas, na tradução de Regina Przybycien:


O TERRORISTA, ELE OBSERVA


A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.

Agora são só treze e dezesseis.

Alguns ainda terão tempo de entrar.

Alguns de sair.

O terrorista já cruzou para o outro lado da rua.

A distância o protege de qualquer perigo

e a vista, bom, é como no cinema:

Uma mulher de casaco amarelo, ela entra.

Um homem de óculos escuros, ele sai.

Uns jovens de jeans, eles conversam.

Treze e dezessete e quatro segundos.

Aquele cara mais baixo tem sorte, sai de lambreta,

Aquele mais alto entra.

Treze e dezessete e quarenta segundos.

Uma moça, ela passa com uma fita verde no cabelo.

Só que o ônibus a encobre de repente.

Treze e dezoito.

A moça sumiu.

Se foi tola de entrar ou não

vai se saber quando os carregarem para fora.

Treze e dezenove.

Parece que ninguém mais entra.

Aliás, um gordo careca sai.

Remexe os bolsos como se procurasse algo

e faltando dez segundos para as treze e vinte

volta para buscar a droga das luvas que perdeu.

São treze e vinte.

O tempo, como ele voa.

Deve ser agora.

Ainda não.

É agora.

A bomba, ela explode.




Wislawa Szymborska

Tradução: Regina Przybycien

3 comentários:

Pó & Teias disse...

Hola, Rodrigo!

Muito bom este poema, porém nossa realidade é outra,apesar de mesma!
Sem ninguém que explode literalmente!

Pó & Teias disse...

Hola, Rodrigo!

Apesar de que, aparentemente, nossa realidade é outra,apesar de quê ninguém explode literalmente, os fatos sucedem-se assim, um atrás do outro, significativos, desprezados ou extremamente significativos; entrelaçados!

Anônimo disse...

da pesada esse poema, rodrigo. abraço. lepre.