"Storm the Reality Studio, and retake the universe" ("Assaltem o Estúdio Realidade, e retomem o universo") WILLIAM S. BURROUGHS
domingo, novembro 30, 2008
IN A SILENT WAY
para Miles Davis
folhas soltas
idéias-folhas
poucas
nessa sala
a fumaça
vaza
embaça
a vidraça
dessa quase manhã
um silêncio
se instala
na casa vazia
na varanda
só a mais solta
idéia de vazio
(concha onde
pérola alguma
se esconde)
ao invés -
dias e dias se passam
sem nenhuma
mais completa
idéia de vazio:
um sol pousa
desliza, rebrilha
em cada folha
Rodrigo Garcia Lopes (em Polivox, 2001)
quinta-feira, novembro 27, 2008
O TIGRE (fábula de Franz Kafka)
O TIGRE
Certa vez um tigre foi trazido a Burson, célebre domador de animais, para que ele desse sua opinião sobre a possibilidade de se domesticar o animal. A pequena jaula com o tigre foi empurrada até a jaula de treinamento, que tinha as dimensões de uma sala pública; ficava dentro de uma imensa tenda de acampamento bem longe da cidade. Os assistentes se retiraram: Burson sempre queria estar completamente só com o animal no primeiro encontro. O tigre deitava imóvel, tendo acabado de ser bem alimentado. Ele bocejou um pouco, olhou com olhos cansados para seus novos arredores, e imediatamente adormeceu.
FRANZ KAFKA
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes
segunda-feira, novembro 24, 2008
SUTILEZAS, ESCURIDÃO E SILÊNCIOS
Edição integral de Ariel, de Sylvia Plath, mostra uma poeta a debater-se entre a vida e a morte
Vilma Costa • Rio de Janeiro – RJ
Ariel
Sylvia Plath}
Trad.: Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lenz de Macedo
Verus
209 págs.
Ariel, de Sylvia Plath, edição restaurada e bilíngüe com manuscritos originais, pretende trazer a público a leitura desses poemas sob nova perspectiva. Foi editado pela primeira vez em 1965, pelo poeta Ted Hughes, marido de Sylvia, omitindo alguns poemas e acrescentado outros, segundo seus próprios critérios de seleção, contrariando a proposta de organização deixada pela autora ao suicidar-se em 1963. Em 2004, por iniciativa da filha do casal, Frieda Hughes, é publicada uma nova edição revisada, desta vez dentro da proposta inicial.
O novo volume inclui textos datilografados e revisados pela autora, em inglês, com a correspondente tradução, manuscritos e originais, através dos quais é possível se ter uma visão mais próxima desse rico e complexo processo de criação poética. Traz também um anexo de notas, no qual são apresentados cada poema, data de produção e alguns comentários com a intenção de facilitar a leitura.
Fato é que, por mais que se persiga o objetivo de uma leitura textual isenta de impressionismos biográficos, a vida tumultuada e a morte trágica e precoce da poeta pairam como fantasmas a cada virada de página, constituindo-se num fio de leitura, que durante muito tempo assumiu destaque, para não se falar em predominância de enfoque. Além disso, é inegável que a popularidade e o sucesso no mercado editorial, no primeiro momento, devem-se muito a isso.
Em uma cena do filme Sylvia (2003), de Christine Jeffs, Sylvia e Ted passeiam num lago azul discutindo poesia. Ted enfatiza a necessidade de uma temática clara e definida para a realização de cada poema, Silvia não se posiciona, como se isso não lhe preocupasse. Ted insiste: "- Você é o tema". O sujeito confessional e dilacerado está no centro da discussão de toda sua poética, registra suas dores, confessa suas fragilidades, mas não pára por aí. Racionaliza e reelabora essa matéria-prima quando busca uma forma em versos, imagens, sons, cores, lágrimas, gritos, sangue e, compulsivamente, lança-se como flecha em obstinada busca.
Neste sentido, vida e morte entrelaçam-se, mais como problema que como tema, tanto nos textos da poeta, quanto nos outros que vêm sendo produzidos a partir daí, sob diferentes linguagem, desde as variadas leituras críticas, passando pela narrativa cinematográfica, até a ficção contemporânea. Exemplificando esta última, Adriana Lunardi, no conto Victoria do seu livro Vésperas (2002), faz referência à autora de Ariel, através de um personagem, cidadão comum londrino, que reflete sobre a vida ao saber da morte de Sylvia pelos jornais: "Além dos muitos poemas, relata o jornal, Sylvia Plath deixa dois filhos, uma menina e um menino, ainda pequenos. É fácil imaginar que essas crianças logo irão crescer e alcançar a idade que a mãe tinha quando morreu". Acrescenta, ainda: "em determinado ponto, serão mais velhos do que ela e passarão a enxergá-la com olhos de pais, de pessoas que experimentaram as dores e os impulsos que Sylvia não resistiu, e finalmente a entenderão, apesar de tudo". Pode ter sido isso que mobilizou a filha Frieda no empenho de publicação. Pode ser isso tudo apenas ficção. Mas seja lá o que for, possibilita-nos hoje o resgate de uma escrita primorosamente elaborada, apesar de tudo, ou, principalmente por tudo.
Ariel, o poema que dá título ao livro, tem um caráter hermético, tenso, que sugere decifração, mas cheio de obstáculos para tal, como muitos outros poemas do livro. Revela-se, entretanto, com uma gama infinita de possibilidades pela força que é empreendida numa dicção alada e sintética. Ritmo e imagens constroem o essencial para estabelecer sentidos provisórios e muitas vezes precários: "Estase no escuro./ E um fluir azul sem substância/ De rochedos e distâncias". Nas Notas, os organizadores tentam esclarecer: "Escrito no dia do aniversário da poeta (27/10/62). Na peça A tempestade, de Shakespeare, Ariel é o nome do Espírito do Ar; significa ‘leão de Deus', em hebraico; e é também o nome do cavalo que a poeta costumava cavalgar quando morava em Devon". A nota é mais ilustrativa do que esclarecedora. Apesar da força de cada palavra e expressão, estas não designam propriamente o que parecem designar. Neste poema, as palavras precipitam-se em saltos, num fluir sem substância, como o sujeito lírico que parece entregue a essa fluidez e, num determinado ponto, projeta-se indo em frente, sem pretensão de controle absoluto para onde, mas assumindo a direção: "E eu sou a flecha.// Orvalho que voa/ Suicida, e de uma vez avança/ Contra o olho.// Vermelho, caldeirão da manhã".
Ana Cristina Cesar, em um ensaio sobre tradução, comenta: "No poema de Plath a linguagem é algo com valor absoluto. A poeta encontra as palavras no caminho. As palavras são o outro lado da realidade, ingovernáveis, ásperas. Será por isso que elas não designam, não colaboram com o autor nem obedecem a ele?" Ou seja, citando a própria Plath, a linguagem é "um signo puro, que deixou de designar as coisas". Pelo menos é essa a proposta de toda uma modernidade, cujo fazer poético é antes de tudo laboratório de experimentação da arte e seus artifícios. O paradoxo que tem que ser enfrentado pelos leitores, em especial, pelos tradutores, é como trabalhar neste sentido. Ou seja, considerando a linguagem como um outro lado da realidade, ingovernável e áspera, como talhá-la e submetê-la à forma e ao conteúdo da expressão escrita? A escolha de cada palavra, sua posição no texto, a linguagem numa nova língua são como as rasuras de um poema, que já foram e continuarão sendo feitas, sempre como novas escritas, reescritas. Neste sentido, "tradução é traição". E sob esse ponto de vista, esta edição bilíngüe abre muitos leques de questionamentos e leituras. Num trecho desse poema, por exemplo: "Nigger-eye/ Barries cast dark/ Hooks", podemos comparar o trabalho dos poetas tradutores (sim, pois é preciso ser poeta para transitar nos meandros dessas traduções e traições), Rodrigo Garcia Lopes ("Olhinegras/ "Bagas lançam escuros/ Ganchos -") e Ana Cristina César ("Sementes, /De olhos negros lançam escuros/ Anzóis...") ao traduzirem o mesmo texto, fazem diferentes escolhas tanto vocabulares, quanto fonéticas e semânticas. Reinventam, portanto, através da tradução um novo poema.
Na leitura do poema Lady Lazarus, o fio biográfico é bem definido: "Tentei outra vez./ Um ano em cada dez/ Eu dou um jeito". As tentativas de suicídio desse sujeito lírico se esboçam através de imagens associadas à ressurreição. Esse jogo envolve tanto a referência bíblica de Lázaro, como a alusão aos mitos pagãos de Fênix, que renasce das cinzas, ou Dionísio, que se recompõe sempre após cada morte. "Saída das cinzas/ Me levanto com meu cabelo ruivo/ E devoro homens como ar." Em outro trecho, também do desespero parte-se para a racionalidade: "É o teatral/ Regresso em plena luz do sol/ Ao mesmo local, ao mesmo rosto, ao mesmo grito/ Aflito e brutal:". O apelo para a dramaticidade trágica vem carregada da convicção da vitória da vida sobre a morte, mesmo que em linguagem teatral, performática. Tudo é arte, artifício, representação, até o suicídio definitivo, que matou a mulher, garantiu a vida e a imortalidade da poeta, "saída das cinzas". Afinal, "morrer é uma arte como tudo mais".
Em A lua e o teixo, estes dois elementos vão se construindo enquanto imagens opostas que se complementam entre luz e sombra, barulhos e silêncios e um sujeito lírico impotente em busca de expressão, um corpo que como espectro se movimenta. "A lua não tem porta. É uma face em seu pleno direito/ Branca como o nós dos dedos, terrivelmente incomodada./ Arrasta o mar atrás de si como um crime sujo; está quieta,/ A boca aberta em total desespero. Moro aqui." Enquanto isso: "O teixo aponta para o alto. Tem forma gótica//... E a mensagem do teixo é escuridão - escuridão e silêncio". Como a vida, a obra de Sylvia Plath é permeada de sutilezas, escuridão e silêncios, cuja personagem principal é a própria linguagem, ou melhor, a impotência desta em falar da existência, suas paixões, redenções e desesperos.
(Jornal Rascunho, novembo de 2009)
domingo, novembro 23, 2008
RESSURREIÇÃO (POEMA DE ROBERTO BOLAÑO traduzido por Rodrigo Garcia Lopes)
A poesia penetra no sonho
como um mergulhador num lago.
A poesia, mais corajosa que ninguém,
penetra e cai
feito chumbo
num lago infinito como o Lago Ness
ou turvo e nefasto como o lago Balatón.
Contemple-a lá do fundo:
um mergulhador
inocente
coberto com as penas
da vontade.
A poesia penetra no sonho
como um mergulhador morto
no olho de Deus.
ROBERTO BOLAÑO
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes
terça-feira, novembro 18, 2008
Poema de Wislawa Szymborska na COYOTE 18
O TERRORISTA, ELE OBSERVA
A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.
Agora são só treze e dezesseis.
Alguns ainda terão tempo de entrar.
Alguns de sair.
O terrorista já cruzou para o outro lado da rua.
A distância o protege de qualquer perigo
e a vista, bom, é como no cinema:
Uma mulher de casaco amarelo, ela entra.
Um homem de óculos escuros, ele sai.
Uns jovens de jeans, eles conversam.
Treze e dezessete e quatro segundos.
Aquele cara mais baixo tem sorte, sai de lambreta,
Aquele mais alto entra.
Treze e dezessete e quarenta segundos.
Uma moça, ela passa com uma fita verde no cabelo.
Só que o ônibus a encobre de repente.
Treze e dezoito.
A moça sumiu.
Se foi tola de entrar ou não
vai se saber quando os carregarem para fora.
Treze e dezenove.
Parece que ninguém mais entra.
Aliás, um gordo careca sai.
Remexe os bolsos como se procurasse algo
e faltando dez segundos para as treze e vinte
volta para buscar a droga das luvas que perdeu.
São treze e vinte.
O tempo, como ele voa.
Deve ser agora.
Ainda não.
É agora.
A bomba, ela explode.
Wislawa Szymborska
Tradução: Regina Przybycien
segunda-feira, novembro 17, 2008
MULHER DA MULTIDÃO (música de Rodrigo Garcia Lopes)
Esta é a música que abre o meu CD Polivox (Independente, 2001).
MULHER DA MULTIDÃO (Rodrigo Garcia Lopes)
Você me toca
como quem
troca de roupa
você me provoca
e troça
dessa minha doce
distração
pra que tanta pressa
você
mulher da multidão
(nem adianta vir você
implicar comigo
porque eu já bem sei
qual o motivo)
Rodrigo Garcia Lopes: violão, voz, vozes e efeitos
Sidney Giovenazzi: violão solo, baixo e teclados
domingo, novembro 16, 2008
COYOTE 18 NO SITE CRONÓPIOS + TRADUÇÕES DE HAIKAIS DE KEROUAC
O portal Cronópios destaca o novo número da revista e publica haikais de JACK KEROAUC que não saíram no número 18 da revista, traduzidos por mim, aqui:
http://www.cronopios.com.br/site/lancamentos.asp?id=3652
de O LIVRO DOS HAIKUS
Jack Kerouac (Estados Unidos)
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes
Na cadeira
Decidi chamar o Haiku
Pelo nome de Pop
In the chair / I decided to call Haiku / By the name of Pop
Crepúsculo – pássaro
na cerca
Meu contemporâneo
Dusk—the bird / on the fence / A contemporary of mine
Esses pássaros sentados
lá fora na cerca —
Todos vão morrer.
Those birds sitting/ out there on the fence —/They´re all going to die.
Noite perfeita de lua
arruinada
Por brigas de família
Perfect moonlit night/marred/ By family squabbles
Grilos – gritam
por chuva –
Mais uma?
The crickets—crying/ for rain—/ Again?
Os gatos, de cara
com alguma coisa nova,
Olhando na mesma direção
The housecats, amazed/ at something new,/ Looking in the same direction
Lavando o rosto
com a neve
Sob a Ursa Menor
Washing my face/ with snow/ Beneath the Little Dipper
Perfeito círculo redondo
a lua
No centro do céu
Perfect circle round/ the moon/ In the center of the sky
Em toda parte além
da Verdade,
Azul do espaço vazio
Everywhere beyond/ the Truth,/ Empty space blue
O pássaro voou
e a distância ficou imensa-
mente branca
Bird was gone/ and distance grew/ Immensely white
O mosquito, tão
sozinho quanto eu
Nessa casa vazia
The fly, just as/ lonesome as I am/ In this empty house
JACK KEROUAC
TRADUÇÃO: RODRIGO GARCIA LOPES
COYOTE 18 É DESTAQUE NO ESTADÃO
| Escritor francês diz: no princípio era o sofrimento Michel Houellebecq trata, em ensaio na Coyote, das raízes do ato de escrever Francisco Quinteiro Pires No princípio era o sofrimento. “Em sua origem, há um nó de sofrimento”, escreve Michel Houellebecq. “A partir de um certo nível de consciência, o grito se produz. A poesia deriva disso. A linguagem articulada, igualmente”, continua. “O primeiro passo poético consiste em remontar à origem. A saber: o sofrimento.” O escritor francês acredita que todas as modalidades de sofrimento são essenciais. Elas dão frutos. Se os homens existem, é porque certo dia o nada vibrou de dor, e dessa vibração se constituiu o ser. |
sábado, novembro 15, 2008
Contracapa da COYOTE 18
Idéia: editores da Coyote
Desenho: PAULO STOCKER
http://www.iluminuras.com.br/v1/
DISTRIBUIDORES NO BRASIL:
sexta-feira, novembro 14, 2008
Novo site de Jairo Pereira
http://www.jairopereira.com.br/
Revista Coyote lança 18ª edição em seu 6º aniversário
Coyote, incentivada pelo Promic, está no 6º ano de vida e comemora o lançamento da edição como uma das publicações culturais mais importantes e estáveis do Brasil
Da Redação
n.com@sercomtel.com.br
Já está em circulação a 18ª edição da revista londrinense Coyote, uma das principais publicações literárias do país. De acordo com um dos editores da revista, o escritor Marcos Losnak, o que faz a revista ficar tanto tempo em circulação é a diversidade do que é publicado. “Publicamos muita coisa inédita e internacional. Essa diversidade faz parte do projeto da revista”, afirmou Losnak. A revista Coyote tem patrocínio da Prefeitura de Londrina, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic).
Entre os destaques internacionais, a revista apresenta a poesia da polonesa Wislawa Szymborska, prêmio Nobel de 1996, traduzida por Regina Przybycien, e ainda inédita em livro no Brasil. Apresenta também um conjunto de poemas de um dos fundadores do movimento surrealista, Paul Éluard, traduzido por Eclair Antonio de Almeida. O escritor francês Michel Houllebecq marca presença no ensaio poético “Manter-se Vivo: Méthodo”, traduzido por Sandra Stroparo.
Entre as principais novidades nacionais da edição estão textos em prosa do escritor cearense Pedro Salgueiro e do pernambucano Alberto Lins Caldas. Já a poesia contemporânea é expressa nos poemas de Joca Reiners Terron, Beatriz Bajo, Celso Borges e Zhô Bertholini. O fotógrafo Iatã Cannabrava assina a capa e o ensaio fotográfico “Uma Outra Cidade”, com imagens da periferia de São Paulo. O número fecha com o cartum “Movimento Contra Malhação de Judas”, de Paulo Stocker.
Conforme Marcos Losnak, a revista se tornou uma das mais importantes do país devido à estabilidade. “Hoje a Coyote é a única revista do sul do Brasil e uma das três em nível nacional, com mais tempo de circulação. Muitas revistas são publicadas durante um ano, por exemplo, e param. A Coyote tem circulação estável há seis anos”, afirmou Losnak.
Segundo ele, a intenção é dobrar a tiragem da revista no ano que vem, passando de 1.000 para 2.000 exemplares por edição. “Houve um aumento muito grande no número de leitores. A procura já está maior que a oferta, por isso, pretendemos dobrar a tiragem em 2009.”. Ele revelou que a equipe responsável pela revista está preparando uma comemoração de aniversário da Coyote para a 3ª semana de dezembro, ainda sem horário e local definidos.
(Londrina, 13 de novembro de 2008)
EVENING, VIENA
ver o verde tranquilo entardecer
arder com ele
estar
dentro da tarde e nela transparecer
enquanto
sementes brilham sobre a grama,
sozinhas.
jovem viajante, vento –
um pássaro perdido
debaixo da primeira chuva.
pinheiros que são como um adeus,
lua, um cílio prata,
flutuante jardim.
ser o verde sereno escurecer
ter a tarde dentro
ardendo
como as sementes
que o pássaro procura
sob a chuva
pura
primavera:
Viena, 15 de maio de 1984
Rodrigo Garcia Lopes (em Solarium, Iluminuras, 1994)
segunda-feira, novembro 10, 2008
NOVO LIVRO DE JEROME ROTHENBERG (COM ENTREVISTA A RGL)
Na parte das entrevistas, entre as inúmeras que ele já deu, ele incluiu 5, entre elas ele o "THE MEDUSA DOSSIEUR", longa entrevista que fiz com ele em 2000 e que foi publicada (em parte) na revista Medusa, da qual eu era um os editores.
Quem quiser saber mais sobre o livro, clique aqui:
http://www.uapress.ua.edu/NewSearch4.cfm?id=134796
Quem quiser conhecer o blog que ele acaba de estrear, aqui:
http://poemsandpoetics.blogspot.com/
INTRODUÇÃO:
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/rothenberg.htm
ENTREVISTA
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/rothenberg3.htm
Traduções de TÉCNICOS DO SAGRADO:
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/rothenberg2.htm
domingo, novembro 09, 2008
COYOTE 18 CHEGA ÀS LIVRARIAS
da periferia de São Paulo.
Revista COYOTE lança novo número, tendo como destaques um dossiê com a escritora Márcia Denser, ensaio de Michel Houllebecq, fotos de Iatã Cannabrava, a poesia de Joca Reiners Terron e traduções de Wyslawa Szymborska, Paul Éluard e Jack Kerouac
"Pode haver derrota mais execrável do que quando se é corroído por dentro pelas secreções ácidas da sensibilidade até que perdemos nossa silhueta, dissolvidos, liquefeitos? Ou quando a mesma coisa acontece na sociedade em nossa volta, e mudamos nosso próprio estilo para ficarmos parecidos com ela?". Yukio Mishima sintetiza, no editorial do número 18 da revista editada em Londrina (PR), o espírito de revolução permanente de nossas sensibilidades e da nova edição da Coyote. A revista é patrocinada pelo PROMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) da cidade de Londrina.
Coyote 18 resgata o talento e a lucidez furiosa da escritora Márcia Denser. Como escreve Ademir Assunção na apresentação do dossiê: “Prosa densa, labiríntica, poética [...]. A cada livro, seu texto (e, principalmente, o subtexto) vem funcionando como uma broca de prospecção, cavoucando cada vez mais fundo os conflitos humanos”.
A prosa brasileira está representada também na edição pelo cearense Pedro Salgueiro e pelo pernambucano Alberto Lins Caldas. Já a poesia contemporânea exibe sua riqueza e variedade nos poemas de Joca Reiners Terron, Beatriz Bajo, Celso Borges e Zhô Bertholini.
A revista apresenta ainda a poesia da polonesa Wislawa Szymborska (traduzida por Regina Przybycien), prêmio Nobel de 1996, e incrivelmente ainda inédita em livro no Brasil, bem como um conjunto de poemas de um dos fundadores do movimento surrealista, Paul Éluard (traduzido por Eclair Antonio de Almeida) e, pela primeira vez no Brasil, haikus de Jack Kerouac (em tradução de Rodrigo Garcia Lopes). O próprio escritor norte-americano assim se referia aos haikus: “Acima de tudo, um haiku deve ser bem simples e livre de qualquer truque poético e pintar um quadro e ainda assim ser tão leve como o ar, gracioso como uma Pastorella de Vivaldi”.
O escritor francês Michel Houllebecq marca presença em ensaio poético “Manter-se Vivo: Méthodo”, traduzido por Sandra Stroparo, em que afirma: “Nas feridas que ela nos inflige, a vida se alterna entre o brutal e o insidioso. Conheça essas duas formas. Pratique-as. Adquira um conhecimento completo. Distinga o que as separa e o que as une. Muitas contradições, então, serão resolvidas. Sua palavra ganhará em força e em amplitude”.
O fotógrafo Iatã Cannabrava assina a capa e o ensaio fotográfico da edição, “Uma Outra Cidade”, com imagens da periferia de São Paulo. O número fecha com o cartum de Paulo Stocker para o “Movimento Contra Malhação de Judas”.
Em seus seis anos de atividade, Coyote prossegue abrindo espaço para novos autores, resgatando e apresentando nomes importantes das letras e das artes, de épocas e lugares diferentes, instigando a reflexão e a criação literária.
COYOTE é editada pelos poetas Ademir Assunção, Marcos Losnak e Rodrigo Garcia Lopes. Projeto gráfico de Marcos Losnak. Tem periodicidade trimestral e distribuição nacional (em livrarias) pela Editora Iluminuras.
COYOTE 18 // Primavera de 2008 // 52 páginas // R$ 10,00
Vendas em livrarias de todo o país pela Editora Iluminuras – fone (11) 3031-6161 (site: http://www.iluminuras.com.br/v1/)
Pode ser adquirida também na internet pelo Sebo na Bac:
http://www.sebodobac.com/
PATROCÍNIO: PROMIC - PROGRAMA MUNICIPAL DE INCENTIVO À CULTURA – SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA DE LONDRINA (PR)
POESIA BRASILEIRA NA ESPANHA
O livro foi lançado na Espanha, no ano passado, mas só agora fiquei sabendo, através do poeta José Geraldo Neres:
UNA ANTOLOGÍA DE POETAS BRASILEÑOS
Organización
Floriano Martins y José Geraldo Neres
Muestra gráfica
Hélio Rôla
Poetas
Lucila Nogueira ● Glauco Mattoso ● Adriano Espínola ● Beth Brait Alvim ● Contador Borges ● Donizete Galvão ● Floriano Martins ● Nicolas Behr ● Jorge Lucio de Campos ● Vera Lúcia de Oliveira ● Rubens Zárate ● Ademir Demarchi ● Ademir assunção ● Leontino Filho ● Marco Lucchesi ● Weydson Barros Leal ● Antonio Moura ● Maria Esther Maciel ● Rodrigo Garcia Lopes ● José Geraldo Neres ● Viviane de Santana Paulo ● Alberto Pucheu ● Fabrício Carpinejar ● Salgado Maranhão ● Sérgio Cohn ● Rodrigo Petronio ● Konrad Zeller ● Pedro Cesarino ● Mariana Ianelli
Traductores
Adalberto Arrunátegui ● Alfonso Peña ● Aníbal Cristobo ● Antonio Alfeca ● Benjamin Valdivia ● Carlos Osorio ● Eduardo Langagne ● Floriano Martins ● Gladis Basagoitia Dazza ● Luciana di Leone ● Margarito Cuéllar ● Marta Spagnuolo ● Paulo Octaviano Terra ● Reynaldo Jiménez ● Tomás Saraví
sexta-feira, novembro 07, 2008
OS POEGIFS DE MACELO SAHEA
quinta-feira, novembro 06, 2008
PRIMEIRO TREINO DA ARGENTINA SOB O COMANDO DE MARADONA
Nossos correspondentes do Estúdio Realidade na Argentina conseguiram imagem exclusiva do primeiro treino coletivo e secreto da seleção argentina, agora sob comando de Maradona.
A CAROLINA TAMBÉM É AZUL
Acabaram de sair os resultados da apuração na Carolina do Norte, e Barack Obama ganhou aqui também, capturando mais 15 votos no colégio eleitoral, contabilizando 100 a mais do que ele precisaria pra ser eleito (270). É um feito e tanto: além de ter ganho na Virginia, Ohio e Pennsylvania, a última vez que um democrata ganhou aqui no estado foi em 1976, com Jimmy Carter. Isso mostra o significado histórico desta eleição. Ele ganhou em todas as faixas de eleitorado (perdeu por bem pouco entre os brancos). Fora incidentes isolados no Mississipi, o povo está esperançoso e radiante com a eleição do primeiro negro presidente na história americana, ainda mais sabendo que há 44 anos eles andavam ainda apanhando e sendo linchados aqui no sul. Mas ele não enfatiza o fato de ser negro, pra deixar claro que é o presidente de todos os americanos. O mundo vai precisar de sua frieza, nervos de aço, inteligência, diplomacia e carisma para atravessar esses anos conturbados. Eu estou colocando a maior fé, como coloquei no Lula. No seu discurso como eleito, foi sóbrio, solene, não quis saber de muita festa: já no dia seguinte (ontem) já anunciava sua equipe de transição, pra evitar o mico de Clinton, que só anunciou a equipe cinco dias antes da posse. Vai ter muito trabalho pela frente, a pior crise econômica desde 1929: esperemos que derrube o embargo a Cuba, que abra Guantánamo, que faça a retirada rsponsável das tropas do Iraque, entre outras coisas. A esperança venceu o medo, realmente. É torcer por ele, porque não nos resta muitas alternativas.
terça-feira, novembro 04, 2008
OBA MA!
domingo, novembro 02, 2008
RAYMOND CHANDLER