LEITURA - O eterno desregramento dos sentidos
"Iluminuras", testamento poético de Arthur Rimbaud, ganha nova edição com tradução dos poetas londrinenses Maurício Arruda Mendonça e Rodrigo Garcia Lopes
Arthur Rimbaud teve uma trajetória
única dentro da literatura: aos 17 anos de idade já era reconhecido
como grande poeta, e, aos 22, parou de escrever
Quando poesia estava restrita
ao arroz com feijão, sem sal e com muita rima e métrica, o poeta francês
Arthur Rimbaud (1854 – 1891) jogou um filé mal passado no prato da
literatura. Desorganizou as estruturas poéticas, desregrou todos os
sentidos e criou um novo cardápio para os novos paladares da
modernidade.
A influência da obra de Arthur Rimbaud na literatura universal é longa e vasta. Até hoje, mais de um século após sua morte, sua poética permanece atual e encantando novas gerações de leitores.
"Iluminuras – Gravuras Coloridas", considerada sua obra-prima, é um mergulho em abordagens que até então não eram utilizadas pela poesia. Abordagens que anunciavam um novo mundo onde a linguagem colocaria as mãos no conceito de fragmentação e desterritorialização, bem como na multiplicação dos sentidos.
Vinte anos atrás os poetas londrinenses Maurício Arruda Mendonça e Rodrigo Garcia Lopes se lançaram na aventura de verter a obra de Rimbaud para a língua portuguesa. Após dois anos de trabalho, em 1994, "Iluminuras" chegou às livrarias, lançado pela editora Iluminuras em edição bilíngue. Em poucos anos o livro recebeu duas edições e desapareceu das livrarias.
Agora, 20 anos após a primeira edição, "Iluminuras" volta às livrarias em nova edição revista pelos tradutores. Segundo Maurício e Rodrigo, a tradução foi corrigida em alguns aspectos formais, principalmente em termos e vocabulários mais próximos dos concebidos por Rimbaud. Um dos méritos da tradução era a capacidade de trazer a linguagem do poeta para os dias atuais, não uma tradução fria e literal. Uma tradução poética que foi em parte preservada nessa nova edição.
O próprio título do livro, geralmente traduzido como "Iluminações" foi mantido como "Iluminuras" e devidamente justificado no ensaio presente no final do volume. Rimbaud originalmente deu ao livro um título em inglês ("Illuminations – Coloured Plates") pensando na multiplicidade do termo e no contexto em que os poemas foram escritos.
Uma das características de "Iluminuras" está em Rimbaud abandonar a poesia em versos para apostar na poesia em prosa (uma linguagem que hoje geralmente recebe nome de prosa poética). No século 19 as formas poéticas estavam vinculadas aos versos em métricas. Rimbaud, que antes tinha criado poemas seguindo essa tendência majoritária, rompe com a tradição e começa a colocar em prática a linguagem proposta em suas obras anteriores, "Carta ao Vidente" e "Uma Temporada no Inferno". Uma linguagem que envolve o desregramento dos sentidos acompanhado pela sinestesia.
A trajetória de Arthur Rimbaud é única dentro da literatura. Aos 17 anos de idade já era reconhecido como grande poeta. Quando saiu do interior da França e chegou em Paris, com uma mochila nas costas e os bolsos vazios, caiu rapidamente nos mais cultuados círculos literários do país. Vivendo uma aventura amorosa com o poeta Paul Verlaine (1844 -1996), vagou por toda a Europa vivendo de loucuras e brisa. Após concluir "Iluminuras", considerado seu testemunho literário, abandonou a literatura. Tinha 22 anos quando literalmente chutou a bunda da poesia.
Não escreveu mais nada. Nunca mais se envolveu com a literatura. Partiu para o continente africano e se tornou traficante de armas. Realizou as mais ousadas caravanas e perigosas expedições. Retornou para a França apenas quinze anos depois, com uma perna amputada e câncer generalizado nos ossos. Quando morreu em 1891, não acreditava numa linha poética, mas sua poesia começava a ser louvada como a coisa mais genial da literatura francesa.
O abandono da poesia por Arthur Rimbaud ainda permanece como grande enigma.
Serviço:
"Iluminuras – Gravuras Coloridas"
Autor – Arthur Rimbaud
Editora – Iluminuras
Tradução e ensaio – Maurício Arruda Mendonça e Rodrigo Garcia Lopes
Páginas – 192 (edição bilíngue)
Quanto – R$ 48
A influência da obra de Arthur Rimbaud na literatura universal é longa e vasta. Até hoje, mais de um século após sua morte, sua poética permanece atual e encantando novas gerações de leitores.
"Iluminuras – Gravuras Coloridas", considerada sua obra-prima, é um mergulho em abordagens que até então não eram utilizadas pela poesia. Abordagens que anunciavam um novo mundo onde a linguagem colocaria as mãos no conceito de fragmentação e desterritorialização, bem como na multiplicação dos sentidos.
Vinte anos atrás os poetas londrinenses Maurício Arruda Mendonça e Rodrigo Garcia Lopes se lançaram na aventura de verter a obra de Rimbaud para a língua portuguesa. Após dois anos de trabalho, em 1994, "Iluminuras" chegou às livrarias, lançado pela editora Iluminuras em edição bilíngue. Em poucos anos o livro recebeu duas edições e desapareceu das livrarias.
Agora, 20 anos após a primeira edição, "Iluminuras" volta às livrarias em nova edição revista pelos tradutores. Segundo Maurício e Rodrigo, a tradução foi corrigida em alguns aspectos formais, principalmente em termos e vocabulários mais próximos dos concebidos por Rimbaud. Um dos méritos da tradução era a capacidade de trazer a linguagem do poeta para os dias atuais, não uma tradução fria e literal. Uma tradução poética que foi em parte preservada nessa nova edição.
O próprio título do livro, geralmente traduzido como "Iluminações" foi mantido como "Iluminuras" e devidamente justificado no ensaio presente no final do volume. Rimbaud originalmente deu ao livro um título em inglês ("Illuminations – Coloured Plates") pensando na multiplicidade do termo e no contexto em que os poemas foram escritos.
Uma das características de "Iluminuras" está em Rimbaud abandonar a poesia em versos para apostar na poesia em prosa (uma linguagem que hoje geralmente recebe nome de prosa poética). No século 19 as formas poéticas estavam vinculadas aos versos em métricas. Rimbaud, que antes tinha criado poemas seguindo essa tendência majoritária, rompe com a tradição e começa a colocar em prática a linguagem proposta em suas obras anteriores, "Carta ao Vidente" e "Uma Temporada no Inferno". Uma linguagem que envolve o desregramento dos sentidos acompanhado pela sinestesia.
A trajetória de Arthur Rimbaud é única dentro da literatura. Aos 17 anos de idade já era reconhecido como grande poeta. Quando saiu do interior da França e chegou em Paris, com uma mochila nas costas e os bolsos vazios, caiu rapidamente nos mais cultuados círculos literários do país. Vivendo uma aventura amorosa com o poeta Paul Verlaine (1844 -1996), vagou por toda a Europa vivendo de loucuras e brisa. Após concluir "Iluminuras", considerado seu testemunho literário, abandonou a literatura. Tinha 22 anos quando literalmente chutou a bunda da poesia.
Não escreveu mais nada. Nunca mais se envolveu com a literatura. Partiu para o continente africano e se tornou traficante de armas. Realizou as mais ousadas caravanas e perigosas expedições. Retornou para a França apenas quinze anos depois, com uma perna amputada e câncer generalizado nos ossos. Quando morreu em 1891, não acreditava numa linha poética, mas sua poesia começava a ser louvada como a coisa mais genial da literatura francesa.
O abandono da poesia por Arthur Rimbaud ainda permanece como grande enigma.
Serviço:
"Iluminuras – Gravuras Coloridas"
Autor – Arthur Rimbaud
Editora – Iluminuras
Tradução e ensaio – Maurício Arruda Mendonça e Rodrigo Garcia Lopes
Páginas – 192 (edição bilíngue)
Quanto – R$ 48
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