quinta-feira, novembro 25, 2010

NO ESTADÃO



Foto: João Santana 

No último domingo o Estadão publicou matéria sobre a nova Coyote e os inéditos de Wilson Bueno publicados na última Coyote

segunda-feira, novembro 15, 2010

REVISTA COYOTE 21: lançamento!


  Poemas do espanhol Leopoldo María Panero, conto inédito de João Gilberto Noll, entrevista com a crítica norte-americana Marjorie Perloff, poemas inéditos de Wilson Bueno, aforismas de Franz Kafka e um ensaio de Jair Ferreira dos Santos são os destaques da revista COYOTE 21

 

 “A poesia contorna a Economia. É criação improdutiva como a Festa, o Amor. Não é mercadoria, ignora o interesse, está à margem do cálculo” -- escreve Jair Ferreira dos Santos em seu ensaio inédito, O Pavão é uma Galinha em Flor, publicado no novo número da revista Coyote que ganha as livrarias do Brasil esta semana.

Editada em Londrina (PR), a edição traz um conto inédito do escritor gaúcho João Gilberto Noll e uma entrevista com a crítica norte-americana Marjorie Perloff. Julgando boa parte da poesia escrita hoje de "prosa preguiçosa", Perloff dispara: "Minha principal crítica hoje é em relação a falta de interesse no aspecto sonoro e visual da maior parte da poesia que aparece sobre minha mesa".

Coyote 21 apresenta ao público brasileiro a poesia radical do espanhol Leopoldo María Panero, traduzido por Vinícius Lima, e aforismas de Frank Kafka, traduzidos por Silveira de Souza. A revista traz também a poética de Mariana Ianelli e apresenta a literatura de Ivan Justen Santana e Mario Domingues, dois novos talentos da poesia paranaense, além de um conto do londrinense Marco Fabiani.

A publicação também traz poemas e narrativas de dois livros inéditos deixados pelo escritor curitibano Wilson Bueno, brutalmente assassinado em maio deste ano. Fotografias da série Autodesconstrução, da artista pernambucana Priscilla Buhr, complementam a edição.

A revista Coyote prossegue abrindo espaço para novos autores, resgatando e apresentando nomes importantes das letras e das artes, de épocas e lugares diferentes, instigando a reflexão e a criação literária. A revista é patrocinada pelo PROMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) da cidade de Londrina e editada pelos poetas Ademir Assunção, Marcos Losnak e Rodrigo Garcia Lopes.

COYOTE 21 // 52 páginas  // R$ 5,00 (Londrina) e R$ 10,00 (outras cidades) Uma publicação da Kan Editora. Distribuição nacional Editora Iluminuras.

 

Vendas em livrarias de todo o país pela Editora Iluminuras – fone (11) 3031-6161. Pode também ser adquirida pela internet através do site: www.iluminuras.com.br

 

 

PATROCÍNIO: PROMIC - PROGRAMA MUNICIPAL DE INCENTIVO A CULTURA – PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA - SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA DE LONDRINA

 

 

sexta-feira, novembro 12, 2010

Meu amigo, Bernardo Pellegrini, acaba de estrear uma página no Myspace com suas músicas.
Confira o trabalho deste compositor aqui:
http://www.myspace.com/bernardoeobando


terça-feira, novembro 09, 2010

FÓRUM DAS LETRAS

Tô em Brasília, enigmatic city, participando do II Simpósio de Poesia na UnB. Amanhã começa o Fórum das Letras de Ouro Preto. Vou estar representando a Coyote, cujo número 21 acaba de sair, numa mesa sobre publicações independentes.

A programação completa está aqui:
http://www.forumdasletras.ufop.br

GINSBERG NA CULT



A nova edição da revista Cult (152) traz um artigo meu sobre Allen Ginsberg.
O uivo vivo de Allen Ginsberg
Acesse a matéria aqui:



Como na edição o espaçamento original acabou ficando sacrificado, republico o começo de "Howl", em minha tradução, aqui:





De "Uivo"

                                 para Carl Solomon

Eu vi as melhores cabeças da minha geração destruídas pela loucura,
               famintos histéricos nus,
se arrastando na aurora pelas ruas do bairro negro[1] na fissura de um pico,
hipsters[2] de cabeça feita anjos[3] ardendo por uma conexão celestial e ancestral com o dínamo estrelado na maquinaria da noite,
que pobreza e farrapos[4] e olhos ocos e loucos sentaram fumando na escuridão sobrenatural dos apartamentos sem calefação flutuando pelos tetos das cidades contemplando jazz,
que despiram seus cérebros ao Céu sob o El[5] e viram anjos muçulmanos cambaleando sobre telhados e iluminados[6],
que passaram por universidades com olhos serenos e radiantes alucinando Arkansas e tragédias de luz-Blake[7] entre os mestres de guerra,
que foram expulsos de universidades por pirarem & publicarem odes obscenas nas vidraças do crânio,
que se encolheram em quartos barbudos e de cuecas, queimando dinheiro em cestos de lixo e escutando o Terror pela parede,
que levaram uma geral nos pentelhos voltando via Laredo[8] com um cinturão de maconha rumo a Nova Iorque,
que engoliram fogo em hotéis de quinta[9] ou beberam terebentina no Beco do Paraíso[10], morte, ou purgatoriando seus torsos noite a noite
com sonhos, com drogas, com pesadelos despertos, álcool e caralho e escrotos e fodas infinitas[11] [...]

Trecho inicial de "Howl"

Tradução: Rodrigo Garcia Lopes



[1] referência aos bairros onde morava a população negra e pobre.
[2] hipster, gíria dos anos 40 para drogado e marginal.
[3] angel head, cabeça de anjo, palavra derivada de pothead, viciado em  maconha. Preferi "hipsters de cabeça feita anjos" para preservar a ambiguidade da imagem. 
[4] who poverty and tatters (Ginsberg usa substantivos, tornando a sintaxe menos lógica.)
[5] El, ou "Elevated Train", no original, refere-se ao elevado para o trem do metrô que existe em algumas cidades americanas. El também é o nome hebraico para Deus.
[6] O poema se refere aqui a uma visão ou aventura espiritual vivida pelo poeta beat Phillip Lamantia depois de ler o Alcorão.
[7] Referência ao poeta e visionário inglês William Blake, e com o qual Ginsberg teria tido uma alucinação em 1948.

[8] Cidade texana que faz fronteira com o México.
[9] Paint hotels, em referência a hotéis baratos novaiorquinos que precisavam ser pintados por ordem da prefeitura para diminuir a aparência de espelunca.
[10] Paradise Alley, Viela ou Beco do Paraíso, em Nova Iorque. Referência ao lugar onde morava a prostituta Mardou Fox, do romance Subterraneans, de Jack Kerouac.
[11] balls aqui tem várias acepções (saco, escroto), mas também farra e orgias)

domingo, novembro 07, 2010




de braços abertos

o pinheiro

recebe a manhã





rodrigo garcia lopes





quinta-feira, novembro 04, 2010

PAISAGEM TRANSPARENTE





Neblina e montanha transam na manhã de chuva.

Mata espessa se adensa, ciprestes, alvos agora

Dos afetos kabuki da fumaça. A montanha respira, quase

some, sem


coragem de sugar o incorpóreo de uma só vez.

Manchas de silêncio.

O mar, perto,

permanece à margem

Como um sonho que não conseguimos lembrar
enquanto

o corpo se inquieta

com o ainda-não da mente


— Escultura cinética. O olho

       olha, atento, ao que acontece aqui,


entre escrito, neblina e montanha, neste momento.








rodrigo garcia lopes - polivox - 2001