AURORA
Eu abracei a aurora de verão.
Nada ainda se mexia na fachada dos palácios. A
água estava morta. Acampamentos de sombras não deixavam a trilha do bosque. Eu
marchava, despertando os hálitos vivos e cálidos, e as pedrarias espiavam, e as
alas se levantavam sem um som.
A primeira missão foi, num atalho já cheio de
centelhas frescas e pálidas, uma flor que me disse seu nome.
Sorri para a loira wasserfall que se descabelava
através dos pinheiros; reconheci a deusa no cimo de prata.
Então, um a um, levantei os véus. Nas alamedas,
agitando os braços. Pela planície, onde a denunciei ao galo. Na cidade grande
ela fugia entre cúpulas e campanários, e correndo como um mendigo entre docas
de mármore, eu a caçava.
No alto da trilha, perto de um bosque de louros,
eu a envolvi com seus véus amontoados, e senti um pouco seu imenso corpo. A
aurora e a criança caíram no fundo do bosque.
Ao acordar, meio-dia.
ARTHUR RIMBAUD
Em Iluminuras (Gravuras Coloridas)
Editora Iluminuras
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça
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