"Storm the Reality Studio, and retake the universe" ("Assaltem o Estúdio Realidade, e retomem o universo") WILLIAM S. BURROUGHS
quarta-feira, outubro 28, 2009
Entrevista sobre Whitman e Leaves of Grass
terça-feira, outubro 20, 2009
sábado, outubro 17, 2009
OSTRANENIE, a road poem (poema de Rodrigo Garcia Lopes)
Pego nessa estranha lógica do mundo
Peço carona para a família de malucos
Que tem como hobbies mais esdrúxulos
Não contar as horas, só contar os cucos,
Trocar beijos como quem troca socos,
Praguejar como um bando de marujos
E tomar na cara achando que é soluço.
Perguntam a meu nariz se estamos juntos
Rasuram paisagens, comem presunto,
Depois falam falam falam como loucos
Até ficarem sem voz e sem assunto.
Desço, em algum antigo vilarejo russo.
Rodrigo Garcia Lopes (Em Nômada, Editora Lamparina, 2004)
quarta-feira, outubro 14, 2009
PEÔNIAS NEGRAS (poema de Rodrigo Garcia Lopes)
peônias negras
serenas
quase secas
pombos se aquecem
num resto
de sol
uma planta
luta para
romper a fenda
formigas dragam
uma abelha
ainda viva
o inverno
furta a flor
a cor da fruta
(gestos & acenos
de sombras
não consolam)
a tarde passa
arrasta e deixa
um rastro prata
Rodrigo Garcia Lopes (Em Solarium, Editora Iluminuras, 1994)
quarta-feira, outubro 07, 2009
AURORA, poema de ARTHUR RIMBAUD (Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça)
AURORA
Eu abracei a aurora de verão.
Nada ainda se mexia na fachada dos palácios. A água estava morta.
Acampamentos de sombras não deixavam a trilha do bosque. Eu marchava, despertando hálitos vivos e cálidos, e as pedrarias espiavam, e as alas se levantavam sem um som.
A primeira missão foi, num atalho já cheio de centelhas frescas e pálidas, uma flor que me disse seu nome.
Sorri para a loira wasserfall que se descabelava através dos pinheiros; reconheci a deusa no cimo de prata.
Então, um a um, levantei os véus. Nas alamedas, agitando os braços. Pela planície, onde a denunciei ao galo. Na cidade grande ela fugia entre cúpulas e campanários, e correndo como um mendigo entre docas de mármore, eu a caçava.
No alto da trilha, perto de um bosque de louros, eu a envolvi com seu monte de véus, e senti um pouco seu corpo imenso. A aurora e a criança caíram na beira do bosque.
Ao acordar, meio-dia.
ARTHUR RIMBAUD
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça (Em Iluminuras, Iluminuras, 1994)
sexta-feira, outubro 02, 2009
O OLHAR DE WALTER NEY
http://www.walterneyfotos.blogspot.com/
Vale a pena conhecer seu trabalho.
quinta-feira, outubro 01, 2009
UM INÉDITO DE LEMINSKI
morrer
como uma barca
morrer
entre meus livros
lendo
como Petrarca
escrevendo
como Flaubert
afundar entre meus livros
como quem afunda numa mulher
PAULO LEMINSKI