"Storm the Reality Studio, and retake the universe" ("Assaltem o Estúdio Realidade, e retomem o universo") WILLIAM S. BURROUGHS
segunda-feira, março 25, 2013
domingo, março 24, 2013
Canções do Estúdio Realidade no Caderno G
Domingo, 24/03/2013
Elisabete Ghisleni/Divulgação
CD
O mistério da canção
Poeta, tradutor e músico londrinense Rodrigo Garcia Lopes lança o segundo disco, Canções do Estúdio Realidade, 12 anos após Polivox
Publicado em 24/03/2013 | RAFAEL RODRIGUES COSTA
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Compositor pouco prolífico, no entanto, levou 12 anos para lançar o sucessor de Polivox (2001) – um bem-sucedido híbrido entre poesia e música influenciada pela estética da Vanguarda Paulistana.
MPB
Cancões do Estúdio Realidade
Rodrigo Garcia Lopes. Independente/Tratore (distribuição). R$ 25 (mais frete na venda pelo e-mail rgarcialopes@gmail.com).
A nova safra de composições vem sob o título de Canções do Estúdio Realidade – termo emprestado de William Burroughs (1947-1981) que também dá nome ao próximo livro de poemas de Lopes, prestes a ser lançado, em um ano que ainda renderá o seu primeiro romance, o policial O Trovador.
“O livro de poemas é o primeiro desde o Nômada, de 2004. E o romance policial histórico, passei seis anos escrevendo. É um ano de colheita”, diz Lopes, por telefone.
São 12 canções que retomam a tradição principal da MPB, de Caetano Veloso e Djavan a Lenine, em arranjos que arregimentam treze músicos sob a direção do autor e de André Siqueira – responsável pela maioria dos baixos, baterias, violões e guitarras. “Não me lembro de compositores de Londrina aglutinando tantos músicos em um mesmo mesmo trabalho”, diz Lopes, que contou com patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina.
Trabalhadas lenta e conscientemente, as músicas vêm em roupagens como as do afoxé (“Alba”), blues (“Cerejas”), funk (“Vertigem”), folk (“Álibis”) e jazz. “São formas de mostrar multiplicidade e a elasticidade do conceito de MPB. Minha poesia sempre se caracterizou por essa diversidade”, explica.
A condição de poeta e tradutor, no entanto, se impõe na vocação literária das canções – algumas, originalmente poemas, como “Iluminações” (escrito por Lopes musicado por Bernardo Pellegrini) e “Adeus” (escrito por Leminski e musicado por Lopes). Há ainda uma versão para “Nobody Does It Better” carregada nas tintas de espionagem (“Ninguém Melhor Que Ela”).
“Para mim, a criação de uma canção sempre foi um mistério. Que santo baixou em Chico Buarque para ele fazer uma coisa como ‘Construção’?”, questiona. “O mistério da canção é que nem sempre você a persegue. Ela surge em você.”
segunda-feira, março 04, 2013
POEMA TWITTER - rodrigo garcia lopes
MUNDO MODERNO A distância, o acaso, o Éter,
um romance, o rigor, até a vaidade de Afrodite
Neste mundo efêmero, acredite,
Tudo acaba em twitter
140 toques
Rodrigo Garcia Lopes
domingo, março 03, 2013
TODOS OS POEMAS, Paul Auster, resenha de Rodrigo Garcia Lopes
ILUSTRADA, FOLHA DE S.PAULO. 02/03/2013
-
04h42
Crítica: Edição brasileira soube verter complexidade rítmica de Paul Auster
RODRIGO GARCIA LOPES
ESPECIAL PARA A FOLHA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Ao abrir "Todos os Poemas",
o leitor se depara com textos concisos, densos, enigmáticos. Nada da
influência beat, por exemplo, nem dos confessionais, então em voga nos
EUA.
O "lirismo abstrato" de Paul Auster é informado pela poesia de Emily
Dickinson (1830-1886) e Paul Celan (1920-1970), entre outros.
O mérito da edição brasileira é a competente tradução, tendo Caetano
Galindo sabido dar conta de traduzir a complexidade rítmica, imagética e
sintática da poesia do americano. Não é tarefa fácil.
Thomas Samson/AFP | ||
O escritor americano Paul Auster, que tem suas poesias reunidas em livro, em Paris |
Auster escreve como um bom músico da linguagem, uma música sutil que
investiga os dados imediatos da percepção. São poemas que tentam captar a
tensão entre palavra e silêncio, mente e corpo, consciência e real.
À medida que seu estilo evolui e vai ficando mais solto, pintam surtos
de narratividade, como em "Obituário no Tempo Presente" e "Busca de uma
Definição". Muitos problematizam o próprio ato de fazer sentido do
mundo.
Aos poucos, seu projeto poético austero parece entrar em crise, sucumbir
à tentação da narrativa. A fé na linguagem poética como ferramenta
ideal para captar a percepção passa a diminuir nos últimos livros.
Sua renúncia à poesia tem muito a ver com o caso da modernista Laura
Riding (1901-1991), uma de suas influências. Ele mesmo explica: "Ela não
renunciou à poesia devido a alguma insuficiência objetiva na própria
poesia, mas porque a poesia como ela a concebia não era mais capaz de
exprimir o que ela queria dizer. Ela agora sente que 'atingiu o limite
da poesia'".
O texto-limite é "Espaços em Branco", ponte entre a poesia e a ficção.
Auster tinha uma visão da poesia como sendo essencialmente monológica,
ao contrário da narrativa, dialógica, habitada por múltiplas vozes e
fantasmas, como se vê em sua prosa.
Quem sabe ele tenha descoberto, como ressalta Galindo, que "talvez seja
apenas implodindo sua própria voz que um autor se transforme no
coligidor de vozes que é o romancista". Melhor para nós, que ficamos com
o Auster narrador sem perder o poeta.
RODRIGO GARCIA LOPES é poeta, tradutor e compositor; está lançando o álbum "Canções do Estúdio Realidade"
TODOS OS POEMAS
AUTOR Paul Auster
EDITORA Companhia das Letras
TRADUÇÃO Caetano W. Galindo
QUANTO R$ 49,50 (352 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo
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