quarta-feira, setembro 30, 2009

LAURA RIDING

Alécio Cunha publicou hoje um artigo inspirado sobre minha tradução Mindscapes (Iluminuras, 2004), da poeta americana Laura Riding. Confira aqui ou em:

A poesia total de Laura Riding

Alécio Cunha


Laura Riding

O rigor modernista de Laura Riding não deve ser esquecido



Reler é um dos verbos mais agradáveis da face da terra. Limpando a poeira das estantes, de repente, dou de cara com um livro que me deixou muito impressionado no momento de sua primeira leitura, há, creio, cinco anos.

O reencontro com os versos vitais da norte-americana Laura Riding (1901-1991), um dos principais nomes da poesia modernista em seu país, foi para lá de fortuito.

A tradução de "Mindscapes", assinada pelo poeta e ensaísta paranaense Rodrigo Garcia Lopes ("Solarium", "Polivox", "Nômada"), que já verteu à língua portuguesa Rimbaud e Sylvia Plath, foi publicada pela editora Iluminuras, de São Paulo (SP), e ainda pode ser encontrada em pontas de estoques de livrarias e sebos, um senhor negócio.

Laura Riding é autora de dicção única, quase inimitável. Para ela, a poesia tem uma importância muito além do próprio processo de criação e construção literária. É, na verdade, a forma máxima de conhecimento do mundo, uma disciplina, assim como a História e a Filosofia. Dona de uma radicalidade de pensamento, de atitudes ácidas, ela conviveu com nomes como Virginia Woolf, T.S. Eliot, William Carlos Williams, Ezra Pound, William Butler Yeats, W. H. Auden e Gertrude Stein, embora mantivesse uma postura de independência crítica que resvalava, sem dó, em uma ética e estética próprias, capazes de desafiar até mesmo o próprio exercício poético.

Em 1939, no auge de sua polêmica carreira como poeta, pesquisadora da linguagem e ensaísta, ela abandonou a poesia. Parecia prever o que o filósofo Theodor W. Adorno comentaria a respeito da gestação literária após o término da Segunda Guerra Mundial e a descoberta para o mundo dos horrores dos campos de concentração nazista e a perseguição aos judeus. "É impossível escrever poesia depois de Auschwitz", disse Adorno.

Por premonição e com antecedência, Laura levou a sério a definição do apocalíptico Adorno. Só voltaria a escrever poemas nos anos 19660, mudando inclusive seu sobrenome para Jackson. Nessas mais de três décadas de silêncio, a autora acompanhou seu companheiro na produção de laranjas em uma fazenda no interior dos Estados Unidos. Embora abraçasse a agricultura e a criação cítrica, não deixou de lado a pesquisa com a linguagem, embora seus cada vez mais raros poemas só ganhassem circulação a partir dos anos 1970.

Embora tenha tido seu nome praticamente eliminado do cânone poético norte-americano da primeira metade do século XX e seus versos estivessem presentes em apenas raras coletâneas, Laura Riding fez a cabeça de gerações de poetas e ficcionistas, entre eles John Ashbery (autor de "Auro-Retrato Num Espelho Convexo"), Kathy Acker e Paul Auster, que a cita como uma de suas principais influências no belo e seminal ensaio "A Arte da Fome" (publicado no Brasil pela editora José Olympio).

Sua poesia fortemente comprometida com o grau de depuração da linguagem deságua também nas propostas vanguardistas da "language poetry" norte-americana a partir de nomes como Charles Bernstein, Michael Palmer e Jerome Rothenberg. A tradução de Rodrigo Garcia Lopes é a primeira em língua não-inglesa. . Reflexiva, iconoclasta, auto-referente, Laura Riding apostava em seus "mindscapes" (título desta coletânea), cuja melhor tradução aproximativa à língua portuguesa seria "pensagens", espaços verbais transpostos à escrita onde há um constante flerte entre razão e emoção, cálculo e desejo, rigor e respiro, cavalgada de paradoxos sutilmente explorada pela autora. Em um dos poemas, “O Mapa dos Lugares”, a norte-americana assume uma geografia de risco. Confira, a seguir.



O MAPA DOS LUGARES



O mapa dos lugares passa
A realidade do papel se rasga
Onde terra e água estão
Estão apenas aonde já estavam
Quando palavras se liam aqui e aqui
Antes de navios acontecerem ali.


Agora de pé sobre nomes nus,
Sem geografias na mão,
E o papel é lido como antigamente,
os navios no mar
Dão voltas e voltas

Tudo sabido, tudo encontrado
A morte cruza consigo por toda parte
Buracos nos mapas dão em lugar algum.




LAURA RIDING

(Tradução de Rodrigo Garcia Lopes)


OCUPAÇÃO LEMINKSI

Hoje abre uma grande exposição de PAULO LEMINSKI em Sampa, no Itaú Cultural. Com curadoria de Ademir Assunção. Uma pena não poder estar lá. Só posso desejar o maior sucesso ao Pinduca e à Alice, que acaba de ganhar o Prêmio Jabuti.

A FOTO:

Uma das passagens de Leminski e Alice em Londrina. Lançamento no antigo e antológico Valentino, em 1985: no fundo, Beto Coltro (com a mão no rosto), Paulo Leminski, eu, Ademir Assunção, Neuza, Alice e Janete. Foto: Milton Dória.

segunda-feira, setembro 28, 2009

LONDRIX, LEMINSKI ETC


O show ontem no fechamento do Londrix foi emocionante. Deu tudo certo. Marco Scolari e Edu Batistella e eu fizemos nossa parte.
Espero que quem tenha ido tenha curtido. A gente deu o melhor.
Depois do cansaço vou dar um jeito de postar a gravação do show ao vivo aqui ou na página do Myspace.

Aproveitei e e curti os show do Bonus Trash, com o Valquir Fedri mandando ver no palco como sempre e conheci a banda Saco de Ratos, do meu amigo Mario Bortolotto.


AH!

Começa depois de amanhã uma super-exposição em Sampa em homenagem ao PAULO LEMINSKI, que um dia me deu este manuscrito abaixo, entre outros, e que fará parte da exibição do Itaú Cultural. A curadoria é do Ademir Assunção, o Pinduca. Vale a pena conferir. deve ficar mais de um mês lá. Vou nessa.


quinta-feira, setembro 24, 2009

Neste domingo: Canções do Estúdio Realidade no encerramento do LONDRIX

Marco Scolari, dando alma e som nos teclados e acordeón.

Eduardo Batistella.


No show no SESC Vila Mariana, com Edu Batistella (batera) e Marco Scolari (piano, teclados e acordeón). FOTOS: Marina Ribeiro do Valle



Dia 27, domingo, às 20h, no encerramento do Londrix - Festival Literário de Londrina - o show Canções do Estúdio Realidade


Canções do Estúdio Realidade traz canções do primeiro CD, Polivox, e músicas inéditas que farão parte do próximo disco, firmando um diálogo entre a canção brasileira e experimentos sonoros e ritmos como blues, jazz e funk. No repertório, músicas como as inéditas "Vertigem", "New York", "Fugaz", "Rito", entre outras.

Formação: Rodrigo Garcia Lopes (voz, violão,) Marco Scolari (teclado, acordéon e efeitos eletrônicos) e Eduardo Batistella (bateria). Auditório.
Myspace (músicas): http://www.myspace.com/ogirdor2009

Canções do Estúdio Realidade. Show de Rodrigo Garcia Lopes.
Dia 27/09/2009, domingo, às 20 horas, na Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R. João Pessoa, 103 (entre Quintino e JK)
Ingressos à venda a R$ 10 e R$ 5.


ALGUMA CRÍTICA

Nascido em Londrina (PR), o poeta Rodrigo Garcia Lopes se lança em disco como músico, cantor e compositor com o independente Polivox. De voz séria e redonda, aventura-se pela música popular com sonoridade e poética que remetem diretamente a Itamar Assumpção, especialmente em "Minuto" e "Clique, Plugue, Ligue".
PEDRO ALEXANDRE SANCHES (crítico de música, Folha de São Paulo, 2001)

Rodrigo Garcia Lopes, autor de Polivox, é mesmo um cara de muitas vozes. Vozes dele, vozes de outros. Não é toda a hora que se encontra gente múltipla assim, que escreve poesia e ensaios, faz entrevistas, toca violão, compõe, canta...Tudo bem feito, claro. Para o público em geral, ávido de cultura, uma personalidade criativa e livre dessas por perto, nesta época de especializações, de nichos de mercado, de repetições e limitações, é motivo para comemorar.
VITOR RAMIL (músico, compositor e escritor)

Rodrigo Garcia Lopes é um dos mais notáveis poetas paranaenses da safra novíssima. Me impressiona a falta de provincianismo, a abertura cosmopolita, a coragem da informação difícil, o extremo atrevimento desse londrinense, nada indigno do pioneirismo que levantou, naquela terra vermelha, a cidade mais rápida do Brasil.
PAULO LEMINSKI (Correio de Notícias, 16/11/1985)

Obrigada por me mandar o Polivox, tenho ouvido direto porque este é um trabalho para se ouvir muitas vezes, tem muitas camadas. Eu simpatizei de cara, antes mesmo de ouvir porque meu CD Público ia se chamar Polyvox, que é um nome lindo prum CD... Parabéns pelo trabalho. ADRIANA CALCANHOTTO (cantora e compositora)

Depois de ler os poemas de Rodrigo Garcia Lopes, não tenho a menor hesitação em afirmar coisas grandiloqüentes como: ele é um dos melhores poetas surgidos ultimamente neste país. CAIO FERNANDO ABREU (escritor, em 14/3/1988)

As canções chamam a atenção para a palavra, revelam uma leveza no tratar o lirismo urbano contemporâneo, contaminado pela multiplicidade de referências, pela brutalidade do efêmero e do massivo. Segundo o autor, a proposta do CD "é criar um território híbrido, onde poesia e música - como as pegadas de um pássaro na areia - sejam indissociáveis (como sempre foram, dos rapsodos gregos aos rappers)". A experiência resultou interessante e merece ser lida e ouvida com cuidado.
REYNALDO DAMAZIO (poeta e crítico)

Rodrigo dialoga de maneira madura e consciente com tendências da música popular paulistana (pós-vanguarda paulistana). Aliás, isso que eu chamo música popular paulistana, não é tão apenas paulistana assim quando lembramos de nomes como Arrigo, Itamar e Robinson Borba, entre muitos outros que não eram de São Paulo. E dizer que há este diálogo, não é de modo algum engavetar o Polivox de Garcia Lopes. Como já disse, é um trabalho maduro, surpreendente para um primeiro disco, mas compreensível e não menos admirável quando se sabe que Rodrigo toca e compõe não é de hoje. A qualidade musical é algo que o ouvinte pode se impressionar.
ANDRÉ LUIS GONÇALVES OLIVEIRA (crítico de música, no site POPBOX)

sábado, setembro 19, 2009

Nesta terça em Sampa: CANÇÕES DO ESTÚDIO REALIDADE


Rodrigo Garcia Lopes apresenta, no dia 22, terça-feira, às 20h30, no auditório do SESC Vila Mariana, em São Paulo, o show Canções do Estúdio Realidade


Canções do Estúdio Realidade traz canções de seu primeiro CD, Polivox, e músicas inéditas que farão parte de seu próximo disco, firmando um diálogo entre a canção brasileira e experimentos sonoros e ritmos como blues, jazz e funk, que tem sido a marca de seu trabalho. O show traz, num mesmo contexto, a diversidade sonora e riqueza poética ao explorar a relação entre som e sentido, abrigando linguagens e universos que vão da MPB ao blues, da música trovadoresca ao jazz, do reggae ao funk. No repertório, músicas como as inéditas "Vertigem", "New York", "Rito".

Formação: Rodrigo Garcia Lopes (voz, violão,) Marco Scolari (teclado, acordéon e efeitos eletrônicos) e Eduardo Batistella (bateria). Auditório.


Myspace (músicas)
http://www.myspace.com/ogirdor2009
SÉRIE PROSÓDIAS
Rodrigo Garcia Lopes. Dia 22/09/2009, terça, às 20h30

Ingressos à venda em todas as unidades do SESC a partir do dia 01 de setembro. R$ 12,00 (inteira); R$ 6,00 (usuário inscrito no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino); R$ 3,00 (trabalhador no comércio de bens e serviços matriculado no SESC e dependentes); Auditório (131 lugares). Duração: 75 minutos.

SESC Vila Mariana. Rua Pelotas, 141. Informações: 5080-3000
www.sescsp.org.br

sexta-feira, setembro 11, 2009

EDUARDO SEINCMAN, RODRIGO GARCIA LOPES E MARCELO SAHEA SÃO ATRAÇÕES DA SÉRIE PROSÓDIAS


O SESC Vila Mariana apresenta os espetáculos de Eduardo Seincman, de Rodrigo Garcia Lopes e de Marcelo Sahea na Série Prosódias. O projeto tem a finalidade de criar um diálogo entre música e poesia destacando a intersecção entre as duas linguagens.

O cantor, poeta e compositor londrinense Rodrigo Garcia Lopes apresenta, no dia 22, o show
Canções do Estúdio Realidade com músicas do primeiro CD, Polivox (2001), além de composições do seu próximo álbum. No show, Rodrigo firma o diálogo entre a poesia, a canção brasileira, os experimentos sonoros e ritmos como o blues, jazz e funk. Fazem parte do repertório autoral as canções Vertigem, A Solidão, Rito, Perfeitos Estranhos, New York , entre outras. Rodrigo Garcia Lopes (voz, violão) se apresenta ao lado dos músicos Marco Scolari (teclado, acordéon e efeitos eletrônicos) e Eduardo Batistella (bateria).

SÉRIE PROSÓDIAS
Eduardo Seincman. Dia 08/09/2009, terça, às 20h30
Rodrigo Garcia Lopes. Dia 22/09/2009, terça, às 20h30
Marcelo Sahea. Dia 29/09/2009, terça, às 20h30

Ingressos à venda em todas as unidades do SESC a partir do dia 01 de setembro

R$ 12,00 (inteira); R$ 6,00 (usuário inscrito no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino); R$ 3,00 (trabalhador no comércio de bens e serviços matriculado no SESC e dependentes); Auditório (131 lugares). Duração: 75 minutos.

SESC Vila Mariana
Rua Pelotas, 141
Informações: 5080-3000
www.sescsp.org.br


terça-feira, setembro 08, 2009

VERTIGEM


Minha música, Vertigem (Um Corpo que Cai) foi classificada entre as 20 finalistas paranaenses do festival ARPUB - Associação das rádios públicas do Brasil. Durante um mês essas 20 músicas ficarão tocando nas rádios UEL FM e UEM FM:
Os ouvintes deverão votar para escolher as finalistas nacionais, com as músicas que tocarão nas rádios universitárias que participam do festival. Para votar:

1° Clique no Link http://www.uelfm.uel.br/index2.php e OUÇA as músicas.
2° Clique no Link "FALE CONOSCO", que está ACIMA do Anúncio do Festival
3° Preencha o Formulário de Contato:
- Assunto: Selecionar - Outros
- Nome,
- Email,
-Telefone,
-Sua Mensagem: Escreva o nome das 2 Músicas (espero que uma delas seja "Vertigem".
4° Clique em ''Enviar''
As 20 músicas paranaenses foram escolhidas entre as 136 enviadas de todo o Estado para o júri da rádio UEL
Vai lá:
http://www.uelfm.uel.br/index2.php


quinta-feira, setembro 03, 2009

SEM POESIA, NEM PENSAR




ela está tirando a roupa

e entrando em minha cama

lua de verão






rodrigo garcia lopes