O TERRORISTA, ELE OBSERVA
A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.
Agora são só treze e dezesseis.
Alguns ainda terão tempo de entrar.
Alguns de sair.
O terrorista já cruzou para o outro lado da rua.
A distância o protege de qualquer perigo
e a vista, bom, é como no cinema:
Uma mulher de casaco amarelo, ela entra.
Um homem de óculos escuros, ele sai.
Uns jovens de jeans, eles conversam.
Treze e dezessete e quatro segundos.
Aquele cara mais baixo tem sorte, sai de lambreta,
Aquele mais alto entra.
Treze e dezessete e quarenta segundos.
Uma moça, ela passa com uma fita verde no cabelo.
Só que o ônibus a encobre de repente.
Treze e dezoito.
A moça sumiu.
Se foi tola de entrar ou não
vai se saber quando os carregarem para fora.
Treze e dezenove.
Parece que ninguém mais entra.
Aliás, um gordo careca sai.
Remexe os bolsos como se procurasse algo
e faltando dez segundos para as treze e vinte
volta para buscar a droga das luvas que perdeu.
São treze e vinte.
O tempo, como ele voa.
Deve ser agora.
Ainda não.
É agora.
A bomba, ela explode.
Wislawa Szymborska
Tradução: Regina Przybycien
3 comentários:
Hola, Rodrigo!
Muito bom este poema, porém nossa realidade é outra,apesar de mesma!
Sem ninguém que explode literalmente!
Hola, Rodrigo!
Apesar de que, aparentemente, nossa realidade é outra,apesar de quê ninguém explode literalmente, os fatos sucedem-se assim, um atrás do outro, significativos, desprezados ou extremamente significativos; entrelaçados!
da pesada esse poema, rodrigo. abraço. lepre.
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