quinta-feira, julho 10, 2014

Jornal de Londrina: matéria sobre "O Trovador"

Romance policial convida o leitor a ser também um detetive

Primeiro do poeta Rodrigo Garcia Lopes, livro é uma narrativa policial que se passa na Londrina nascente dos primeiros anos da década de 1930


09/07/2014 
Juliana Gonçalves
 

     Um triângulo amoroso entre funcionários da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) resulta num assassinato na Londrina ainda nascente dos primeiros anos da década de 1930. O colonizador Lord Lovat recebe a missão de investigar o misterioso caso cuja pista principal é a poesia. O que é real e o que é ficção nessa história, o escritor Rodrigo Garcia Lopes deixa por conta da perspicácia do leitor. Primeiro romance do londrinense – que já tem cinco livros de poemas publicados e concorre com um deles ao Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa – O trovador será lançado por aqui em agosto. 


Acervo Museu Histórico de Londrina
Acervo Museu Histórico de Londrina / Londrina nos anos 1930 é cenário do primeiro romance de Rodrigo Garcia Lopes 
Londrina nos anos 1930 é cenário do primeiro romance de Rodrigo Garcia Lopes


    Ele sabia que, cedo ou tarde, teria que enfrentar o desafio de escrever um romance. Só não achava que sua estreia na ficção se daria por uma narrativa de mistério, até perceber que, dentre os gêneros narrativos, o policial é o que mais se aproxima da tão familiar poesia. “A narrativa policial estabelece um jogo com o leitor, do qual ele participa ativamente, junto com o detetive, na complicação e solução do mistério. Gosto da equação de que o leitor está para o detetive assim como o autor está para o assassino.”

Trama
 

     A colonização de Londrina – incluindo momentos na Inglaterra, Escócia e na vizinha Rolândia –, não foi escolhida como pano de fundo ao acaso. Reconstituir um período da história da cidade pela qual se diz apaixonado foi outro desafio eleito pelo poeta, compositor e tradutor. “Algumas liberdades foram tomadas na representação da cidade de Londrina e de alguns personagens, tendo em vista os requisitos da trama”, avisa. “A ação se passa no segundo semestre de 1936, e isso tem uma função vital para a trama, por motivos que o leitor irá descobrir.”
      Era o início da exploração cafeeira e madeireira por aqui. O lugar já era povoado por imigrantes japoneses, russos, alemães, espanhóis e britânicos. O mistério tem início dentro da companhia de terras, com uma enigmática palavra provençal rabiscada em um bilhete encontrado na boca da vítima. A palavra também aparece em um estranho poema enviado a Eduardo VIII, então rei da Inglaterra.

Experiência
 

     As investigações que revelarão a identidade do assassino trovador são pacientemente desenvolvidas por Lord Lovat e o tradutor Adam Blake. Em determinado momento, a narrativa sofre um importante recuo. É quando surge na trama uma canção medieval que esconde a chave dos mistérios.
       Mais do que colega de profissão, Blake é quase a personificação do próprio autor na história. “Tentei levar para a composição do Blake um pouco da minha experiência como poeta e tradutor. Ele tem sobrenome de poeta famoso, é escocês, tem 30 anos, fala 11 línguas, é um homem do mundo, culto sem ser pedante e alguém obstinado pela verdade”.


Prêmio
 

      Enquanto comemora a publicação do primeiro romance, Lopes também celebra a indicação ao Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, uma das premiações de maior prestígio no país e reconhecida pelo seu rigor técnico. Ele é um dos 64 semifinalistas na categoria poesia, com o livro Estúdio Realidade, publicado no ano passado. O resultado sai nos próximos meses.

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