Meu amigo e irmão Maurício Arruda Mendonça (com quem traduzi Sylvia Plath e Rimbaud), é o autor dessa pérola de poema. Ele é um de meus poetas favoritos, embora escreva pouco (poesia) e infelizmente não seja mais conhecido. Este poema virou uma musica de arrepiar nas mãos do Bernardo Pellegrini.
OLHA
olha : eu ando louco à procura
de um olhar que como o seu
me acalme um pouco
e eu possa chamar poema
salto de cervo
lua de outono
olha : a parede se descasca
poeira em tudo o que fica
pense um pouco
cinza de cigarro
tubo de caneta
não foi assim
que eu te ensinei a mentir
tenho febre
algum tipo de dor
mas ainda que eu erre
olha : velocidade é uma fissura
da juventude
solidão é um método maluco de saber
quem está dentro de você
quando a cidade inteira
te odeia mas
entre almas de jeans
você segue
olha : nada na neblina
além de borboletas transando
estátuas se mexendo
pessoas que se esqueceram de sorrir
e você vai se matando
de tanto dizer sim
mas
olha : a chuva fina no asfalto
:
a sua pele sobre o meu corpo
pra sempre
MAURÍCIO ARRUDA MENDONÇA
Em Eu Caminhava Assim Tão Distraído (Setteletras)
Poema musicado por Bernado Pellegrini no CD Dinamite Pura.
3 comentários:
sem duvida mais uma perola rara deste
rapaz tao especial! Cheers! Ps: a foto que ilustra e' belissima!
muito bonito!
ótimo poema, deveras. há tempos anda difícil encontrar poetas que tenham realmente o que dizer. bom trabalho!
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