Rodrigo Garcia Lopes lança CD
Por Linaldo Guedes
Poeta. Tradutor. Músico. Rodrigo Garcia
Lopes se divide em várias funções artísticas e, sempre com talento e
critério, vem inserindo seu nome na cena cultural contemporânea
brasileira. Natural de Londrina, no Paraná, Rodrigo viajou o mundo,
lançando livros, traduzindo outros e construindo canções que agradam aos
que buscam algo diferente para ouvir, além do convencional que toca nas
emissoras de rádio. Sua mais nova obra é o disco “Canção de Estúdio
Realidade”, com músicas de pegadas jazzísticas, funkeiras e também
influências da boa e velha MPB. O disco traz canções poéticas, com
arranjos delicados, mas harmoniosos e provocantes, como na canção
“Vertigem”, com claras referências à poesia de Alphonsus de Guimarães e
ao cinema de Hitchcock. Não é o primeiro disco de Rodrigo. Antes, ele já
havia lançado “Polyvox”, mas este é mais canção, embora não seja menos
poético. Não é um disco de poesia musicada. “São canções, uma combinação
única de melodia, ritmo, letra e harmonia. Uma interrelação entre
música, voz e poesia”. Aliás, a velha discussão do que é letra de música
ou poesia em canções nacionais é encerrada por Rodrigo com os seguintes
argumentos: “Se uma canção se sustentar no papel, é um poema. Se o
poema não se sustentar cantado, não é canção”.
“Canção de Estúdio Realidade” traz, no
encarte, depoimento de Arrigo Barnabé e Rodrigo não disfarça as
influências da vanguarda paulista em seu trabalho, influências essas que
datam de suas primeiras composições. A versão de “Nobody does it
better”, de Marvin Hamlisch e Carole Bayer Sager, sucesso na voz de
Carly Simon, já está disponível no site do artista. O disco traz
parcerias com Paulo Leminski, Neuza Pinheiro e Bernardo Pellegrini.
Rodrigo já está caindo na estrada para divulgar o CD, que pode ser
adquirido via internet, e não descarta vir tocar na Paraíba, basta que
apareça convite. Ele reconhece as dificuldades na divulgação para um
trabalho tão criterioso como este. “Aqui mesmo na minha cidade natal,
Londrina: existem 250 duplas de sertanejo universitário na cidade. O
pessoal não vai a shows que não sejam de “balada”. É uma tristeza”,
desabafa, acrescentando que a nova MPB também não lhe anima: “Falta
referência, conteúdo, com exceções, é claro”.
REPORTERPB - “Canção do Estúdio
Realidade” tem uma pegada jazzística muito forte, em algumas canções,
mas também tem funk e MPB. A que referências musicais você recorreu para
fazer este belo trabalho?
Rodrigo Garcia Lopes - Além da MPB, o jazz sem dúvida é uma influência. Um de meus ícones sempre foi Miles Davis, o Picasso da música. Eu ouvia muito Bill Evans, Coltrane, Monk, o incrível Duke Ellington, Chick Corea, Gary Burton, Ralph Towner e Marcus Muller. E então o jazz mais europeu, como o de Jan Gabarek, e no Brasil, Gismonti. Sou fã do funk clássico (não o carioca). É um estilo que faz minha cabeça. O jazz foi importante inclusive para minha formação poética, como alimento espiritual, nutrimento de impulso, inclusive na maneira de compor no violão, que já prepara a cama para o arranjo com outros instrumentos. O disco ficou com uma sonoridade que tem tudo a ver com meus gostos musicais. Na verdade, há um diálogo com toda uma tradição, ou várias tradições: da trovadoresca à MPB. O André Siqueira (diretor musical do disco junto comigo e autor de 10 dos 12 arranjos) foi muito feliz ao captar isso. Seus arranjos são primorosos. Vale ressaltar a mixagem, feita por André Siqueira, Luciano Galbiatti e eu, e a masterização, feita com um papa do assunto, Homero Lotito.
Rodrigo Garcia Lopes - Além da MPB, o jazz sem dúvida é uma influência. Um de meus ícones sempre foi Miles Davis, o Picasso da música. Eu ouvia muito Bill Evans, Coltrane, Monk, o incrível Duke Ellington, Chick Corea, Gary Burton, Ralph Towner e Marcus Muller. E então o jazz mais europeu, como o de Jan Gabarek, e no Brasil, Gismonti. Sou fã do funk clássico (não o carioca). É um estilo que faz minha cabeça. O jazz foi importante inclusive para minha formação poética, como alimento espiritual, nutrimento de impulso, inclusive na maneira de compor no violão, que já prepara a cama para o arranjo com outros instrumentos. O disco ficou com uma sonoridade que tem tudo a ver com meus gostos musicais. Na verdade, há um diálogo com toda uma tradição, ou várias tradições: da trovadoresca à MPB. O André Siqueira (diretor musical do disco junto comigo e autor de 10 dos 12 arranjos) foi muito feliz ao captar isso. Seus arranjos são primorosos. Vale ressaltar a mixagem, feita por André Siqueira, Luciano Galbiatti e eu, e a masterização, feita com um papa do assunto, Homero Lotito.
Você surgiu como poeta, tradutor... O músico veio depois, ou ele apenas aflorou no momento em que você acreditava ser certo?
Eu toco violão desde os 11 anos. Tive aulas com professores na adolescência. Toquei na rua. Participei de festivais de música em Londrina. Me apresentei num pá de lugares. Pouca coisa que compus antes dos anos 90 eu aproveitei. Creio que fiquei mais tocando coisas dos outros, sobretudo Itamar Assumpção, a certa altura dos anos 80, do que propriamente compondo. O processo de compor recomeçou, de forma mais madura, nos anos 90. Com a convivência com poetas e músicos de minha geração como Maurício Arruda Mendonça, Bernardo Pellegrini. Em 2001 lancei Polivox, que tinha uma proposta diferente deste disco: Polivox trazia poemas que foram musicados e transformados em outra coisa, canções, poemas sob a forma de poetrilhas ou salas sonoras (aguçando uma viagem sonora com o texto), ou poemas lidos no seco, onde eu queria explorar o som da linguagem em si. O Canções do Estúdio Realidade aprofunda e adensa as experiências musicais iniciadas no primeiro disco enquanto explora, em doze faixas, formas possíveis de compor canções hoje em dia. Achei que não cabia no contexto experiências com poesia sonora ou poetrilhas, quem sabe no próximo. Hoje, penso nas canções em termos de campos de possibilidades poético-musicais.
Eu toco violão desde os 11 anos. Tive aulas com professores na adolescência. Toquei na rua. Participei de festivais de música em Londrina. Me apresentei num pá de lugares. Pouca coisa que compus antes dos anos 90 eu aproveitei. Creio que fiquei mais tocando coisas dos outros, sobretudo Itamar Assumpção, a certa altura dos anos 80, do que propriamente compondo. O processo de compor recomeçou, de forma mais madura, nos anos 90. Com a convivência com poetas e músicos de minha geração como Maurício Arruda Mendonça, Bernardo Pellegrini. Em 2001 lancei Polivox, que tinha uma proposta diferente deste disco: Polivox trazia poemas que foram musicados e transformados em outra coisa, canções, poemas sob a forma de poetrilhas ou salas sonoras (aguçando uma viagem sonora com o texto), ou poemas lidos no seco, onde eu queria explorar o som da linguagem em si. O Canções do Estúdio Realidade aprofunda e adensa as experiências musicais iniciadas no primeiro disco enquanto explora, em doze faixas, formas possíveis de compor canções hoje em dia. Achei que não cabia no contexto experiências com poesia sonora ou poetrilhas, quem sabe no próximo. Hoje, penso nas canções em termos de campos de possibilidades poético-musicais.
É um disco de canções ou de poesia musicada, já que você é poeta?
São canções, uma combinação única de melodia, ritmo, letra e harmonia. Uma interrelação entre música, voz e poesia. Pelo menos foi o que pretendi, e não “poesia musicada”.
São canções, uma combinação única de melodia, ritmo, letra e harmonia. Uma interrelação entre música, voz e poesia. Pelo menos foi o que pretendi, e não “poesia musicada”.
Aliás, como você vê a discussão que sempre existe sobre o que é letra de música ou é poesia nas canções nacionais?
Se uma canção se sustentar no papel, é um poema. Se o poema não se sustentar cantado, não é canção. Acho que isso resume o que penso.
Se uma canção se sustentar no papel, é um poema. Se o poema não se sustentar cantado, não é canção. Acho que isso resume o que penso.
O disco não deixa de ter enes
referências literárias, como em “Vertigem”, com alusão ao poema
“Ismália”, de Alphonsus de Guimarães, embora a inspiração maior parece
ter sido mesmo o filme de Hitchcock. O arranjo da canção, inclusive,
leva o ouvinte a ter a sensação de vertigem mesmo. Fale um pouco como
foi essa junção entre cinema e literatura nesta canção.
Interessante você dizer isso. O Luiz Tatit chamou o disco de lírico e cinematográfico, e acho que ele captou bem isso. Quando bolei a sequência das faixas, que me deu um grande trabalho, pensei em termos de doze cenas ou capítulos de um livro que é este estúdio realidade em que vivemos. Pensei nesta canção como uma mini-narrativa, como é de tradição na nossa MPB, de Noel a Chico. As letras tem bastante carga imagética, além de eu ser um apaixonado pelo cinema. O trabalho gráfico do Marcos Losnak e as fotos de Elisabete Ghisleni, no encarte, acentuam isso.
Interessante você dizer isso. O Luiz Tatit chamou o disco de lírico e cinematográfico, e acho que ele captou bem isso. Quando bolei a sequência das faixas, que me deu um grande trabalho, pensei em termos de doze cenas ou capítulos de um livro que é este estúdio realidade em que vivemos. Pensei nesta canção como uma mini-narrativa, como é de tradição na nossa MPB, de Noel a Chico. As letras tem bastante carga imagética, além de eu ser um apaixonado pelo cinema. O trabalho gráfico do Marcos Losnak e as fotos de Elisabete Ghisleni, no encarte, acentuam isso.
Como surgiu a idéia de traduzir
“Nobody does it better”, de Marvin Hamlisch e Carole Bayer Sager,
sucesso na voz de Carly Simon?
Não sei o motivo, mas é daquelas músicas que me marcaram muito nos anos 70. Esta versão tem uma pequena história: eu havia quebrado o braço em 2010, e um grande amigo, o poeta Maurício Arruda Mendonça, sugeriu, enquanto me recuperava, que eu fizesse uma versão. Nem sei bem direito o porquê, o que me lembro é que acabei me envolvendo por dois dias no desafio de botar letra e traduzir uma canção bastante conhecida. Como apaixonado tradutor de poesia, tentei ser fiel também - e à medida da cantabilidade em português - à letra original de Carole Bager, além da bela melodia de Marvin Hamlisch (que ouviu e aprovou minha versão, em março de 2012). Influenciado por um romance policial que estava escrevendo, tentei acrescentar mais clima e atmosfera de mistério e do filme ao contexto da letra, acentuados pelo arranjo de André Siqueira. “Volta sempre pra enfeitiçar” é, claro, citação-homenagem a “Retrato em Branco e Preto”, de Chico Buarque e Tom Jobim.
Não sei o motivo, mas é daquelas músicas que me marcaram muito nos anos 70. Esta versão tem uma pequena história: eu havia quebrado o braço em 2010, e um grande amigo, o poeta Maurício Arruda Mendonça, sugeriu, enquanto me recuperava, que eu fizesse uma versão. Nem sei bem direito o porquê, o que me lembro é que acabei me envolvendo por dois dias no desafio de botar letra e traduzir uma canção bastante conhecida. Como apaixonado tradutor de poesia, tentei ser fiel também - e à medida da cantabilidade em português - à letra original de Carole Bager, além da bela melodia de Marvin Hamlisch (que ouviu e aprovou minha versão, em março de 2012). Influenciado por um romance policial que estava escrevendo, tentei acrescentar mais clima e atmosfera de mistério e do filme ao contexto da letra, acentuados pelo arranjo de André Siqueira. “Volta sempre pra enfeitiçar” é, claro, citação-homenagem a “Retrato em Branco e Preto”, de Chico Buarque e Tom Jobim.
Não são raros poetas que se
aventuram no mundo da música. Neste disco, você tem parceria com Paulo
Leminski na canção “Adeus”. Como foi musicar este poema de Leminski?
Como diz o José Miguel Wisnik, alguns poetas brasileiros sofrem da “tentação da canção”. É algo entranhado na nossa vida cultural. Musiquei este poema do curitibano Leminski nos anos 90, numa saudosa república de amigos em Londrina, nas tardes vadias de um inverno muito frio, entre fumaças de fogueira, vinhos e risos tintos. Isso foi mais ou menos na mesma época em que escrevi o poema que se tornou a canção “Iluminações. Enfatizado pelo violão percussivo, de levada funk, o poema da “besta dos pinheirais” recebe um tratamento jazzístico.
Como diz o José Miguel Wisnik, alguns poetas brasileiros sofrem da “tentação da canção”. É algo entranhado na nossa vida cultural. Musiquei este poema do curitibano Leminski nos anos 90, numa saudosa república de amigos em Londrina, nas tardes vadias de um inverno muito frio, entre fumaças de fogueira, vinhos e risos tintos. Isso foi mais ou menos na mesma época em que escrevi o poema que se tornou a canção “Iluminações. Enfatizado pelo violão percussivo, de levada funk, o poema da “besta dos pinheirais” recebe um tratamento jazzístico.
Há também outras parcerias no disco, com Neuza Pinheiro e Bernardo Pellegrini. Fale sobre elas.
Neuza Pinheiro e Bernardo Pellegrini são dois nomes importantes da cultura e da música londrinense. A parceria com Bernardo chama-se “Iluminações”. É uma canção que eu adoro. Ela originou-se do poema sem título que abria meu primeiro livro, Solarium (1994). Desde então tem sido uma de minhas preferidas no extenso e rico repertório do Bernardo. Um instantâneo de uma época, de um tempo. Já a Neuza transformou meu poema composto na viagem de 1984 num suave folk, uma pérola de delicadeza.
Neuza Pinheiro e Bernardo Pellegrini são dois nomes importantes da cultura e da música londrinense. A parceria com Bernardo chama-se “Iluminações”. É uma canção que eu adoro. Ela originou-se do poema sem título que abria meu primeiro livro, Solarium (1994). Desde então tem sido uma de minhas preferidas no extenso e rico repertório do Bernardo. Um instantâneo de uma época, de um tempo. Já a Neuza transformou meu poema composto na viagem de 1984 num suave folk, uma pérola de delicadeza.
Há algumas canções que foram
feitas quando você estava no exterior, como “New York”, da última faixa
do disco. Como foi o processo de composição dela?
Eu escrevera “New York” na minha passagem por lá, dez anos antes do 11 de setembro de 2001. Eu havia entrevistado o músico e poeta John Cage para meu livro de entrevistas e voltava de sua casa pela Sexta Avenida, um pouco confuso, pensando sobre o silêncio, que havia sido um ponto central da conversa e tão fundamental em sua obra, e no caos sonoro das ruas de Nova York, entre músicos batendo lata e fazendo som e uma babel de idiomas. Sons, imagens e ritmos foram naturalmente se acumulando em minha mente. Parei na rua e escrevi o primeiro esboço do poema. Já naquele momento sabia que seria um rap com tratamento harmônico jazzístico e foi da maneira como faço nesta faixa que passei a declamá-lo/cantá-lo em performances. Dois anos depois, em Londrina, preparando-se para apresentar este poema com Mario Bortolotto, Maurício Arruda Mendonça e Silvio Demétrio numa série batizada de “Poesia in Concert”, fui compondo no violão uma harmonia que dialogasse com a sequência imagética e a dinâmica do poema, acomodando riffs e frases e compondo com a letra e suas progressões, num processo bastante caótico, todas precisamente captadas no arranjo da Banda Cinemática. Assim nasceu “New York”.
Eu escrevera “New York” na minha passagem por lá, dez anos antes do 11 de setembro de 2001. Eu havia entrevistado o músico e poeta John Cage para meu livro de entrevistas e voltava de sua casa pela Sexta Avenida, um pouco confuso, pensando sobre o silêncio, que havia sido um ponto central da conversa e tão fundamental em sua obra, e no caos sonoro das ruas de Nova York, entre músicos batendo lata e fazendo som e uma babel de idiomas. Sons, imagens e ritmos foram naturalmente se acumulando em minha mente. Parei na rua e escrevi o primeiro esboço do poema. Já naquele momento sabia que seria um rap com tratamento harmônico jazzístico e foi da maneira como faço nesta faixa que passei a declamá-lo/cantá-lo em performances. Dois anos depois, em Londrina, preparando-se para apresentar este poema com Mario Bortolotto, Maurício Arruda Mendonça e Silvio Demétrio numa série batizada de “Poesia in Concert”, fui compondo no violão uma harmonia que dialogasse com a sequência imagética e a dinâmica do poema, acomodando riffs e frases e compondo com a letra e suas progressões, num processo bastante caótico, todas precisamente captadas no arranjo da Banda Cinemática. Assim nasceu “New York”.
Como está sendo feita a divulgação do trabalho? Onde e como o público pode adquirir o disco?
Da mesma forma de sempre: na raça. A diferença é que quando lancei Polivox não tínhamos ainda todas as possibilidades abertas para a música independente com a internet, sites de música brasileira independente e com plataformas como soundcloud, Myspace, Reverbnation. Estou me valendo muito dela para isso. O disco está à venda pelo e-mail estudiorealidade@gmail.com e pela distribuidora Tratore www.tratore.com.br Estou usando bastante a internet, e criei um site, desenhado pela poeta Ana Peluso, www.rgarcialopes.wix.com/site, que foi lançado ao mesmo tempo que o disco. Ele traz muita coisa, inclusive o disco anterior livre para download. Além disso, enviei cerca de 350 discos para rádios, críticos, jornalistas, revistas e sites de música. É um trabalho duro, pois, como me lembrou uma amiga música de Curitiba, vivemos hoje uma “saturação de produção”.
Da mesma forma de sempre: na raça. A diferença é que quando lancei Polivox não tínhamos ainda todas as possibilidades abertas para a música independente com a internet, sites de música brasileira independente e com plataformas como soundcloud, Myspace, Reverbnation. Estou me valendo muito dela para isso. O disco está à venda pelo e-mail estudiorealidade@gmail.com e pela distribuidora Tratore www.tratore.com.br Estou usando bastante a internet, e criei um site, desenhado pela poeta Ana Peluso, www.rgarcialopes.wix.com/site, que foi lançado ao mesmo tempo que o disco. Ele traz muita coisa, inclusive o disco anterior livre para download. Além disso, enviei cerca de 350 discos para rádios, críticos, jornalistas, revistas e sites de música. É um trabalho duro, pois, como me lembrou uma amiga música de Curitiba, vivemos hoje uma “saturação de produção”.
Sua música não é alternativa, é
bem contemporânea. Talvez seja alternativa à muita coisa de ruim que vem
sendo produzido hoje em dia no país. Como você avalia o mercado para
trabalhos criteriosos como o de “Canção do Estúdio Realidade”?
Muito difícil responder. Vou dar um exemplo aqui mesmo na minha cidade natal, Londrina: existem 250 duplas de sertanejo universitário na cidade. O pessoal não vai a shows que não sejam de “balada”. É uma tristeza. A chamada nova MPB também não me anima, confesso, e olha que tenho acompanhado bastante o que está rolando. Falta referência, conteúdo, com exceções, é claro.
Muito difícil responder. Vou dar um exemplo aqui mesmo na minha cidade natal, Londrina: existem 250 duplas de sertanejo universitário na cidade. O pessoal não vai a shows que não sejam de “balada”. É uma tristeza. A chamada nova MPB também não me anima, confesso, e olha que tenho acompanhado bastante o que está rolando. Falta referência, conteúdo, com exceções, é claro.
Fale um pouco do depoimento do
Arrigo Barnabé, inserido no encarte do CD. Como você vê a musicalidade
das vanguardas de São Paulo e como eles se encaixaram em seu CD?
Pra mim foi uma alegria, um presente, o texto do meu conterrâneo Arrigo, porque ele é também uma de minhas grandes referências na MPB. Clara Crocodilo, depois suas canções, foram importantes na minha formação. Eu acompanhei bastante, nos anos 80, o trabalho daquela chamada “vanguarda paulistana” que tinha boa parte dos pés encravadas em Londrina, com o Itamar, Arrigo, Neuza Pinheiro...
Pra mim foi uma alegria, um presente, o texto do meu conterrâneo Arrigo, porque ele é também uma de minhas grandes referências na MPB. Clara Crocodilo, depois suas canções, foram importantes na minha formação. Eu acompanhei bastante, nos anos 80, o trabalho daquela chamada “vanguarda paulistana” que tinha boa parte dos pés encravadas em Londrina, com o Itamar, Arrigo, Neuza Pinheiro...
E a repercussão deste trabalho junto à crítica, como tem sido?
Ainda está devagar, mas artistas que respeito, como Vitor Ramil, Luiz Tatit e Antonio Cicero, gostaram do disco. Por parte da crítica, as resenhas estão saindo, aos poucos.
Ainda está devagar, mas artistas que respeito, como Vitor Ramil, Luiz Tatit e Antonio Cicero, gostaram do disco. Por parte da crítica, as resenhas estão saindo, aos poucos.
Você vai pegar a estrada para divulgação do CD? Há possibilidade de uma vinda à Paraíba?
Com certeza. Tenho show de lançamento de estreia em São Paulo, no SESC Belenzinho, e preparo shows em Londrina, Florianópolis, Porto Alegre e Rio de janeiro. Se conseguirmos alguém que leve meu show a João Pessoa, embarco amanhã!
Com certeza. Tenho show de lançamento de estreia em São Paulo, no SESC Belenzinho, e preparo shows em Londrina, Florianópolis, Porto Alegre e Rio de janeiro. Se conseguirmos alguém que leve meu show a João Pessoa, embarco amanhã!
E o poeta Rodrigo Garcia Lopes? Algum novo livro em vista?
Em maio sai Estúdio Realidade, pela 7Letras do Rio, meu primeiro livro de poemas desde Nômada (2004). Ela traz apresentação de Antonio Cicero. A poesia andou mais lenta nos últimos anos porque estava enfiado num romance policial, que me custou seis anos de trabalho e pesquisa.
Em maio sai Estúdio Realidade, pela 7Letras do Rio, meu primeiro livro de poemas desde Nômada (2004). Ela traz apresentação de Antonio Cicero. A poesia andou mais lenta nos últimos anos porque estava enfiado num romance policial, que me custou seis anos de trabalho e pesquisa.
2 comentários:
Rodrigo, um grande abraço e grata pelos cds que me enviou. Tenho ouvido com gosto,a sua interpretação, os arranjos, que coisa bem feita, como disse o Arrigo.
Um grande abraço e um grande beijo, Neuza. Viva a música, viva a poesia e viva nóis!
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