0Ranulfo Pedreiro/JL
O novo CD de Rodrigo Garcia Lopes abre e fecha ressaltando seu lado beat,
o da poesia falada em happenings musicais cheios de suingue. Mas é no miolo
que Canções do estúdio realidade esconde suas complexidades. A primeira delas
é a palavra, mergulhada em melodia. As letras já não parecem poemas
musicados. A segunda é a direção musical de André Siqueira, dando tal qualidade
aos arranjos que eles, muitas vezes, roubam a cena.
o da poesia falada em happenings musicais cheios de suingue. Mas é no miolo
que Canções do estúdio realidade esconde suas complexidades. A primeira delas
é a palavra, mergulhada em melodia. As letras já não parecem poemas
musicados. A segunda é a direção musical de André Siqueira, dando tal qualidade
aos arranjos que eles, muitas vezes, roubam a cena.
Dizer que o CD, com distribuição da Tratore e patrocínio do Promic, mistura MPB
e jazz é pouco. Há algo sinfônico no sentido com que as vozes se cruzam. A bateria
de Rodrigo Serra, por exemplo, está longe de se restringir ao ritmo. O piano
econômico de Mateus Gonsales fala pouco e toca muito, sempre em acordes
abertos. Gabriel Zara divide o baixo com o próprio André, que empunha o inconfundível
fretless construído por Renato Alves e faz um belo solo em Alba – canção praieira
que disfarça uma ciranda.
e jazz é pouco. Há algo sinfônico no sentido com que as vozes se cruzam. A bateria
de Rodrigo Serra, por exemplo, está longe de se restringir ao ritmo. O piano
econômico de Mateus Gonsales fala pouco e toca muito, sempre em acordes
abertos. Gabriel Zara divide o baixo com o próprio André, que empunha o inconfundível
fretless construído por Renato Alves e faz um belo solo em Alba – canção praieira
que disfarça uma ciranda.
Há momentos cinematográficos na tensão de Vertigem e uma delicadeza à
Modern Jazz Quartet em Cerejas, talvez pelo vibrafone límpido de Marcello
Casagrande. O suingue volta em Adeus, parceria visceral com Paulo Leminski.
E é leminskiano o clima de haikai que pousa sobre Iluminações, parceria com
Bernardo Pellegrini. É uma melodia que segue a fala, mas com direito a curvas
fechadas no caminho. Com Neuza Pinheiro, Rodrigo assina a folk Butterfly,
única em inglês.
Modern Jazz Quartet em Cerejas, talvez pelo vibrafone límpido de Marcello
Casagrande. O suingue volta em Adeus, parceria visceral com Paulo Leminski.
E é leminskiano o clima de haikai que pousa sobre Iluminações, parceria com
Bernardo Pellegrini. É uma melodia que segue a fala, mas com direito a curvas
fechadas no caminho. Com Neuza Pinheiro, Rodrigo assina a folk Butterfly,
única em inglês.
Não é disco para se ouvir distraído. Ele clama por atenção, que revela tessituras
imperceptíveis à primeira audição. Evite, portanto, aquelas caixinhas de
computador. Canções... é para se abrir com volume e amplitude.
imperceptíveis à primeira audição. Evite, portanto, aquelas caixinhas de
computador. Canções... é para se abrir com volume e amplitude.
Seus detalhes, caminhos, pontos e cruzamentos é que são elas. Dão o clima,
porque se trata de CD com arquitetura, ambiente. Há poesia, mas ela não é
exatamente a ponta de lança. Cantador, Rodrigo Garcia Lopes especula
sentimentos que assombram nossa condição humana. Com palavras ou sem.
porque se trata de CD com arquitetura, ambiente. Há poesia, mas ela não é
exatamente a ponta de lança. Cantador, Rodrigo Garcia Lopes especula
sentimentos que assombram nossa condição humana. Com palavras ou sem.
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