Jotabê Medeiros, hoje, no Caderno 2 de O Estado de S. Paulo:
Canções do Estúdio Realidade
Rodrigo Garcia Lopes
Independente
++++ Ótimo
O SAFÁRI DO POETA PELO TERRITÓRIO DO POP
por JOTABÊ MEDEIROS
Refinar o pop a partir da experiência literária não é um sonho novo. Leonard Cohen, Leminski: muitos burilaram essa fronteira. Rodrigo Garcia Lopes, poeta, tradutor, cantor e compositor, faz percurso curioso em seu segundo disco, Canções do Estúdio Realidade. Aqui se dá o inverso: é a leveza do pop que impulsiona uma trama poética sutil. Quaderna, balé numerológico que abre o álbum, é um funk de baixo marcado, que parece vir com um Djavan embutido. Em Alba, sob uma flauta acariocada, Edu Lobo e Cazuza parecem se encontrar por um instante. "Vida breve, curto o dia", diz a letra. Há uma tessitura deliberadamente old fashion, que pode até evocar Chico Buarque e Tom Jobim (como no piano e melodia em "Vertigem"). O afeto à memória é tratado a pão de ló no disco de Rodrigo. Ele encarou verter para o português a canção Nobody does it Better, tema antigo de 007 (de Carole Bayer Sager e Marvin Hamlish). Fugaz tem sabor de jazz fusion à mineira. Uma natural familiaridade costura as harmonias do poeta, que nos leva, pelo som, a um território novo e antigo ao mesmo tempo.
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