Elisabete Ghisleni/Divulgação
CD
O mistério da canção
Poeta, tradutor e músico londrinense Rodrigo Garcia Lopes lança o segundo disco, Canções do Estúdio Realidade, 12 anos após Polivox
Publicado em 24/03/2013 | RAFAEL RODRIGUES COSTA
Compositor pouco prolífico, no entanto, levou 12 anos para lançar o sucessor de Polivox (2001) – um bem-sucedido híbrido entre poesia e música influenciada pela estética da Vanguarda Paulistana.
MPB
Cancões do Estúdio Realidade
Rodrigo Garcia Lopes. Independente/Tratore (distribuição). R$ 25 (mais frete na venda pelo e-mail rgarcialopes@gmail.com).
A nova safra de composições vem sob o título de Canções do Estúdio Realidade – termo emprestado de William Burroughs (1947-1981) que também dá nome ao próximo livro de poemas de Lopes, prestes a ser lançado, em um ano que ainda renderá o seu primeiro romance, o policial O Trovador.
“O livro de poemas é o primeiro desde o Nômada, de 2004. E o romance policial histórico, passei seis anos escrevendo. É um ano de colheita”, diz Lopes, por telefone.
São 12 canções que retomam a tradição principal da MPB, de Caetano Veloso e Djavan a Lenine, em arranjos que arregimentam treze músicos sob a direção do autor e de André Siqueira – responsável pela maioria dos baixos, baterias, violões e guitarras. “Não me lembro de compositores de Londrina aglutinando tantos músicos em um mesmo mesmo trabalho”, diz Lopes, que contou com patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina.
Trabalhadas lenta e conscientemente, as músicas vêm em roupagens como as do afoxé (“Alba”), blues (“Cerejas”), funk (“Vertigem”), folk (“Álibis”) e jazz. “São formas de mostrar multiplicidade e a elasticidade do conceito de MPB. Minha poesia sempre se caracterizou por essa diversidade”, explica.
A condição de poeta e tradutor, no entanto, se impõe na vocação literária das canções – algumas, originalmente poemas, como “Iluminações” (escrito por Lopes musicado por Bernardo Pellegrini) e “Adeus” (escrito por Leminski e musicado por Lopes). Há ainda uma versão para “Nobody Does It Better” carregada nas tintas de espionagem (“Ninguém Melhor Que Ela”).
“Para mim, a criação de uma canção sempre foi um mistério. Que santo baixou em Chico Buarque para ele fazer uma coisa como ‘Construção’?”, questiona. “O mistério da canção é que nem sempre você a persegue. Ela surge em você.”
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