quinta-feira, dezembro 13, 2007

CLANDESTINO (poema de Paul Auster, trad. Rodrigo Garcia Lopes)

CLANDESTINO



Lembrem comigo do hoje — a palavra

e contra-palavra

de testemunho: aurora tátil, emergindo

de meus punhos: o alcance

ciliar do sol: o trecho de breu

que escrevi

na mesa do sono.


O agora

é a hora que virá.

Todos vocês vieram

pra pegar de mim, levar embora

o agora de mim. Não

se esqueçam

de esquecer. Encham

os bolsos com terra,

E selem a boca

de minha caverna.


Foi ali

que sonhei minha vida

dentro de um sonho

de fogo.



CLANDESTINE


Remember with me today — the word

and counter-word

of witness: the tactile dawn, emerging

from my clenched hand: sun´s

ciliary grasp: the stretch of darkness

I wrote

on the table of sleep.


Now

is the time to come.

All you have come

to take from me, take

away from me now. Do not

forget

to forget. Fill

your pockets with earth,

and seal up the mouth

of my cave.


It was there

I dreamed my life

into a dream

of fire.



De Fragments from the Cold (1976-1977)


PAUL AUSTER

TRADUÇÃO: RODRIGO GARCIA LOPES


Um comentário:

anjobaldio disse...

Muito bom.