Estase no escuro.
E um fluir azul sem substância
De rochedos e distâncias.
Leoa de Deus,
Como nos unimos,
Eixo de calcanhares e joelhos !
O sulco
Reparte e passa, irmão do
Arco castanho
Do pescoço que não posso pegar,
Olhinegras
Bagas lançam escuros
Ganchos —
Goles de sangue negro e doce,
Sombras.
Algo mais
Me arrasta pelos ares —
Coxas, pêlos;
Escamas de meus calcanhares.
Godiva
Branca, me descasco —
Mãos mortas, mortas asperezas.
E agora
Espumo com o trigo, um brilho de mares.
O choro da criança
Dissolve-se no muro.
E eu
Sou a flecha,
Orvalho que voa
Suicida, e de uma vez avança
Contra o olho
Vermelho, caldeirão da manhã.
TRADUÇÃO RODRIGO GARCIA LOPES E MARIA CRISTINA LENZ DE MACEDO
EM ARIEL, (VERUS EDITORA, 2007)
Poema escrito em 1 de outubro de 1962. Na peça A Tempestade, de Shakespeare, Ariel é o o nome do espírito do ar. “Leão de Deus”, em hebraico. Nome do cavalo que a poeta costumava cavalgar quando morava em Devon. A nobre Lady Godiva, personagem da história anglo-saxã, teria desfilado nua sobre um cavalo pelas ruas de Coventry, cumprindo a promessa do marido de que ele abaixaria, a seu pedido, os impostos da população. A única pessoa que teria ousado olhá-la teria ficado cega, conforme a lenda.
Um comentário:
gostaria que entrassse no meu blog e dissesse ,se não incomoda-lo visitar m minha página e dizer o que acha, é www.escritosdo-exilio.blogspot.com, abraços e que Buda esteja com vc
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