domingo, setembro 08, 2013

PASTORAL (Poema de Rodrigo Garcia Lopes / Em Estúdio Realidade / 7 Letras 2013)


PASTORAL


A eficiência empresarial e o gerenciamento de produtos têm sido umas das marcas de nosso empreendimento.
Você deve estar brincando.
Reflexos de carros se espreguiçam como gritos.
Mesmo?
Pelo menos uma chance de que nuvens nos distraiam e deem as caras com uma contraproposta plausível para a ampla variedade de profecias.
“Os viajantes não têm pressa de entregar as encomendas”.
 Eixo peixe fonte luz reflexo pixel.
O arvoredo bêbado de cor.
“Por rios digitais celulares bipam madrigais”.
Apesar da silhueta de seu ombro se definir, enfim, entre sonho e devir.
Então de novo a janela, surpresa, natureza-morta.
E havia o vento, subentendido, um figurante.
A ação estava concentrada em detectar detalhes.
Em Solombra aprendera a arte das sombras.
Quanto aos jornais, notícias velhas como uma tela de plasma, absorviam a morte pelos quatro cantos da Rede Sky.
Antenas da roça enferrujam, ideogramas dormindo na luz outonal.
Púrpura até que é uma, mas primeiro você precisa saber do solitário sabor.
Onde o olho pousa é sempre um deus, um dia, ou dois.
Direitos reservados com antecedência para atividades ilícitas.
Você está certo, a ilusão
do ponto de fuga retardou
o surgimento de novos paradigmas. Mas
arquitetos chineses
não desistem jamais de sonhar
suas borboletas estruturas.
Aurora de sangue, um default nas mãos do mundo
Enquanto signos piscam de premonição, já ausentes de
Deus ou de qualquer textura. Neste lugar
nomes desertam
do mesmo modo como a água sequestra
as árvores nas margens, percebe?
E ainda é domingo.


 Pastoral de Outono (François Boucher)




















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