ROMANCE POLICIAL
A lanterna da lua banhava o morto.
No rosto do detetive, nenhum sopro
A não ser o ar pesado do mangue, o
corpo
Caído, espesso sangue, e o pouco
Dito pelo policial com cara de mau
Que agora segurava um castiçal
Interrogando a loira de olhos
negros
Que trabalhava para um restaurante
grego
Da grana e dos bilhetes estranhos
no porta-luvas,
Do estranho esgar de sorriso, do
sangue em sua luva.
E antes que a canção no rádio
acabe
Ele diz: "Para salvá-la, só
um milagre".
Nas mãos, a carta rasgada ao meio,
garrafa de uísque
Pela metade. Mas ainda é cedo para
que ele se arrisque.
Nada ficou claro nos depoimentos,
de como essa sereia
Foi encontrada pela estrada à lua
cheia:
"Do que não se pode falar,
deve se calar",
Ela disse, bem no momento dele virar
E ser beijado por seus lábios
fatais.
A lua aumentava seus cristais.
Seguiu-se um minuto de silêncio
E os grilos pontuavam um indício.
Ela disse:
"As pistas estão em toda
parte, em seu diário,
No dia dezesseis em vermelho no
calendário".
Enquanto o detetive revistava a
lua
A loira derramou uma poção branca
na sua
Garrafinha de uísque. "Nessa
profissão, é preciso jeito
Para resolver este quase crime
perfeito".
Ela não dizia nada, ou quase nada,
só o olhava
Sabendo que a verdade estava em
cada palavra.
A esta altura, tudo parecia bem
nítido
E agora ele a forçava a beber o
líquido.
Rodrigo Garcia Lopes
2 comentários:
Será um pouco oportuno comentar aqui neste poema - mas o farei. Admiro suas traduções - tenho quase todas elas, obrigado pelo seu trabalho. Conheço pouco da sua poesia, mas, pelo pouco conhecimento que dela tenho, posso supor algo extremamente diferente, ainda inacessível, e que pressupõe o anseio de todos nós: o novo. Só este critério já me convence da qualidade.
Bom, é isso,
Felipe Garcia de Medeiros.
Obrigado pelo comentário, Felipe. Voce acha meus livros na estante virtual. Logo terei um site com minha obra, abraço, R
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