Esta canção foi terminada em maio. Foi feita para um poema antigo, que enfim encontra sua parceira e se tornam outra coisa: uma canção. É uma guia bem simples, mas dá pra saboreá-la.
Para ouvir "Cerejas", clique aqui:
http://www.uel.br/uelfm/audios/11247-cerejas_Rodrigo_Garcia_Lopes.mp3
Escute as outras concorrentes aqui:
http://www.uel.br/uelfm/arquivo.php?id=7367
Para votar, há três opções:
- e-mail: programatremdasonze@gmail.com
- www.facebook.com.br/tremdasonze
- telefone: 3348 5027
A votação vai até o dia 5 de agosto.
Espero o seu voto!
"Storm the Reality Studio, and retake the universe" ("Assaltem o Estúdio Realidade, e retomem o universo") WILLIAM S. BURROUGHS
quinta-feira, julho 28, 2011
terça-feira, julho 26, 2011
ESTAMOS LÁ - "Roteiro da Poesia Brasileira - anos 90"
segunda-feira, julho 25, 2011
CEREJAS NO FESTIVAL ARPUB
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A rádio UEL FM divulgou na manhã de segunda-feira, 25, os nomes dos 10 semifinalistas do II Festival de Música da UEL FM. Entre os dias 26 de julho e 08 de agosto, as músicas selecionadas vão fazer parte da programação musical da rádio UEL FM. No dia 09 de agosto, no programa Trem das Onze, os nomes dos 2 finalistas vão ser divulgados. Uma música com letra e uma instrumental vão passar para a etapa nacional do III Festival de Música da ARPUB - Associação das Rádios Públicas do Brasil.
Música Instrumental - "Não dá pra dizer".
Música com letra - "Ligação Solitária Divina".
Música com letra - "O tempo".
Música com letra - "Cerejas".
Música instrumental - "Lembrança".
Música com letra - "O homem e o pássaro".
Música com letra - "Alma".
Música com letra - "Pra ela".
Música instrumental - "Soladinho".
Música com letra - "Você". |
segunda-feira, julho 18, 2011
RUSH (poema de Estúdio Realidade)
a chuva
é este pensamento
lento
agulhas de prata
se caçam, se cruzam,
alcançam a vidraça
cortina perolada
presente
dos deuses
música suave
de quem
não diz o que sabe
abençoa a cidade
dos homens
e seus corações secos
rodrigo garcia lopes 18 julho 2011
domingo, julho 17, 2011
Final de Song of Myself (Canção de Mim Mesmo", de Walt Whitman. Tradução: Rodrigo garcia Lopes)
O falcão pintado dá um rasante sobre mim e me acusa ....reclama de minha conversa fiada, minha preguiça.
Também não sou facilmente amestrável ....também não sou facilmente traduzível,
Solto meu grito bárbaro sobre os telhados do mundo.
As últimas nuvens do dia se demoram por mim,
Lançam minha semelhança sobre o resto, fiel como todas na selvas sombrias,
Me incitam pro vapor e pro crepúsculo.
Vou-me feito vento ....agito meus cabelos brancos contra o sol fugitivo,
Esparramo minha carne em redemoinhos e a deixo flutuar em retalhos rendados.
Me entrego à terra pra crescer da relva que amo,
Se me quiser de novo me procure sob a sola de suas botas.
Vai ser difícil você saber quem sou ou o que estou querendo dizer,
Mas mesmo assim vou dar saúde,
Vou filtrar e dar fibra a seu sangue.
Não me cruzando na primeira não desista,
Não me vendo num lugar procure em outro,
Em algum lugar eu paro e espero você.
WALT WHITMAN (fim de "Canção de Mim Mesmo",
Tradução Rodrigo Garcia Lopes (De Folhas de Relva, Iluminuras, 2005)
UM PACTO (poema de Pound para Whitman)
UM PACTO
Faço um pacto contigo, Walt Whitman –
Já te detestei demais.
Chego a ti como uma criança crescida
Cujo pai era teimoso como uma mula;
Estou velho o bastante pra fazer amigos.
Cortaste a madeira nova.
Agora é tempo de esculpir.
Temos uma só seiva, uma raiz.
Que haja troca entre nós.
EZRA POUND (1913)
Tradução: Rodrigo Garcia Lopes
A PACT
I make a pact with you, Walt Whitman -
I have detested you long enough.
I come to you as a grown child
Who has had a pig-headed father;
I am old enough now to make friends.
It was you that broke the new wood,
Now is a time for carving.
We have one sap and one root -
Let there be commerce between us.
sexta-feira, julho 08, 2011
sábado, julho 02, 2011
Resenha de Marciano Lopes sobre POLIVOX
Uma resenha lúcida sobre meu primeiro disco, Polivox, que está completando exatos 10 anos. Escrita pelo poeta, professor e crítico Marciano Lopes.
Música & Poesia de Rodrigo Garcia Lopes
Este Outras Palavras é dedicado ao Cd Polivox, de Rodrigo Garcia Lopes, que foge à média da produção fonográfica devido à valorização da palavra poética e à busca de novas relações desta com a música. Conforme as palavras do próprio Rodrigo, que lemos na apresentação existente no encarte, os poemas recebem três tratamentos básicos: 1) são musicados e transformados em canções; 2) são tratados sob a forma de poetrilhas ou salas sonoras (aguçando uma relação cinemática com o texto); ou 3) são lidos no “seco”, explorando o som da linguagem em si.
Assim como em seus livros – especialmente Solarium – há no Cd pelo menos duas faces, duas vertentes poéticas: uma apolínea, zen, racional e contida; outra dionisíaca, contracultura, beatnik. Este hibridismo polifônico (daí o nome do Cd: poli = vários; vox = voz) também está presente na música, que dialoga com os mais diversos gêneros e ritmos, tais como a canção, o rock, o soul, o pop, o reggae, o blues, o jazz e o funk. Mas toda essa variação não constitui uma salada sem sentido, porque ela é feita de forma extremamente consciente, de modo que cada poema receba o tratamento musical mais adequado ao seu conteúdo. E este casamento entre forma e conteúdo, que é uma coisa rara não só na literatura como também na música, é uma das grandes virtudes do Cd. Clique, plugue ligue é um soul moderno com teclados e elementos do rap. Perfeitos estranhos é um blues que fala do vazio da separação. Mulher da multidão, poema do primeiro livro, que dialoga com o famoso soneto À uma passante, de Baudelaire, apresenta um arranjo que inclui o sample de sons urbanos (como sirenes e múltiplas vozes) acompanhados principalmente pelo baixo e pela bateria, o que resulta em um som bastante tenso. E falando em tensão e hibridismo, é muito interessante o resultado do que Rodrigo chama de um jazz-beat-surrealismo existente no arranjo do poema Solidão, que nos lembra Rimbaud a caminhar com uma folha de alface na lapela.
A musicalidade é uma marca da sua poesia, que por mais imagética que seja nunca deixa de lado a melopéia. Aliás, este é outro aspecto de extremo valor em seu trabalho literário, pois grande parte da poesia moderna recusa não somente a discursividade (o que não é ruim, pois constitui uma reação à verborragia da nossa sociedade de consumo) como também o ritmo e a musicalidade, o que a torna, às vezes, extremamente chata, afastando-a do gosto popular. Felizmente isto não acontece nos textos poéticos de Rodrigo, mesmo quando se inscrevem na tradição zen e são lidos a “seco”, sem nenhum tratamento musical, de modo a valorizar a força poético-musical-imagética da palavra. E este é o caso de Cerejas (abaixo), poema que é pura poesia, só voz e silêncio. Aliás, o silêncio neste poema é algo muito importante, pois valoriza a palavra e a imagem, de acordo com a poética zen do qual ele é caudatário:
cerejas
podem
cerejas
podem
parecer
amargas
se você nada sabe
do solitário sabor
experimente-as
antes
quando
ainda
forem
flores
do solitário sabor
experimente-as
antes
quando
ainda
forem
flores
Cerejas é um poema que é estruturado em conformidade com a estética do haicai (embora cada estrofe seja formada por dois versos e não três), em que a síntese, o silêncio, a temática da natureza e a valorização da imagem em detrimento da lógica discursiva são fundamentais para o caminho da reflexão rumo à ascese e à luz. Observem a forte relação entre as delicadas imagens da natureza existentes no poema e as pinturas japonesas de pássaros e flores, às quais primam pela luminosidade resultante da simplicidade e limpeza das formas. E essa beleza, que devemos à cultura japonesa, também se encontra em El duende e Sobre um ditado antigo, duas outras maravilhosas faixas do Cd. Observem, no final do segundo poema, a sutil beleza resultante da substituição da palavra "alarde", clara e sonora devido à vogal [a], aberta, pela palavra "escândalo", sombria e silenciosa devido ao [a] nasalisado, que não somente gera a surpresa do efeito final como também o silêncio coerente com a postura zen:
O dia lapida
o lado mais raro
da dor.
o lado mais raro
da dor.
A mulher transpira
pelos poros iridescentes
dos dias.
pelos poros iridescentes
dos dias.
Há dias
em que um homem
tem o tamanho de uma flor.
em que um homem
tem o tamanho de uma flor.
(el duende)
Vou dizer de novo o que disseram
para que a mente nunca esqueça
que um dia, folhas, nossos lábios se fizeram
relva, céu veloz, veludo e névoa espessa.
Essa fumaça no vazio é parecida
com a outra que, vida,
dura como dura o raio, quartzo
que uma pupila dilata e irradia.
para que a mente nunca esqueça
que um dia, folhas, nossos lábios se fizeram
relva, céu veloz, veludo e névoa espessa.
Essa fumaça no vazio é parecida
com a outra que, vida,
dura como dura o raio, quartzo
que uma pupila dilata e irradia.
Quem diria, por exemplo,
que sob a carne do incenso,
no durante da tarde,
o sândalo respira
sem fazer nenhum escândalo.
(sobre um ditado antigo)
O orientalismo presente no Cd, assim como em sua obra poética, revela a afinidade do poeta com a tradição da arte romântica, que buscou nas culturas orientais uma alternativa ao pragmatismo, à racionalidade e à barbárie da civilização moderna ocidental. Sua presença como contra-ideologia aos valores dominantes da nossa sociedade está nos elementos do zen-budismo e pode ser vista, de modo mais explícito, na faixa Thoth, em que Rodrigo constrói uma alegoria das ruínas da modernidade erigida sob o signo do terror. Num transe, o eu-lírico do poema incorpora a voz de Thoth, Deus dos Mortos e da Palavra que, segundo a mitologia egípcia, não só foi o responsável pela transmissão do alto conhecimento da civilização que morria para a nova, que nascia, como também era aquele que julgava os mortos. E seu julgamento sobre nossa civilização é claro e impiedoso. Indignado, pergunta: “Como aquilo virou isso?” e, depois, bate o martelo: “Eles, modernos, que mordam a carne bizarra e abocanhem sua módica ração, seu Estúdio Realidade”. Ao poeta, louco e amaldiçoado clown, assim como foi Cruz e Souza, de quem ouvimos o poema Assinalado (único que não é de Rodrigo), cabe a audácia dos nervos para o registro da beleza eterna, humana resposta aos tempos de terror.
Marciano Lopes
sexta-feira, julho 01, 2011
SITE TAINHA NA REDE EM ALTO MAR
Meus amigos Fernando Alexandre e Andrea Ramos, uma dupla do marulho, soltam hoje no mar da rede o site TAINHA NA REDE, o mar, a pesca e as pessoas. O projeto foi aprovado pela Bolsa Funarte de Reflexão Crítica e Produção Cultural para Internet 2010 e tem como ponto de partida os aspectos culturais, literários, etnográficos e históricos relacionados à pesca da tainha (mas não limitado a ele), ritual que reúne todos os anos centenas de comunidades e milhares de pessoas ao longo do litoral brasileiro, do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo. Vale a pena conferir.
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