quinta-feira, setembro 14, 2006

AMORES BRUTOS

Que um beijo nos transe
Outro ser, além, nos dance
Onde a memória não alcance
O abismo do fim e seu lance.

Que este beijo não seja o bastante
Nem que me despedace
Olho do sol que franze
E que nos sangre

(O medo desse querer
Caminhos rompendo o éter
Da dor, polidor, refém
Do milagre de ser
Outra pessoa e alguém.)

Que química imita
A raiva do seu amor?
Que física duplica
Essa faísca de horror?

Que se apaguem
Nossos erros e motivos —
Toda lágrima consagre
Apenas estar vivo,
Este milagre.


(De Nômada)

3 comentários:

  1. Caro Rodrigo, finalmente poderei ler teus poemas. Já tinha visto alguns "na virada do século" e nos "12 poetas de londrina".Além da maravilhosa tradução das Iluminuras de Rimbaud. Um grande abraço,
    Nelson Magalhães Filho.

    ResponderExcluir
  2. oi nelson, beleza? estarei postando inéditos, antigos, traduções, comentários. resisti o quanto pude, mas tive que me render ao mundo internético, que é uma forma interessantissima de publicação. abraço, rodrigo

    ResponderExcluir
  3. Anônimo1:50 PM

    Bem vindo Rodrigo,ainda bem que voce se rendeu!Abraço

    ResponderExcluir